Polícia
Operação Turrim Lavare atinge cidades da região e bloqueia mais de R$ 120 milhões de grupo ligado ao tráfico
Nesta quinta-feira (16), a Polícia Civil do Rio Grande do Sul desencadeou uma das maiores ações de combate à lavagem de dinheiro vinculada ao tráfico de drogas no estado. A Operação Turrim Lavare, coordenada pela Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro (DRLD), do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), teve como principal objetivo descapitalizar e responsabilizar criminalmente integrantes de uma organização criminosa especializada em movimentar valores oriundos do tráfico.
A ofensiva mobilizou centenas de agentes e resultou no cumprimento de 209 medidas cautelares judiciais, distribuídas da seguinte forma:
- 68 mandados de prisão preventiva;
- 37 mandados de busca e apreensão;
- 74 bloqueios de contas bancárias;
- 6 sequestros de imóveis — dois deles em Santa Catarina;
- 20 veículos com ordem de indisponibilidade via Renajud;
- 4 sequestros de veículos.
As ordens foram cumpridas em 19 municípios: Novo Hamburgo, Campo Bom, Três Coroas, Lajeado, Gravataí, Alvorada, Capão Novo, Tramandaí, Novos Cabrais, Porto Alegre, Torres, Esteio, Canoas, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Portão e Montenegro, além de Florianópolis e Vargem Bonita, em Santa Catarina.
Durante as diligências desta manhã, 50 pessoas foram presas, e 10 veículos, drogas, dinheiro, balanças de precisão e anotações do tráfico foram apreendidos. A operação também determinou o bloqueio de valores que somam até R$ 120.326.000,00, além da indisponibilidade de ativos que podem alcançar R$ 2 milhões.
Esquema sofisticado de lavagem
Segundo o delegado Adriano Nonnenmacher, da DRLD/Denarc, o grupo investigado inseria dinheiro ilícito no sistema financeiro formal por meio da compra de imóveis e veículos, disfarçando a origem dos recursos.
As transações eram estruturadas para dificultar o rastreamento, utilizando contas de passagem, pulverização de depósitos, fracionamento de valores, triangulações e uso de contas em nome de idosos.
“As movimentações eram dissimuladas, com uso de casas lotéricas e transações de baixo valor conectadas a gerentes e líderes. Chamou a atenção o recrutamento de indivíduos com antecedentes por tráfico, homicídio e roubo, usados para movimentar pequenas quantias em diversas contas. No total, os valores chegavam a milhões de reais, demonstrando a expertise da organização para evitar a detecção”, explicou Nonnenmacher.
Prisão de líder de facção estadual
O delegado Rafael Liedtke, também da DRLD, destacou que um dos presos é um líder de organização criminosa de abrangência estadual, que já havia sido detido recentemente no exterior pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
“As provas financeiras demonstraram a ligação entre o litoral gaúcho e a Região Metropolitana, revelando a capilaridade da organização e a complexa rede de operadores financeiros”, ressaltou Liedtke.
Segunda fase mira a cúpula do tráfico
O diretor de investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro, explicou que esta é a segunda fase da operação, focada em atingir a alta cúpula do narcotráfico gaúcho.
“Baseamo-nos em provas robustas obtidas após um ano de análises. Na primeira fase, deflagrada em 2023, já haviam sido presos 53 criminosos e apreendidas 21 armas de fogo e drogas, além da comprovação do envolvimento da quadrilha em homicídios no RS e em SC e em ameaças a autoridades policiais”, destacou Carraro.
Atingindo o poder financeiro do crime
Para o diretor do Denarc, delegado Carlos H. Wendt, a operação representa mais um passo na estratégia de desarticulação financeira das facções.
“Desde 2019, todos os líderes do tráfico identificados foram indiciados ou presos. Somadas, as operações do Denarc já resultaram na descapitalização de mais de R$ 130 milhões”, afirmou.
Ação integrada e apoio nacional
A Operação Turrim Lavare contou com o apoio de diversas unidades da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, da Polícia Civil de Santa Catarina e do Ministério da Justiça, por meio da Secretaria de Operações Integradas (DIOPI/Senasp).
De acordo com Rodney da Silva, diretor da DIOPI, a iniciativa integra o Projeto IMPULSE, vinculado ao Programa ENFOC, que busca fortalecer as investigações e o combate à lavagem de dinheiro no país.
“A ação demonstra o compromisso da Secretaria Nacional de Segurança Pública em integrar forças e aprimorar a capacidade investigativa dos estados no enfrentamento às organizações criminosas e ao tráfico de drogas”, afirmou.





