Polícia
Programa Mediar transforma a vida da comunidade em Santa Maria do Herval
Mais de 100 casos já foram resolvidos através da mediação
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – Por vezes determinados acontecimentos no círculo familiar, nas amizades, com vizinhos, acabam por distanciar as pessoas. Quando se vê o silêncio das relações acaba por conjurar um muro que se torna intransponível com o tempo – quando isso acontece, basta um simples desentendimento para gerar um conflito sem precedentes.
E quando não há ninguém para reestabelecer as conexões, aquilo que lá no início era apenas uma gota d’água, gera uma onda de problemas, dores de cabeça e anos de ruídos e preocupações. Desgastando e acumulando casos, inclusive, no sistema Judiciário.
Foi pensando nisso que, em outubro do ano passado, foi inaugurado o Núcleo do Programa Mediar na Delegacia do Teewald. Desde então a mediação de conflitos feita pelos policiais civis – comissário Antônio Carlos Pinto e escrivão João Tadeu – transforma a vida dos hervalenses.
Já são dezenas de situações intermediadas. Destas, praticamente 100% com êxito – e quase nenhuma reincidência.
ATENDENDO DIVERSOS CASOS DA COMUNIDADE
De acordo com o comissário Pinto “a quantidade de mediações cresce conforme a população toma conhecimento do que é o Mediar.”
Eles atendem diversos casos, desde desentendimentos familiares, brigas de vizinhos, danos, perturbação, acidentes com lesões corporais leves, estelionatos e, até mesmo, situações de violência doméstica [em que a vítima não possua medida protetiva].
Para Pinto é um dos programas mais importantes dentro da Polícia Civil. “Onde nosso trabalho consegue dar uma resposta, principalmente em casos que poderiam gerar algo mais grave. A mediação faz com que as pessoas reflitam. Aqui não tem certou ou errado.”
Preocupação com um ambiente acolhedor
Mas não basta somente instituir um programa. É preciso criar um ambiente para que este seja viável. Por isso, no ano passado, a DP de Herval passou por uma reformulação total – cuja luta foi encabeçada pelos policiais locais –, passando a ocupar todo o segundo andar do prédio, com sala exclusivamente para o programa. “É preciso ter um local para acolher as pessoas”, destaca Tadeu.
De acordo com ele, a sala não é utilizada somente para as mediações, mas também em outros casos, como, por exemplo, receber vítimas de violência doméstica, para que estejam num local em que se sintam acolhidas, e não numa sala gélida.
Preparação
Antes de fazer as sessões do mediar, os policiais sempre chamam as partes de maneira a orientá-las quanto ao processo. No dia do encontro, todos se sentam numa mesa redonda e, em comum acordo, resolvem suas pendências – assinando um termo de compromisso que precisa ser seguido.
Resultado inédito para o mês de agosto
O resultado está claro na comunidade, tanto que neste mês de agosto a DP de Herval está consumando algo inédito: 100% dos procedimentos remetidos estão sendo feitos sob mediação. Sendo, assim, toda a produção da Delegacia em acordos firmados: restaurando relações corrompidas por diversos motivos.
“É um meio eficaz de pacificação social”
O delegado Eduardo Augusto de Moraes Hartz, chefe da 3ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (DPRM) de São Leopoldo e que responde pelo Herval, afirma que o Programa Mediar traz a ideia de justiça restaurativa e tem por objetivo dirimir conflitos nos casos em que a ação penal é disponível (que depende da manifestação de vontade da vítima).
“A equipe da DP de Santa Maria do Herval tem se destacado na mediação! Na esmagadora maioria das mediações, não temos reincidência. É um meio eficaz de pacificação social”, pontua.
Hartz ressalta que além de evitar novos conflitos, a mediação aproxima a Polícia Civil da comunidade. “Essa aproximação gera confiança no trabalho da Polícia e faz com que denúncias e informações importantes cheguem ao conhecimento dos policiais.”
O processo, para que surta os efeitos almejados, deve ser conduzida por policial civil habilitado. “A Delegacia de Polícia de Santa Maria do Herval conta com profissionais habilitados e vocacionados para o trabalho de mediação”, finaliza.
Reportagem acompanhou mediação de sucesso
A reportagem acompanhou – mediante autorização das partes –, uma mediação realizada há alguns dias. Detalhes sobre não podem ser informados para não expor os envolvidos.
Mas pôde se notar, na conduta do mediador, a clara intenção de resolver a questão e, além disso, gerar um compromisso para que os envolvidos possam seguir suas vidas em sociedade.