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Região

A escolha de sair da indústria e começar a empreender com morangos em Santa Maria do Herval

25/07/2023 - 06h00min

Fabiano, Davi e Anelise nas estufas de morango (FOTOS: Cleiton Zimer)

Anelise fez uma mudança na vida após o nascimento do filho

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – Ser agricultor é, sobretudo, gostar do que se faz. E desta forma atrelar a qualidade de vida ao sucesso profissional.

Há muito tem se observado a quantidade de pessoas que deixam seus empregos formais, com carteira assinada em indústrias, para abrir seus empreendimentos ‘a céu aberto’. Trata-se de uma escolha em busca da autorrealização, mesmo que isso signifique mais compromisso – e risco.

Foi o que aconteceu com Anelise Graciele Frolhich, 33 anos. Desde adolescente trabalhou em fábrica de calçados – assim como a maioria da região –, chegando ao cargo de contramestre.

Mas foi quando engravidou de seu filho, o Davi Gabriel Guth – hoje com seis anos –, que começou a sentir uma necessidade de mudança. “Depois da licença maternidade ainda fiquei alguns meses e pedi para sair”, conta.

Na época, com o valor da rescisão, montou as três primeiras estufas junto com seu companheiro Fabiano Gabriel Guth na localidade de Alto Padre Eterno. E deu certo. Tanto que no ano seguinte construíram mais três, fundando a Morangos Guth – que hoje atende todo o Herval, com clientes físicos e comércios, e, em épocas de maior produção, vende também em Dois Irmãos.

Anelise começou a empreender há quase seis anos

Começou com coragem e adquiriu o conhecimento no processo

Quando começou Anelise não conhecia nada da produção, pois atuou por 12 anos com calçados. “Eu nunca tinha entrado numa estufa de morangos. Fui aprendendo, com auxílio de um agrônomo, que nos disse onde comprar as mudas.” Ele ensinou técnicas de cultivo que foram sendo aprimoradas, posteriormente também fazendo cursos online.

Quando comecei, como tudo na vida, tive medo, receio. Não imaginava que daria tão certo, uma coisa totalmente nova”, disse a empreendedora, enfatizando que até hoje sempre tem algo para aprender, aperfeiçoar os processos; principalmente trabalhando preventivamente para evitar doenças nas plantas.

Nas estufas trabalham com morangos que vem da Argentina e Espanha, nas variedades Albion e San Andreas. “O Albion é mais doce e tem produção contínua. E o San Andreas não é tão doce e possui picos de produção”, conta Fabiano.

Sem feriados e finais de semana

Ao tomar a decisão de empreender, Anelise se colocou sob um crivo ainda maior de responsabilidade. “É trabalho direto. Eu nunca achei que seria tanto. Não têm férias, sábados e domingos”, disse, explicando que é necessário cuidado constante com podas, irrigação e, em períodos de alta, a colheita é diária.

Fabiano explica que no verão é necessário fazer a irrigação três vezes ao dia. “Vai de 3 a 4 mil litros diários.”

O auge da produção e entre setembro e fevereiro. Nos demais meses, que são mais frios, é menos. A mãe de Fabiano, Lucia Sidegun Guth, também ajuda na colheita.

As férias da família geralmente saem nesta época de inverno, quando a demanda é menor.

Contratempos

Como tudo, também há imprevistos. Na passagem do último ciclone, umas das estufas teve a lona totalmente arrancada. Não foi a primeira vez que aconteceu. “Mas isso faz parte, é preciso recomeçar”, enfatiza Anelise.

A escolha certa

Anelise conta que não se arrepende de ter saído da fábrica e ter começado a empreender com morangos. “Claro que tem muito serviço aqui. Mas dá para ser organizar conforme se quer.

E, além disso, o mais importante: está perto da família o tempo todo. Principalmente do filho, acompanhando de perto seu crescimento. “É minha ‘praga’, ajuda a comer. Colhe e come. Ele faz o teste de qualidade”, brinca a mãe.

Quem quiser contatar Anelise para comprar morangos, pode chamar pelo whatsapp 051 99165-6993. Além de frescos, também tem morangos congelados e geleias.

Milho e lenha

Já Fabiano tem o foco mais voltado para a produção de milho e, também, atua com corte de madeira. Recentemente adquiriu uma serra móvel e, portanto, está com demanda em toda a região. Mas ajuda Anelise sempre que necessário, principalmente, no verão com a alta temporada.

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