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Tia Liria: preparando as pessoas para momentos especiais

12/09/2019 - 17h36min

Atualizada em 12/09/2019 - 18h09min

Dois Irmãos – Muitas coisas marcam as nossas vidas e, ao longo dos anos, o que fica eternizado na memória são aqueles momentos que, mesmo simples, se tornam muito especiais. São 60 anos de Dois Irmãos, de uma história constituída por muitas mãos, e eternizada por pessoas que deram um brilho especial para essa trajetória.

Afinal de contas, você se lembra dos casamentos, aniversários, festas e, por que não, os bailes – principalmente de kerb – que marcaram época e, até hoje, são lembrados pela intensidade dos momentos que proporcionaram?

Mas agora, você se recorda aonde as pessoas se “arrumavam” para as festividades? Sim, a tia Liria fez parte da história e dos momentos especiais de muitas pessoas, pois desde os 14 anos, montou e trabalhou no seu próprio salão de beleza, na casa dos seus pais. “Eu comecei ainda muito nova, antes mesmo de ir para o Ginásio. No começo eu fazia só os cabelos e as unhas das minhas amigas”, recorda Liria, que com o tempo foi aumentando a clientela, sendo uma das únicas com salão em Dois Irmãos.

Tia Liria quando mais nova. Ela chama a atenção para o cabelo detalhado da época.

Novos estilos

Como a demanda aumentava gradualmente, Liria, que hoje tem 72 anos, recorda que aprendeu a fazer cabelo com a dona Alvarena Kollet. “Eu aprendi a cortar cabelo com ela. Alvarena tinha um salão, mas parou, pois, tinha filhos pequenos e ficou um bom tempo sem atender”, disse. Ela conta ainda que, depois de aprender com Alvarena, se especializou no ramo na Escola de Cabeleireiros Sônia, de Novo Hamburgo. “Eu sou uma profissional registrada”, comenta.

Liria mostra as peças que usava para trabalhar no salão. (FOTO: Cleiton Zimer)

Nesse meio tempo, Liria lembra que surgiram novos estilos de cabelo para homens. “Até então, os rapazes andavam com um cabelo mais curto, quase raspado, mas de repente surgiu aquela fase dos cabelos mais compridos. Então eles não iam mais nos barbeiros, pois eram cortes detalhados e eles não sabiam fazer. Dessa forma vinham até mim, muitas pessoas. Na verdade, vinha a família inteira, vinha pai, mãe e os filhos”, brinca.

Atendendo os clientes à luz de Lampião

Tia Liria ficou na casa dos pais até os 21 anos e, depois quando se casou, mudou-se para a casa da sua vó, onde ficou morando durante um ano, até sua casa na rua 21 de Abril – onde mora atualmente -, ficar pronta. “Quando me mudei para a nova casa, ainda não tinha luz naquela rua. Dessa forma, todos os equipamentos elétricos que eu usava no salão ficaram para trás. Não tinha como usar. Mas mesmo assim, os clientes vinham até mim”, Liria recorda que fez isso durante quatro anos até a energia elétrica chegar no local, afirmando que as mulheres vinham na parte da manhã para enrolar o cabelo, e voltavam para abrir de noite, pois não tinha como secar.

Muito trabalho

Naquela época, ela era uma das únicas que tinha salão de beleza na cidade, fazendo com que as pessoas de vários bairros a procurassem. Mas tinha alguns eventos onde a procura tomava proporções gigantescas. “Quando tinha bailes, eu começava a trabalhar antes mesmo do sol nascer, por volta das 6h.  As pessoas que moravam no Centro vinham mais cedo e, as que vinham de longe, chegavam no final do dia, para já poder ir direto para o baile. Então em dias assim, eu trabalhava até meia noite. E vinham moças e rapazes para se arrumar”, comenta, lembrando ainda que, nos domingos depois da missa, as mulheres que moravam mais no interior vinham até o salão se arrumar.

Recordações

Liria não trabalha mais com o salão de beleza há cerca de 25 anos, pois os demais afazeres diários – professora, secretária de educação e muito mais – não permitiam que continuasse com o ofício. Mas ela conta que aqueles momentos eram muitos especiais, tendo proporcionado ótimas recordações. “Para ter uma ideia, há poucos dias um casal comemorou seus cinquenta anos de casado, e eu arrumei a noiva no dia que ela se casou. Então são momentos e coisas que nos marcam, pois de alguma forma ou de outra eu fiz parte da vida e de momentos especiais das pessoas”, comenta, feliz, brincando que se hoje abrisse um salão, com certeza teria clientela.

CONFIRA ESSA E OUTRAS MATÉRIAS NO CADERNO DE 60 ANOS DE DOIS IRMÃOS QUE CIRCULOU NO DIA 10 DE SETEMBRO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Comecei com 14  anos com o salão.

Comecei na casa dos meus pais.

Ainda encontro pessoas

Na época começou a fase dos cabelos mais compridos para os homens. Ai eles não iam mais nos barbeiros, pois eles não sabiam fazer os cortes mais detalhados de um cabelo comprido. Vinha família inteira pai, vinha mãe e também os filhos, recorda Tia Liria.

Eu aprendi a cortar cabelo com a Alvarena Kollet, ela tinha salão mas ela parou, pois ela tinha filhos pequenos, ai ela ficou um tempo sem atender, ai ela me ensinou a cortar cabelo. Foi ela que me ensinou a cortar cabelo, pois até então eu só arrumava unha e fazia o cabelo das minhas amigas, ai quando aprendi com ela, não tinha mais

 

Ela se recorda que era uma das únicas que tinha salão de beleza. “Quando tinha baile, eu começava de manhã antes das 6h, até quase meia noite. Pq os do centro vinham durante o dia, e os outros vinham lá do travessão e lado Vale DIreit, eles vinham de noite antes de ir para o Baile.

Eu fui parando, mas parei por completo depois que eu casei novamente, e isso faz 25 anos. Por que ai não dava mesmo, pois até.

Eu trabalhava na Unissinos, e em Santa Maria do Herval, então já estava trabalhando somente mais aos finais de semana, mas depois disso não tinha mais como.

COMO SURGIU O INTERESSE?

Não sei como surgiu o interrese, era uma coisa que vinha de dentro. Hoje ainda, se eu abro um salão, eu tenho clientela. Por que muitas daquelas pessoas que eu atendi nesse período que eu trabalhava ainda são vivas. Eu canso de encontrar pessoas que falam ba tia liria, há trinta anos tu me arrumou quando eu casei. Esses dias um casal fez cinquenta anos de casado em eu arrumei a noiva, e ele me disse. Eu fiz parte de momentos e da vida das pessoas

 

 

 

 

 

 

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