Polícia

Cantor Flávio Dalcin é indiciado pelo crime de importunação sexual em Morro Reuter

06/04/2023 - 11h08min

Atualizada em 09/04/2023 - 17h15min

Flávio foi preso em flagrante pela Brigada Militar no dia 5 de março, durante um baile da linguiça em Morro Reuter.

Por Cleiton Zimer

Morro Reuter – O cantor Flávio Dalcin, 62 anos, vocalista da Banda Ouro, foi indiciado pela Delegacia de Polícia Civil de Dois Irmãos pelo crime de importunação sexual – ocorrido no início de março em Morro Reuter. O inquérito foi concluído na quinta-feira (6) e, de acordo com o delegado Felipe Borba, foram ouvidas nove pessoas, além da vítima e do indiciado.

O acusado – que foi ouvido na DP de Três de Maio, cidade onde mora – negou, mais uma vez, que tenha encostado na mulher.

Testemunhas respaldaram relato da vítima

De acordo com Borba, fora os três músicos da banda indicados pelo próprio investigado, as demais testemunhas respaldaram o relato da vítima. “Esses [músicos da banda] depuseram no sentido de que não viram e de que acreditavam que seria impossível o Flávio alcançar a cintura da vítima, tendo em vista que ele seria obeso e estava em cima do palco. As demais testemunhas respaldaram de alguma forma o relato da vítima, havendo quem tivesse presenciado o movimento promovido pelo investigado”, disse Borba.

De acordo com o delegado, uma das testemunhas disse, inclusive, que durante o baile o investigado teria deslizado a mão em outras mulheres, “mas que em regra elas reagiriam achando graça“.

Agora, o inquérito será encaminhado ao Poder Judiciário, que abrirá vista ao Ministério Público (MP) para que este avalie se formalizará a denúncia, se pedirá novas diligências ou o arquivamento.

A pena para o crime de importunação sexual é de 1 a 5 anos de prisão.

CONTRAPONTO DA DEFESA

Procurado pela reportagem, o advogado de Dalcin, Stenio Zakszeski, disse acreditar no arquivamento do processo, dizendo que não houve nenhuma importunação e que o cliente não deveria sequer ter sido indiciado.

O Flavio possui mais de 40 anos de vida pública, é um artista conhecido em todo o Brasil. Nunca foi processado, jamais teve contra si qualquer ocorrência policial, fato que demonstra, por si só, que ele é uma pessoa de boa conduta, de princípios e de respeito, com uma reputação impecável”, disse Zakszeski.

Na concepção do advogado os indícios do inquérito são extremamente frágeis. “Os depoimentos de muitas testemunhas são imprecisos, vagos, não se encaixam. Foi uma fotografia tirada no final do baile, com as pessoas já embriagadas, sendo que o Flávio sequer desceu do palco, tudo muito rapidamente.”

O advogado defende que, analisando o palco, é possível concluir que o cantor, enquanto na parte de cima, não teria condições físicas e tempo de praticar o fato, sendo que ainda estaria cantando naquele momento.

As únicas testemunhas que estavam em um ângulo que lhes permitia ver o momento da foto são as que foram indicadas pela defesa, as outras nada viram. E os únicos relatos que são coerentes entre si e com o local são os das testemunhas do Flavio, pois estavam sóbrios e de frente para a cena”, argumentou Zakszeski.

A defesa diz que foram dezenas de fotografias durante todo o baile e não existe nenhum outro relato nesse sentido. “Aliás, não se pode desconsiderar que estamos falando de um artista que já registrou milhares de fotografias em toda a carreira, e em todos esses anos nunca houve um episódio como este. Por que alguém faria isso em um baile no qual estava acompanhado da própria filha e demais familiares.”

O advogado finaliza dizendo que “se é que o fato aconteceu, certamente foi praticado por alguém que estava embaixo do palco, alguém da própria turma de amigos. Ou então, até pode ter sido praticado involuntariamente por alguém deles, quando se aglutinavam para registrar a fotografia. E o fato de estarem embriagados, certamente contribui para turbar o discernimento do que ocorreu.

A MADRUGADA DA PRISÃO

Dalcin foi preso na madrugada de 5 de março acusado de importunação sexual durante o Jantar Baile da Linguiça do Birckenthal.

Conforme a ocorrência policial o fato teria acontecido às 4h – já ao final do baile, quando um grupo de amigos foi fazer fotos com o cantor.

Em seu depoimento, a vítima disse que “Flávio teria colocado a mão no interior de sua calça, em região próximo a seu glúteo.

A Brigada Militar (BM) foi acionada. Ele foi preso e conduzido para registro na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Novo Hamburgo.

Mesmo detido, o acusado negou a autoria da importunação. Entretanto, após a análise dos fatos, a autoridade policial determinou o auto de prisão em flagrante e, ainda durante a manhã daquele domingo o músico foi conduzido para o Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), onde ficou preso até o final daquele dia e, depois, liberado para responder em liberdade.

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