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Produção de schmier é feita há mais de 60 anos em Presidente Lucena
Por Cândido Nascimento
Presidente Lucena – Nem mesmo os tempos de pandemia desanimaram Osório Victor Schmitt, 84 anos, que mora ao lado da fábrica de schmiers e rapaduras da família e cujo começo teve a participação dos seus pais: Elma e Otto Schmitt.
Hoje, a pequena produção, que era vendida em comércios do município e região, e entregue de carreta, já é vendida para quatro estados: Paraná, Pará e Espírito Santo. Um detalhe interessante é que as mesmas receitas de schmier e rapaduras que eram utilizadas no começo da produção são mantidas até os dias de hoje.
O morador comenta que o seu pai era um homem de negócios, pois teve restaurante em Novo Hamburgo e até um salão de baile na Picada São paulo, Morro Reuter. A família plantava cana-de-açúcar e batata-doce e a partir dessa produção se originaram os produtos. No momento são fabricados e comercializados 15 produtos.
TEMPOS DE PANDEMIA
Ainda com boa memória, Osório já está deixando o trabalho para os filhos, filhas e uma neta. Atualmente, ele ficou mais resguardado por causa da pandemia, pois pararam de acontecer os bailes da terceira idade na região. Até os 80 anos ele ia dirigindo aos bailes.
Osório conta com bom humor que gosta de ficar até um pouco mais na cama, deixando para os mais novos darem a sequência e administrarem o negócio familiar.
Cercado pelos filhos e netos e bisnetos
Osório foi casado com Irisena por 40 anos. Quando casaram, ele tinha 26 anos e ela 16. Eles tiveram os filhos: Adelar, Adair, Eva, Eraldo e Vânia, onze netos e 7 bisnetos. Irisena faleceu em 2003, aos 57 anos.
O morador conta com orgulho que a família é unida e mora próxima dele. “Todos se dão bem”, explica o idoso. Além dos filhos Eraldo Eva e Vânia, trabalham na empresa familiar os netos Joseane, Felipe e Tainara. Joseane morou por três anos na Alemanha, onde cursou Psicologia Empresarial, trazendo uma experiência importante quanto à modernização da empresa.
IDEALIZOU A TENDA
Foi Irisena quem idealizou a Tenda Rodeio, na Av. Presidente Lucena, onde vendia pães. Hoje é o filho Adair e a nora que cuidam desse local. “A minha avó era o braço direito do vô, ela cuidava dos filhos e da casa, e ele cuidava do serviço mais bruto”, conta a neta Joseane.
Ali são vendidos biscoitos, schmiers e rapaduras e também é servido café colonial para os visitantes, em grande parte moradores da região.
Um apaixonado por rodeios
Osório comenta que sempre foi um apaixonado por rodeios que aconteciam na região e cidades próximas. Ele já participou de eventos em Ivoti, Novo Hamburgo, Campo Bom e várias outras cidades.
Foi a partir daí que surgiu o nome das rapaduras com a marca Rodeio, e que permanece até hoje. Os produtos fabricados são as rapaduras de amendoim, com cobertura de chocolate preto, chocolate branco, com nozes e paçoca.
Mas tem também o amendoim cri-cri, açúcar mascavo e demerara e a schmier comum, feita a partir da cana e da batata-doce. A paçoca coberta com chocolate é um diferencial.
O que fala a família sobre a atividade
A família também se orgulho do começo dado pelos seus antepassados, destacando que ao longo dos anos as coisas foram se modernizando, com a aquisição de equipamentos novos, como uma moedora de grãos e uma caldeira, para agilizar o serviço.
A filha de Osório, Eva, morou em Ivoti, onde trabalhou em uma loja, mas atualmente faz parte da equipe de trabalho junto com a filha Joseane e os demais integrantes da família Schmitt.
Os filhos mais velhos caminhavam a pé até a Escola Décio da Costa, em Picada Café, onde estudavam. “O meu pai plantava amendoim e batata-doce, além de cana. De manhã a gente ia para escola e à tarde começava a ajudar a fazer o melado, e a gente ia até tarde da noite fazendo as rapaduras”, lembra Eva, comentando que não havia creche, e as crianças dormiam próximo ao local de produção.
“Quando eu era pequena eu já estava perto da produção das rapaduras, e aqui junto a gente tem vontade de fazer a empresa crescer, pois meus avós passaram por tanta coisa juntos para chegar até aqui e ficar como é hoje”, disse a neta Tainara, de 19 anos.
“Meu avô só parou lá pelos 68 anos, mas até hoje vem até a empresa e prova as rapaduras, para conferir se é usada a mesma receita que eles usavam de início”, lembra Joseane.