800 km de caminhada: Ivotiense de 74 anos realiza sonho de concluir o Caminho de Santiago da Compostela

O ivotiense Laerte Corrêa da Silva, de 74 anos, voltou recentemente para casa com uma conquista que carrega simbolismo, superação e religiosidade. Ele percorreu a pé o Caminho Francês, a rota mais longase tradicional do Caminho de Santiago de Compostela, que atravessa França e Espanha até chegar à histórica catedral na Galícia. Foram 33 dias de caminhada, mais de 800 quilômetros percorridos e muitas histórias para contar.

O ponto de partida foi no dia 5 de agosto, em uma cidade da França. Ali, Laerte iniciou a jornada que havia planejado por anos. “Esse era um sonho de 20 anos. Sempre pensei que um dia faria o caminho, e no início deste ano decidi me organizar”.

EXPERIÊNCIAS ÚNICAS

Durante o percurso, Laerte se surpreendeu com as experiências vividas. “Foram dias intensos, que me mostraram o quanto precisamos de pouco para viver. Caminhei mais de trinta dias com a mesma mochila, e não me faltou nada. A gente não se dá conta que tu vive com muito mais do que tu precisa. Tu procura muito mais coisas do que precisa. E muitas vezes o essencial mesmo é pouca coisa. O essencial é só dar conta do que é importante na vida nossa.”

A travessia foi marcada pelo e  ncontro com pessoas de diferentes partes do mundo. Em albergues, jantares coletivos e paradas nas pequenas cidades espanholas, Laerte compartilhou momentos com peregrinos da Coreia, China, Japão, Dinamarca, México e Nova Zelândia. “O que importava não era quem você era ou o que tinha, mas o objetivo comum. Todos estavam ali para se apoiar e viver a experiência. Quando existe vontade de se entender, não há barreira que impeça”, observa.

DESAFIOS AO LONGO DO TRAJETO

Entre os trechos mais desafiadores esteve a subida inicial dos Pirineus, com cerca de 20 quilômetros de ascensão até mais de 1.400 metros de altitude. “Foi a parte mais difícil, porque ainda não estávamos acostumados. Daí depois que chega no topo começa a descer”, descreve.

Apesar das altas temperaturas, que chegaram a 40 ºC em alguns dias, Laerte não enfrentou problemas físicos. “Caminhei 33 dias sem uma bolha sequer. Mantive um ritmo médio de 25 quilômetros por dia, sempre tranquilo para aproveitar o trajeto. Então, foi tudo assim perfeito ”, destaca.

CHEGADA À CATEDRAL NA ESPANHA

A chegada a Santiago de Compostela, no dia 6 de setembro, foi um momento carregado de emoção. “É difícil descrever. Depois de tanto tempo sonhando, chegar diante da catedral foi a confirmação de que, quando temos um objetivo e acreditamos nele, tudo conspira para dar certo. Não estava sozinho: espiritualmente, senti que alguém me acompanhava o tempo todo”, afirma.

A experiência, segundo Laerte, deixou aprendizados que deseja transmitir adiante. “Quero que outros se motivem. Se eu consegui aos 74 anos, muitos também podem realizar. O caminho mostra que a vida pode ser mais simples e que a solidariedade entre as pessoas faz toda a diferença”, finaliza.