Polícia
Criminosos que executaram assalto em Caxias do Sul se esconderam em sítio de Riozinho
Por Cleiton Zimer
Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Brigada Militar e Polícia Civil, realizaram nesta quinta-feira (27), buscas em uma propriedade localizada em uma área rural na cidade de Riozinho, que foi utilizada pelos suspeitos do assalto ao aeroporto de Caxias do Sul na quarta-feira da semana passada (19).
O mandado de busca e apreensão foi expedido pelo plantão da Justiça Estadual de Porto Alegre.
A identificação do local se deu após uma investigação minuciosa das forças de segurança que trabalham no caso.
A operação recebeu o nome de Elísios, em homenagem ao sargento da Polícia Militar do Rio Grande do Sul que veio a falecer durante o assalto ao aeroporto.
“Campos Elísios” é uma referência da mitologia grega do lugar onde os homens virtuosos repousam de forma digna após a morte.
O ASSALTO
Cerca de 10 criminosos participaram do assalto a um avião-pagador no Aeroporto Hugo Cantergiani.
Eles foram interceptados por vigilantes de dois carros-fortes, que tentaram evitar o roubo — o maior da história gaúcha.
Na intensa troca de tiros, com mais de cem disparos, um dos bandidos morreu. Num segundo momento, quando a Brigada Militar interceptou o comboio da quadrilha que fugia de Caxias do Sul, foi morto no tiroteio o sargento Fabiano Oliveira.
Dos R$ 30 milhões roubados, metade foi recuperada no veículo em que morreu o assaltante, um nordestino radicado em São Paulo.
Desde então, policiais militares, rodoviários federais e agentes da PF prenderam cinco envolvidos, todos com prisão decretada pela 5ª Vara Federal de Caxias do Sul. Alguns são envolvidos com a maior facção criminosa brasileira, a paulista Primeiro Comando da Capital (PCC).
O sítio descoberto pelos policiais fica próximo a uma cascata muito visitada por turistas. Numa área de mata densa e com acesso apenas por estradas de pedra e chão batido. Ideal para quem quer se esconder, ressaltam os agentes que rastreiam a quadrilha.
No sítio foram encontrados adesivos da PF, giroflex (sinalizadores luminosos usados em viaturas policiais), luvas, 10 colchões e comida. Todo o material encontrado está sendo submetido a perícia. O objetivo é rastrear DNA e impressões digitais dos quadrilheiros. Será difícil, porque os criminosos borrifaram pó de extintor de incêndio na casa, justamente para disfarçar seus rastros e dificultar identificações.
A localização do sítio aconteceu depois que BM e PF descobriram que a quadrilha desceu a Serra, após deixar o aeroporto assaltado.
Parte dos criminosos teria buscado estradas vicinais para retornar a Caxias do Sul, pegar a Rota do Sol e sair do Estado via Santa Catarina (tanto que um veículo usado pelos quadrilheiros foi interceptado em Juquitiba, São Paulo). Outros assaltantes teriam tomado o rumo do Litoral (um dos envolvidos foi preso em Torres).
— É costume nessas grandes quadrilhas se unirem apenas no momento de executar o assalto. Cometido o roubo, voltam a se separar, seguindo direções diferentes, para despistar. Por vezes os bandidos não conhecem uns aos outros: apenas um líder sabe quem é quem — relatou à GZH um dos policiais envolvidos na perseguição aos autores do roubo milionário.
De posse dessas informações, os policiais rastrearam a região dos vales dos rios Paranhana e Rolante. Após conversas seguidas de buscas na região, os policiais chegaram ao sítio, situado entre os municípios de Riozinho e Rolante, próximo à rodovia RS-239, que liga essas cidades a Santo Antônio da Patrulha e ao litoral.
Não foram encontrados veículos e nem pessoas no sítio revistado. A PF não detalha o resultado das buscas.