Polícia
Veja mais detalhes da operação que teve como alvo Estância Velha e outras cidades da região nesta manhã
A Polícia Civil deflagrou, na manhã de quinta-feira (26), a Operação Polaco, com foco no combate a uma organização criminosa especializada no tráfico de drogas sintéticas e lavagem de dinheiro.
A ação, coordenada pela 4ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (4ª DIN/DENARC), mobilizou cerca de 120 policiais civis e abrangeu Estância Velha e outros nove municípios: Porto Alegre, Viamão, Guaíba, Canoas, Montenegro, Três Coroas, São Leopoldo, Cachoeirinha e Gaspar, em Santa Catarina.
Ao todo, foram cumpridas 58 ordens judiciais, entre elas 20 mandados de busca e apreensão, nove de prisão preventiva, além do bloqueio de oito contas bancárias e o sequestro de 21 veículos. Nove pessoas foram presas. Durante as diligências, os policiais apreenderam 250 frascos de cetamina, oito armas de fogo, 10 carros, uma motocicleta, dinheiro, munições e joias.
Organização com estrutura empresarial
Segundo a Polícia Civil, as investigações começaram após a identificação de um estabelecimento agropecuário usado como fachada para a venda ilegal de cetamina — substância de uso veterinário que vem sendo utilizada na produção de drogas sintéticas. O aprofundamento das apurações revelou que o grupo criminoso operava de maneira estruturada, com funções bem definidas entre seus integrantes, incluindo operadores financeiros, fornecedores, transportadores e entregadores.
A análise de quebras de sigilo bancário e de comunicações telemáticas, autorizadas pela Justiça, expôs a utilização de “contas de passagem”, registradas em nome de pessoas sem capacidade econômica real, mas movimentando grandes somas com o objetivo de ocultar a origem dos recursos.
Segundo a delegada Ana Flávia Leite, responsável pela investigação, um dos pontos que mais chamou atenção foi o volume desproporcional de cetamina adquirido por uma das empresas do grupo. Só de um lote específico, por exemplo, foram compradas 413 das 483 unidades disponibilizadas no Brasil.
Esquemas de lavagem de dinheiro
O esquema de lavagem de capitais envolvia práticas como o smurfing (depósitos fracionados em valores abaixo do limite de rastreamento), compra de veículos de alto valor, aquisição de joias e imóveis, além do uso de empresas de fachada. Entre os setores usados para dissimular os ganhos ilícitos estavam empresas de estética e pet shops.
“As movimentações financeiras ultrapassaram R$ 500 mil em períodos curtos, com transferências simultâneas realizadas por diversos envolvidos, sempre com o objetivo de repassar os valores ao núcleo central da organização”, destacou a delegada.
Além disso, a investigação apontou a participação de mulheres ligadas afetivamente aos principais líderes da quadrilha, que figuravam como proprietárias formais de contas bancárias, imóveis e veículos.
Conexão com a Operação Special-K
A Operação Polaco é uma segunda etapa das investigações que já haviam resultado na deflagração da Operação Special-K, em março deste ano. Naquela fase, um casal foi preso em São Leopoldo por envolvimento na distribuição de cetamina e ecstasy, com autorização de uma facção criminosa com base na Feitoria, também no Vale dos Sinos.
O trabalho da Polícia Civil evidenciou a existência de um grupo com mais de 30 integrantes, com atuação que ia desde a produção até a distribuição de drogas sintéticas. Inclusive, lideranças do esquema continuavam operando de dentro do sistema prisional.
Segundo as autoridades, as investigações prosseguem com o objetivo de identificar novos envolvidos e aprofundar o rastreamento do patrimônio acumulado pela quadrilha.
Não foi especificado, exatamente, onde a operação aconteceu em Estância Velha.
