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Região

Cientista de Ivoti embarca em mais uma expedição rumo à Antártida

14/03/2024 - 12h53min

Por Geison M. Concencia

Ivoti – Algumas pessoas são tocadas pelo cenário deslumbrante da Antártida, com seus imensos blocos de gelo e um clima implacável, com ventos que podem ultrapassar a barreira dos 300 km/h. A ex-estudante da Unisinos e moradora de Ivoti Júlia Finger foi tomada por esse desejo de desbravar o continente gelado e, há 10 anos, trabalha para conhecer os mistérios desse local indomável.

Essa paixão pelo continente gelado ficou maior a cada expedição. Ao todo, foram cinco para pesquisar e sustentar teses de mestrado e doutorado. “Esse trabalho é muito importante porque trabalhei há dez anos como pesquisadora. Fui aluna da Unisinos, e nesse tempo, fiz minha graduação, mestrado e doutorado”.

Agora, Júlia tem uma nova oportunidade de ampliar seu conhecimento e repassar para outras pessoas, no caso, viajantes. Isso porque ela é guia de uma empresa norueguesa chamada Hurtigruten Expeditions (HX), que promove cruzeiros de expedição.

“Nesse trabalho consigo pegar todo esse conhecimento que construí e passar para essas pessoas. A ideia é conquistá-las no sentido de entenderem a importância de conservar a Antártida, a importância de ter um estilo de vida e lutar por medidas que reduzam o nosso impacto sobre as mudanças climáticas. Posteriormente, depois de passar por essa experiência, elas se tornam embaixadoras da conservação desse ambiente e de sua preservação”.

Júlia não esconde sua paixão pela profissão, que não só a leva para grandes aventuras, mas também ajuda a difundir conhecimento e sentimento de preservação da biodiversidade da Antártida. “Vejo como uma satisfação pessoal poder continuar trabalhando na Antártida, sendo uma coisa que amo muito, mas também de poder ser uma fonte de conhecimento científico, de trazer a paixão que tenho pelas aves. Além disso, poder mostrar esse deslumbre pela Antártica para os passageiros, e fazer com que eles voltem para casa apaixonados também. Enfim, prontos para lutarem também pela conservação desse continente”.

Turismo gelado
Júlia está em Neko Harbour, uma Península Antártica, pela empresa que trabalha como guia. Ela explica que este tipo de turismo peculiar funciona como cruzeiros de expedição. Existem navios que fazem desembarques na Antártica e existem outros que apenas realizam passeios sem ter como desembarcar. Esses são geralmente os maiores, com capacidade para mais de mil pessoas.

Os navios menores, que têm menos de 500 passageiros, conseguem fazer desembarques em algumas áreas.

Todo esse turismo, não funciona de qualquer maneira. Existem diversas regras para se operar nessas águas, porque ela é regulamentada por uma organização internacional de operadores de turismo na Antártida, que se coordena pelas diretrizes do Tratado da Antártica, o mecanismo de governança desse continente.

A Antártica não pertence a nenhum país. Ela é governada por um tratado, com diferentes signatários. Cada um deles podem ter direito de decisão sobre o futuro dela.

E para navegar por esses mares as regulamentações são muito estritas e podem limitar a quantidade de pessoas em solo ao mesmo tempo. Além disso, há intervalos entre os navios, para não ter mais de um navio na área.

Normalmente, os visitantes ficam cinco dias e vão para várias áreas da Península. As pessoas podem fazer caminhadas, visitar áreas onde os pinguins se reproduzem, caminhada na neve, observar as montanhas, o gelo e as baleias. Também tem palestras a bordo e atividades mais voltadas para a educação. “A gente faz atividades científicas de coleta de dados no formato de ciência cidadã, ou seja, os passageiros conseguem auxiliar os cientistas a coletarem dados sobre, por exemplo, a ocorrência de aves. Também ajudam a coletar fitoplâncton. Há vários projetos que os visitantes podem colaborar com alguns cientistas”, explica Júlia

 

Júlia Finger apresenta palestras durante o cruzeiro de expedição

Uma das expedições que Júlia fez pela Unisinos

Júlia é especialista em aves e desenvolveu trabalhos científicos com espécies da Antártida

Enquanto a reportagem entrevistava Júlia na tarde de quarta-feira, ela estava em Neko Harbour, uma Península Antártica, com seu mate

 

 

 

 

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