Golpes virtuais causam prejuízo de mais de R$ 3 milhões em Dois Irmãos em 2024

Você talvez não tenha percebido, mas, a criminalidade migrou para os meios digitais

Por Cleiton Zimer

Dois Irmãos | A criminalidade tem migrado cada vez mais para o ambiente digital. Assaltos e furtos quase não são registrados na cidade, mas os golpes aplicados pela internet, telefone ou redes sociais se tornaram frequentes.

Parece até ironia dizer, mas trata-se de uma prática mais segura para os criminosos, já que assim não tem contato direto com as vítimas e, por consequência, também ficam longe das forças policiais, sendo até mesmo extremamente difícil rastreá-los.

Com novidades surgindo o tempo todo muitos acabam “levando os criminosos para dentro de casa sem saber”, ao permitir que o ambiente virtual funcione como uma porta aberta para o lar — com mensagens, links e chamadas que instalam o crime dentro do dia a dia das vítimas.

500 casos

Os números confirmam essa tendência. Em 2024, foram registrados mais de 500 casos de golpes, que somaram um prejuízo superior a R$ 3 milhões. No ano anterior, haviam sido cerca de 400 registros, com perdas em torno de R$ 2 milhões. Pequena parte dos casos se refere a vítimas de Morro Reuter, mas a maioria aconteceu em Dois Irmãos.

 Os mais comuns

De acordo com o delegado Felipe Borba, os crimes mais comuns seguem sendo os relacionados a falsos funcionários de bancos, que entram em contato sob pretexto de transações suspeitas e induzem a vítima a realizar comandos pelo celular. Outro golpe frequente é o do falso familiar pedindo dinheiro via PIX. Também têm destaque o golpe do falso boleto — em que o código de barras é adulterado — e o golpe do falso pagamento, quando a vítima entrega um produto acreditando em um comprovante forjado.

Mais recentemente, o delegado cita ainda o golpe do falso advogado, em que os criminosos se passam por profissionais da área e convencem a vítima a pagar taxas para suposta liberação de valores de processos judiciais, além de fraudes ligadas a falsas propostas de investimento ou emprego.

“Certamente os golpes, hoje em dia, são os crimes de mais difícil elucidação”, afirma Borba, explicando que as investigações exigem autorizações judiciais e enfrentam obstáculos como chips habilitados em nome de laranjas e contas abertas com documentos falsos.

Entre os casos que mais chamaram a atenção em 2024 estão dois golpes com prejuízos individuais de aproximadamente R$ 100 mil: um relacionado a investimentos fraudulentos e outro envolvendo a compra de veículo anunciado em plataforma digital. Situações inusitadas também ocorreram, como a tentativa de extorsão contra familiares de uma pessoa falecida, com golpistas alegando dívidas com agiotas ligados a facções criminosas.

Mas tem muito mais acontecendo…

Borba ressalta que muitos golpes sequer chegam ao conhecimento da polícia. Alguns por vergonha das vítimas, outros porque elas não percebem de imediato que foram enganadas ou porque acreditam nas ameaças dos criminosos.

Por isso, reforça a necessidade de prevenção: não clicar em links desconhecidos, não atender chamadas de números estranhos, verificar sempre os dados do beneficiário antes de efetuar pagamentos e desconfiar de promessas de ganhos fáceis. “A prevenção é o melhor e único caminho eficiente para reduzir o número de golpes”, orienta.

Para casos suspeitos, a vítima pode registrar ocorrência presencialmente em qualquer Delegacia de Polícia ou pela Delegacia Online. Em Dois Irmãos, uma medida de apoio vem auxiliando a reduzir prejuízos: um grupo de WhatsApp reúne a Delegacia e gerentes das instituições financeiras locais. Quando a vítima chega a tempo, os bancos conseguem bloquear ou reverter transações, recuperando valores antes que sejam pulverizados.

Como recomendação final, o delegado alerta para o aumento dos riscos nos finais de semana. A partir das 16h de sexta-feira, quando as agências bancárias fecham, os criminosos intensificam os golpes, dificultando que as vítimas busquem ajuda imediata.