Será um momento de valorizar as raízes e de ajudar o RS
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval | A vida, mesmo que em meio às intempéries das últimas semanas, merece ser celebrada. E pensando nisso, neste sábado (25), acontece o tradicional Baile de Kerb da Comunidade Católica Santíssima Trindade, de Padre Eterno Baixo – que celebra os 111 anos da Capela.
O evento tem um objetivo muito nobre: parte do resultado será destinado para ajudar as milhares de vítimas atingidas pelas fortes chuvas desde o início de maio.
Desta forma, além de ‘respirar’ um pouco em meio a tanto caos, quem participar também ajudará no recomeço de muitas famílias.
A celebração começa com missa às 18h30 e, às 20h, será servida a janta. No cardápio tem carne de porco e gado assadas no forno a lenha, galeto, linguiça, batata à dorê, massa, molho, arroz, maionese, chucrute e saladas.
Cartões já podem ser reservados de forma antecipada por R$ 60 através do 051 99576-5215 (Claudio) ou 051 99538-0091 (Lino). No dia será R$ 75.
A animação será com Banda Periquito e Super Banda K’necus.
A história do Kerb é mantida por gerações
Armindo Schneider, 82 anos, relembra do primeiro baile que foi em 1982. Segundo ele, aconteceu num galpão perto da igreja. Na época o atual salão ainda estava em construção. “Juntamos os talheres com os vizinhos, cada um ajudou.”
Mindo, como é conhecido, era o responsável pela parte de assar a típica carne no forno. Começaram de manhã cedo, até de noite. “Naquela época não tinha venda antecipada. Assim a gente não sabia quantos viriam. Mas nos organizamos e deu o suficiente para todos.”
Não tinha energia elétrica. A cerveja e o refrigerante era colocada em baixo dos balcões, dentro de uma espécie de cocho. “O gelo vinha de Porto Alegre um dia antes. Era jogado por cima das garrafas e tampado com sacos para manter refrescado.”
Foi um grande kerb. A banda Real animou o público andando em meio às pessoas – não tinha caixas de som, então era o ‘blechmusik’, ou seja, o volume ia até onde a força dos pulmões aguentava.
Lúcia Buttenbender, 72 anos, ajudou em praticamente todos as edições. Só parou porque agora a saúde não lhe permite mais.
Ela atuava na cozinha assim como todas as mulheres. Começavam cedo, dias antes, para preparar o chuchu, chucrute, batatas e enfim. “A gente descascava tudo à mão. Cada mulher era responsável por uma parte.”
O serviço era tanto que começavam nas quintas-feiras e só terminavam tudo na segunda-feira, quando limpavam. “Se eu pudesse, ajudaria até hoje. Eu gostava.”
Além de trabalhar, claro, também faziam festa. “Quando faltava gravata, a gente cortava do pescoço dos homens e pendurava de novo”, lembra. As gravatas ficam suspensas e, quem as retira, paga uma caixa de cerveja. Uma antiga tradição.
Celida Schneider, 78 anos, conta que sempre preparavam muitas cucas. Até mais de 100 dependendo a época. Além disso faziam os bolos para preparar as tortas. Era tudo caseiro. “Por oito dias, às vezes, só se fazia isso. Tinha que colher a lenha também, para os fornos.”
Ilse Backes, 70 anos, lembra que quando eram festeiros sempre iam de casa em casa angariar coisas. “As pessoas doavam de tudo, inclusive ovos, para ajudar.”