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Polícia

Indiciado por matar idoso a pedradas em Herval vai a Júri Popular

02/08/2022 - 16h27min

Atualizada em 02/08/2022 - 16h49min

O corpo de Ladislau ficou atirado embaixo da pinguela. Ao lado uma sacola com pão que acabara de comprar. No detalhe, a foto do indiciado Leandro Arnold (Créd. Cleiton Zimer - detalhe: reprodução/Facebook)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – O morador de Padre Eterno Ilges, Leandro Arnold, 28 anos, vai a Júri Popular no dia 30 de agosto deste ano. Ele foi indiciado pelo homicídio doloso por motivo fútil do próprio vizinho, o idoso Ladislau Cândido do Amaral, morto a pedradas aos 70 anos no dia 6 de janeiro de 2021. Além disso, no inquérito policial, ele também é acusado de tentativa de homicídio contra os filhos da vítima e por porte irregular de arma de fogo.

Leandro foi preso pela Brigada Militar e Polícia Civil de Santa Maria do Herval minutos depois do crime. Desde então permanece detido preventivamente, estando, atualmente, na Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro.

Se condenado a Justiça poderá levar em conta o somatório dos três crimes cometidos. Somente a pena para homicídio doloso qualificado, de acordo com o Código Penal, é de 12 a 30 anos de prisão.

Além destes crimes, de acordo com a Polícia, Leandro já tem em seu desfavor uma Maria da Penha cometida contra sua ex-companheira em 2020.

O encontro em uma pinguela de Padre Eterno Baixo

Conforme a investigação da Polícia Civil de Herval, Leandro voltava do trabalho de moto na tarde daquela quarta-feira, por volta das 16h30 e encontrou a vítima na ponte (uma pinguela) que fica sobre o Rio Cadeia na localidade de Padre Eterno Baixo. As circunstâncias de como esse encontro aconteceu são desconhecidas, portanto, não se sabe se houve alguma provocação ou discussão que levou as vias de fato.

O inquérito aponta que Ladislau estava voltando de um mercado que fica ali perto. Ao lado do seu corpo ainda estavam algumas compras que havia realizado, dentre elas um saco com pão.

A partir do encontro deu-se o conflito. Através de testemunhas e da dinâmica dos fatos, a Polícia constatou que a briga ocorreu não só em cima da ponte, mas, também, embaixo dela. Ao lado do corpo de Ladislau foi possível notar que havia uma pedra seca usada durante a briga, diferente das demais que havia no rio; ou seja, foi pega de outro lugar.

Cinco tiros contra um dos filhos

Depois do ocorrido na ponte Leandro teria ido para casa, na localidade de Padre Eterno Ilges, pegou um revólver calibre 22 de sete tiros e foi atrás de um dos filhos de Ladislau, o Antônio, do qual mora a menos de um quilômetro. Mais uma vez de moto, Leandro o encontrou numa bifurcação que fica perto da casa da vítima e, sem falar nenhuma palavra, atirou cinco vezes contra Antônio mas não o acertou – para a polícia a vítima relatou que sentiu os zunidos das balas passando.

A vítima correu até em casa, que fica a alguns metros, na tentativa de se proteger. O atirador foi atrás. Ao chegar na porteira da propriedade Leandro efetuou mais um disparo, dessa vez acertando a mão de Antônio. Um outro irmão e um amigo da família também estavam próximos e Leandro os mandou entrar na casa e não sair mais.

De acordo com o relato das vítimas à Polícia, Leandro ficou em frente a porteira por cerca de 15 minutos, vigiando, dizendo que já havia encontrado com o pai deles dando a entender que houve um confronto. Instantes depois, Leandro foi embora.

Testemunhas ouviram gritos e barulho de pedras sendo jogadas

Um morador que mora próximo ao local revelou à reportagem na época, sob condição de anonimato, que escutou barulhos de pedras sendo jogadas no rio e gritos. Em um primeiro momento a impressão era de que alguém estaria brincando na água e, logo depois, escutou uma moto arrancando.

Como não é comum pessoas pararem para se banhar naquele trecho, o morador foi ver o que estava acontecendo junto com sua mãe e, ao chegar perto encontraram um corpo caído no meio do rio, sobre um momento de pedras e mais pedras jogadas por cima. Imediatamente acionaram a Brigada Militar.

De acordo com inquérito a BM foi acionada por volta das 17h. Foram ao local, isolaram a cena do crime e falaram com testemunhas. A Civil e Brigada juntaram informações de que o suspeito estava de moto, usando uma camisa azul de uma empresa do município. Foram imediatamente para a localidade de Padre Eterno Ilges.

Os policiais chegaram na propriedade de Ladislau e, lá, encontraram os filhos dentro de casa, relatando que haviam sido vítimas de disparos feitos por Leandro. Nesse momento a polícia já interligou as duas ocorrências. Somente naquele momento os filhos ficaram sabendo do pai, através da polícia.

Negou, depois confessou

Os policiais foram até a casa de Leandro que, em um primeiro momento, negou. Depois, vendo que os agentes tinham elementos de testemunhas, assumiu que tinha dado os tiros e mostrou onde tinha escondido a arma do crime – que estava no mato, próximo à bifurcação.

Leandro foi, então, conduzido à Delegacia. No meio do caminho os policiais questionaram sobre o que aconteceu com Ladislau. No começo ele desconversou. Depois, teria dito que foi o autor do ocorrido, mas sem dar elementos de como foi a ação por completo.

Permaneceu em silêncio

Apensar de ter confessado informalmente o ato para os policiais durante a condução, no auto da prisão em flagrante junto ao delegado Leandro optou por permanecer em silêncio e declarar somente em juízo. Apesar de não confessar, também não negou.

A motivação fútil

De acordo com a polícia, a motivação fútil associada ao homicídio é de que Ladislau e os filhos estariam dirigindo olhares para a mãe e a então namorada de Leandro, o que as incomodava. Não foi encontrado outro elemento além deste.

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