Região
Antigo golpe dos nudes ainda faz vítimas na região
Por Geison Concencia
Com a queda dos indicadores de crimes violentos, criminosos têm apostado em modalidades de extorsão como forma de obter lucro com menor risco. Uma das práticas mais comuns envolve o uso da internet e de redes sociais para aplicar golpes sem que o infrator sequer precise sair de casa. Utilizando apenas um celular e conexão à internet, os golpistas conseguem arrecadar centenas de reais, explorando o efeito surpresa e a desinformação das vítimas.
Além da tecnologia, os criminosos utilizam falsas narrativas e criatividade para enganar. Os ataques variam em sofisticação, desde esquemas mais elaborados até golpes antigos, como o conhecido “golpe dos nudes”. Neste caso, a vítima inicia uma conversa online com um perfil falso que simula ser de uma jovem atraente. Após a troca de mensagens e envio de imagens íntimas, a suposta jovem revela ter menos de 14 anos. Em seguida, outra pessoa, se passando por parente ou policial, entra em contato exigindo dinheiro para evitar uma suposta prisão, exposição das fotos ou contato com familiares.
Embora seja um golpe antigo e conhecido, ele ainda continua fazendo vítimas na região. Segundo o delegado Fábio Motta Lopes, titular da Delegacia de Ivoti — que também responde por Lindolfo Collor e Presidente Lucena —, aproximadamente uma ocorrência desse tipo é registrada a cada dois meses.
“Os autores normalmente já estão presos. Eles criam perfis falsos como iscas e atacam qualquer pessoa, sem distinção de cidade. Pode acontecer em Ivoti, Estância Velha ou Novo Hamburgo”, explica o delegado.
Outra prática comum: “pedágio para facções”
Outro golpe que também tem feito vítimas na região é o chamado “pedágio para facções”. Conforme detalhado na cartilha desenvolvida pelo próprio delegado Fábio na campanha Cuidado. É Golpe, os criminosos se passam por membros de facções criminosas e entram em contato com comerciantes ou empresários, exigindo depósitos sob ameaça de retaliação. Para dar veracidade à ameaça, os golpistas mencionam informações pessoais ou da rotina da vítima.
O delegado alerta: “Se a vítima cede, as exigências continuam. Se resiste, nenhuma retaliação ocorre. É apenas uma narrativa para causar medo.”
A recomendação da cartilha é clara: encerrar a ligação imediatamente, bloquear o número e jamais realizar transferências.
Apesar do temor natural que uma ameaça dessas provoca, a orientação é não ceder. “Normalmente, é um indivíduo que atua como estelionatário, aplicando golpes de dentro do presídio. Ele se vale do subterfúgio de dizer que integra uma facção para tentar extorquir a vítima, mas, a rigor, não faz parte de nenhuma organização criminosa”, reforça o delegado.
Operação Red Bullet: Polícia combate golpe dos nudes e tráfico na região
Na manhã de quarta-feira (30), a Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou a Operação Red Bullet, com foco no combate a um grupo criminoso envolvido na venda de drogas sintéticas e na aplicação de golpes digitais, como o “golpe dos nudes”. A ofensiva foi coordenada pelo delegado Ewerton de Melo Sousa.
Durante a ação, quatro pessoas foram presas. Os agentes apreenderam três armas de fogo e cerca de seis quilos de maconha. No total, 17 policiais civis e cinco viaturas foram mobilizados para o cumprimento de nove ordens judiciais nas cidades de Estância Velha e Charqueadas, incluindo dois mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e cinco de busca e apreensão.
Mandados também foram cumpridos dentro do sistema penitenciário estadual do Jacuí, onde houve buscas e prisões de apenados já recolhidos.
A operação teve início com informações obtidas após prisões em flagrante realizadas em abril deste ano. A partir dessas prisões, os investigadores conseguiram identificar outros integrantes do grupo e mapear o modus operandi da organização, que atuava principalmente em Estância Velha e região.
O principal alvo da ação é apontado como responsável pela compra e venda de drogas sintéticas e pela coordenação de golpes virtuais, incluindo o “golpe dos nudes”.