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Caderno 65 anos de Dois Irmãos – Chá para todos: o princípio ativo das ervas como tratamento alternativo

10/09/2024 - 14h30min

Atualizada em 10/09/2024 - 14h49min

Em uma sala nos funcos da Biblioteca Municipal, Edi organiza caixas com chás de todas as variedades disponíveis para quem necessitar (Fotos: Nicole Pandolfo)

Dona Edi, à frente da Pastoral dos Chás, promove saúde através do conhecimento popular

Por Nicole Pandolfo

Na tarde de uma segunda-feira, um grupo de mulheres sentadas ao redor de uma mesa nos fundos da Biblioteca Pública Municipal Professor Paulo Arandt conversavam animadas enquanto manuseavam folhas de chás. Elas selecionavam as plantas e as organizavam em saquinhos de papel que, por sua vez, eram agrupados em caixas. Uma delas, Eloir Fiorentini, prontificou-se a explicar a atividade: Lá funciona a Pastoral dos Chás, uma organização de voluntárias que cultivam as plantas e ervas no Horto Municipal e no Parque Municipal Romeo Benício Wolf, secam as folhas e montam combinações conforme suas propriedades. Cada receita propõe o alívio de sintomas ou a prevenção de doenças, e são distribuídas de acordo com a necessidade de cada um que visita a pastoral em busca de ajuda.

Teste bioenergético é aplicado às segundas-feiras: uma varredura que detectas desarmonias no corpo

Dona Edi e o teste bioenergético

Por trás da organização da Pastoral dos Chás está dona Edi Kaefer Gomes da Silva. Edi dedicou 30 anos da sua vida à Pastoral da Saúde e os últimos 5 ao estudo, cultivo e seleção dos chás. O interesse pelo assunto segue a lógica de uma vida dedicada à busca pelo bem-estar do próximo.
Nos anos 90, a visita do padre Renato Roque Barth a Dois Irmãos chamou atenção de dona Edi. Ele vinha com a missão de difundir os conhecimentos de uma prática conhecida como Método Bioenergético de Tratamento Natural (MBTN) ou Bio Saúde. O método desenvolvido pelo médico e cientista japonês Yoshiaki Omura entre 1976 e 1978 estabelece que tudo que está do lado de fora do corpo reflete, ou interage energeticamente, com o que está do lado de dentro e vice e versa.

Dona Edi se especializou na técnica e transmitiu seus conhecimentos para outros voluntários que hoje a ajudam na aplicação do teste. Utiliza-se um bastão de cobre como uma espécie de conector de energia. Um intermediário segura o bastão com uma mão, apontando-o para partes do corpo do examinado e, com a outra mão, faz um elo com os dedos indicador e polegar. Outro examinador força a abertura deste elo com a própria mão: se o elo se rompe é sinal de que algo não está bem naquele determinado local.

Edi mostra a estufa onde as ervas são secas para serem utilizadas em chás

Para cada mal, um chá

Caso a “desarmonia” for detectada, passa-se para a fase de identificação do problema. Ainda com o bastão de cobre apontado para o local, o examinador questiona o que estaria causando o desequilíbrio energético enquanto continua testando o elo: “É uma bactéria?”, pergunta enquanto o bastão está apontado para a orelha do examinado. “Fungo? Parasita? Problema de audição? Inflamação? Excesso de cera?” O elo se abre, sinal de que a última opção citada é o problema. Ele continua: “Pode fazer um cone chinês?” Elo rompido mais uma vez. “O corpo é que vai responder pra nós”, ele explica.

Identificado o problema, dá-se início a seleção dos chás indicados para o caso, o que também acontece através da mesma “linguagem energética”, com o bastão e o teste do elo. “A gente precisa saber do organismo quais as plantas ou outras terapias que o corpo precisa para curar-se sem que o intoxique ou cause outro mal”, explica Edi. “A gente dá sete ervas, essas ervas o corpo tem que aceitar. Não é qualquer uma.”

Tradição milenar dos chás

Edi conta que a aplicação do método Bioenergético já ajudou inúmeras pessoas com problemas de estômago, intestino, parasitas e até pedra nos rins, mas que o seu princípio tem cunho mais preventivo: “As pessoas vêm aqui e querem chá, então a gente testa com o método”, ela diz. O método faz parte de um grupo de práticas integrativas classificadas como Práticas Populares de Saúde: formas de conhecimento empírico de populações nativas, expressão de identidade não só cultural, mas de sabedoria e conhecimento de uma região. Os extensos catálogos que guiam os praticantes com listas de patologias, chás e suas aplicações se adaptam ao local onde o método é difundido e ao seu bioma.

Em contrapartida ao espaço cedido pela prefeitura, a Pastoral distribui os saquinhos de chá selecionados pelas voluntárias nas Unidades Básicas de Saúde. Em cada saquinho, as propriedades das ervas são identificadas e a melhor forma de consumi-lo é descrita, facilitando o acesso de todos ao conhecimento popular das ervas e plantas.

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