Região
Caso de suposta boca de urna envolvendo vereador de Estância é investigado
Por Guilherme Sperafico
ESTÂNCIA VELHA – O que era para ser uma tarde normal de eleição para o Conselho Tutelar virou caso de polícia, na seção de votação situada junto à Escola Anita Garibaldi. O fato aconteceu no momento em que o marido de uma das candidatas ao pleito identificou o vereador Yuri Campos dirigindo seu carro, acompanhado de um ex-assessor da Câmara Municipal e atual servidor da Prefeitura, deixando uma pessoa no local.
Ao visualizar a cena, o homem passou a gravar os fatos e filmou o momento em que o carro chegou novamente à seção, desta vez com o vereador no banco de trás do veículo. Diante da situação, foi levantada a suspeita de que estivesse sendo registrado o crime de “boca de urna”.
Com o suposto flagrante, o eleitor levado pelo político passou a ser seguido pela testemunha, que o abordou afirmando que chamaria a polícia. Neste momento, o abordado teria dito que “o Yuri que se explique”. Um fiscal foi chamado e, segundo o que foi registrado, também viu o vereador no banco de trás do veículo tentando se esconder.
Foi solicitado que o carro parasse e o vereador, acompanhado do servidor, desceram. Ao serem questionados por crime eleitoral, Yuri respondeu que não apoiava ninguém e que não havia feito nenhum tipo de apoio em rede social e negou que estivesse praticando boca de urna. As supostas testemunhas informaram que seria lavrada uma ata e o parlamentar foi convidado a comparecer, mas segundo o documento, não se fez presente.
ATA FALA EM CRIME ELEITORAL
A ata 303/2023, a qual a reportagem do Diário teve acesso, foi assinada por diversas pessoas presentes no local no momento do ocorrido. O documento narra o acontecido e identifica o eleitor filmado no vídeo disponibilizado à comissão. Ele tem o mesmo sobrenome do vereador.
Entretanto, o documento que foi assinado pelo fiscal, traz a informação que um veículo já teria sido flagrado por ele durante a manhã, em atitude suspeita, levando pessoas para votação. Quando abordado pelo fiscal, o vereador teria perguntado se ele havia “visto algo”.
Ao narrar os acontecimentos, a ata afirma que “tal ação configura crime eleitoral” e sinaliza que “a candidata foi orientada a também registrar boletim de ocorrência”. Durante a noite de domingo, após apuração dos resultados, a candidata e seu marido fizeram o registro na Delegacia de Estância Velha, encaminhando também a ata assinada e os vídeos para que o caso seja investigado pela Polícia Civil.
De acordo com o delegado Rafael Sauthier, responsável por conduzir as investigações, o caso ainda está em fase inicial. “Despachei a ocorrência e vamos primeiro ouvir as partes”, afirmou.
Procurado pela reportagem, ainda no dia do ocorrido, o casal que denunciou a suposta boca de urna não quis falar sobre o caso. O homem apenas confirmou que o boletim de ocorrências havia sido registrado. “Não podemos dar mais detalhes pois será investigado como crime político’, se limitou a dizer. As gravações feitas por eles também não foram fornecidas.
PRESIDENTE DA CÂMARA AGUARDARÁ DESFECHO
Desde que o caso começou a cair no conhecimento dos vereadores, após publicação na coluna do município da edição de segunda-feira do Diário, ainda sem divulgação de nomes, houve questionamentos internos e o próprio Yuri informou aos colegas ser ele a pessoa alvo de denúncia.
Procurado pela reportagem, o presidente da Câmara de Vereadores, Douglas Bittencourt, afirma que ainda não será feito nenhum tipo de movimento na casa. “Conversei com ele e com o Conselho. Ouvi os dois lados. A princípio, a situação (através da comissão responsável pela eleição de domingo) será enviada ao Ministério Público. Nós vamos aguardar o desfecho da situação”, afirmou.
O QUE DIZ O VEREADOR
Diante da denúncia de suposto crime eleitoral, o vereador também foi procurado pela reportagem do Diário. Yuri alega que o eleitor levado por ele era seu primo e diz que apenas lhe deu carona. Ainda afirmou que se apresentou voluntariamente aos setores responsáveis, no dia seguinte, para prestar os devidos esclarecimentos e se colocou à disposição da investigação.
Além disso, em nota enviada, afirmou que as acusações são difamatórias e disse que o caso já foi esclarecido. Confira a nota:
“Diante dos fatos que envolveram este vereador no último dia 01/10, cabe salientar que tudo já foi devidamente esclarecido perante a comissão eleitoral do referido pleito.
Importante salientar que não houve nenhuma infração no ato, pois a pessoa que estava em minha companhia era um familiar, neste caso meu primo, Sr Douglas Campos Chagas.
Assim, afirmo que não apoiei publicamente nenhum candidato ao conselho tutelar, tampouco cometi qualquer ilegalidade na referida eleição, sendo que as acusações contra a minha pessoa são difamatórias e não desabonam todas as ações que este vereador já realizou e realiza para o bem do município.
Por fim, sigo a disposição para quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido.”