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Polícia

Três anos após assassinato em Herval, família espera por justiça;  réu segue solto

31/07/2024 - 10h51min

Corpo de Jeferson foi encontrado a poucos metros da casa da mãe, em Alto Padre Eterno (FOTO: Cleiton Zimer/arquivo)

Acusado pelo homicídio era ‘amigo’ da vítima

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval / Gramado | Na segunda-feira, 29 de julho, completaram-se três anos do assassinato de Jeferson da Silva Pimentel, morto aos 24 anos numa madrugada gélida de 2021. O crime aconteceu na divisa entre as localidades de Alto Padre Eterno/em Herval, e Serra Grande/Gramado.

E tudo que a família tem até o momento é a dor do luto, agravada pelo sentimento de impunidade. O acusado, que era ‘amigo’ da vítima, segue solto.

Jeferson foi morto aos 24 anos

Três anos se passaram de uma luta que parece que não tem fim, em que a família espera pela justiça da Lei, mas nada está sendo feito. Tudo parado como se nada tivesse acontecido”, desabafa o padrasto Jeferson Stahler, que encontrou o corpo do enteado ao amanhecer daquele dia enquanto saia para trabalhar, numa poça de sangue a alguns metros de casa.

Stahler conta que todos os dias a família lembra do ocorrido, principalmente a mãe Rosália Maria de Moraes. E a falta de um desfecho para o caso torna tudo mais doloroso.

Indiciado por homicídio doloso

O acusado foi identificado como Douglas Correa Pereira, hoje com 24 anos – e se entregou na Delegacia junto com um advogado horas depois do crime, não sendo preso justamente por se apresentar espontaneamente.

Em fevereiro de 2022 ele foi indiciado por homicídio doloso pela Polícia Civil (quando há intenção de matar) qualificado por motivo fútil. O processo se arrasta desde então.

Inclusive, no dia 17 de junho de 2022 ele e um comparsa foram detidos em flagrante em Gramado por roubo a pedestre, mas, foi novamente solto para responder em liberdade.

O preço de uma vida: R$ 100

A polícia teve acesso ao celular de Jeferson e, nas conversas, averiguaram que a vítima e o indiciado não tinham nenhuma discórdia que pudesse motivar o crime. Eram amigos.

Naquela madrugada, Jeferson e o assassino se encontraram na RS-373, em Alto Padre Eterno, próximo à divisa com Serra Grande. O indiciado pagaria R$ 100 que devia para Jeferson.

À Polícia, ele disse que em determinado momento discutiram e entraram em luta corporal. Jeferson teria sacado uma faca. O indiciado disse que desarmou Jeferson, mas não sabia se o tinha atingido. Cada um teria ido para o seu lado.

Jeferson foi encontrado no início da manhã, deitado em uma poça de sangue a alguns metros da casa da mãe, em uma estrada sem saída. A faca, que era somente uma lâmina, foi encontrada no local da briga pela Brigada Militar.

“Nada tá sendo resolvido”

De noite o cara (Douglas) pediu para o cara (Jeferson) sair de casa para ele (Jeferson) receber, e ficou esperando ele no meio do mato. A família ainda espera pela justiça, mas nada tá sendo resolvido”, lamenta o padrasto, contando que a família se mudou da casa onde residiam para não ter que passar todos os dias no local onde o filho foi morto. Depois, se mudaram novamente, pois volta e meia encontravam o assassino.

Réu será interrogado em duas semanas

De acordo com o Fórum de Dois Irmãos, o processo encontra-se na fase instrutória. Uma audiência foi realizada em novembro do ano passado para oitivas das testemunhas, no entanto, uma das que foi arrolada pelo Ministério Público não compareceu, abrindo prazo para manifestação a respeito de manter ou, então, desistir da testemunha. Com a desistência, agora, foi marcado o interrogatório do réu para o dia 15 de agosto deste ano.

A reportagem tentou contato com Douglas por dois telefones, para contraponto. Um, não chamava. O outro caia na caixa postal.

O papai está lá em cima”

Jeferson era morador de Gramado e estava passando alguns dias na casa da mãe, em Herval. Trabalhava como pedreiro e deixou um filho com menos de dois anos na época.

Ainda sem entender o que houve, constantemente o menino chama pelo pai. “Ele pega a foto e diz, este é meu pai”, revelou Rosália em entrevista anterior. O padrasto contou que, por vezes, o menino olha para o céu e diz que “o papai está lá em cima”.

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