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Região

Aumento salarial de políticos em Lindolfo Collor gera polêmica em meio à crise das enchentes

10/05/2024 - 13h24min

REAJUSTE VALE PARA A PRÓXIMA LEGISLATURA E FOI APROVADO NESTA SEMANA

Praticamente só ficamos com os nossos documentos e roupas do corpo”. O relato é o de Antônio, 46 anos, morador do bairro 48 Baixa e que trabalha na empresa Minuano. Nas enchentes registradas na cidade na semana passada, ele relata que a chuva do ano passado havia levado praticamente todos os pertences de sua casa. Já nesse ano ele conseguiu recuperar o pouco do que havia sobrado, porém, ainda assim, não pôde deixar de sofrer um prejuízo incalculável. Perdeu alguns de seus maquinários localizados em um galpão no seu quintal.

Enquanto seu Antônio e milhões de pessoas enfrentam o drama da perda de suas casas e enterram entes queridos devido às graves consequências das chuvas que assolam o Rio Grande do Sul, a câmara de vereadores de Lindolfo Collor aprovou em segundo turno nesta semana, um projeto de lei que prevê aumentos significativos nos salários dos políticos locais.

O projeto que será sancionado pelo prefeito Gaspar Behne nos próximos dias, contempla aumentos que variam entre 10 e 20% nas remunerações de vereadores, prefeito, vice-prefeito e secretários municipais. Essa proposta tem gerado críticas em meio ao cenário de calamidade pública vivenciado pela própria população da cidade.

A medida impactará apenas os políticos eleitos para o próximo mandato, assim como os secretários municipais designados após as eleições deste ano. A possibilidade de reeleição dos atuais detentores de cargos públicos resultaria em ganhos salariais adicionais para os próprios, caso sejam eleitos.

Conforme a proposta, a partir de 1º de janeiro de 2025, o prefeito passará a receber um subsídio de R$ 14.500,00. O vice-prefeito terá seu salário elevado para R$ 6.800, enquanto os secretários municipais terão seus vencimentos aumentados para o mesmo valor, com aumento proporcional de 20%.

Os vereadores, que atualmente recebem R$ 2.760,94, terão um aumento de 10,5%, passando a receber R$ 3.050. O presidente da Câmara, que recebe R$ 3.589,22, também terá um aumento proporcional.

A discussão sobre os aumentos salariais em meio à crise das enchentes tem despertado indignação e questionamentos por parte da população, que vê com preocupação a destinação de recursos em um momento de extrema necessidade para muitas famílias. Na votação, o projeto só foi reprovado pelos vereadores Ademir Vieira e Jair Petter, que fizeram críticas aos aumentos.

Prefeito confirma que sancionará o reajuste salarial

O Diário conversou com o prefeito Gaspar Behne na manhã desta sexta-feira, que se posicionou sobre a aprovação do reajuste salarial para a próxima legislatura pela Câmara de Vereadores. Em suas declarações, o prefeito expressou sua decisão de não vetar o projeto, destacando que, na sua opinião, os aumentos salariais visam recompor a defasagem e que não estão relacionados às recentes enchentes que assolaram a região.

Não vou vetar porque em todo o país foram dados aumentos, isso é um aumento além do índice da inflação para recompor a defasagem, mas isso aí não tem nada a ver com enchente, isso é para próxima gestão, isso é para o ano que vem”, afirmou o prefeito.

Ele opinou que os reajustes salariais são necessários para manter a competitividade e atração de profissionais qualificados para cargos públicos, especialmente diante das dificuldades enfrentadas na contratação de médicos para a rede municipal de saúde. “Hoje nós não estamos mais conseguindo médico através do nosso cargo criado, porque um médico não pode ganhar mais que o prefeito, e o salário é muito baixo”, acrescentou.

Behne disse, ainda, que os salários dos políticos em Lindolfo Collor estão entre os mais baixos da região e que os reajustes são necessários para evitar a perda de profissionais qualificados. “Já estamos perdendo bons secretários porque o salário é muito baixo. A próxima gestão que entrar, tem que fazer uma reforma administrativa, uma reforma de todas as classes de funcionários porque está muito defasado”, completou.

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