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Conheça a história de Rui Baum, que visitou vários países vendendo couros
Por Cândido Nascimento
Ivoti – Um acidente de automóvel em julho deste ano por muito pouco não foi fatal para Rui José Baum, 83 anos, e sua companheira por mais de 20 anos, Marisa, 66. Natural de Forqueta, Arroio do Meio, Rui tem uma relação de amor muito longa com Ivoti e desde criança tem uma paixão pelo time do coração, o Grêmio, e guarda no baú de lembranças a empresa onde trabalhou mais de meio século e que proporcionou viagens por toda a Europa e para os Estados Unidos: o Curtume A. Bühler, que completou 80 anos de atividades em maio deste ano.
Após ter passado um período de duas semanas na UTI do Hospital Unimed, em Novo Hamburgo, ele está atualmente sendo atendido no Lar Dona Carmelita, onde se recupera de três fraturas na perna esquerda e quatro na direita. A mulher, fraturou um braço e o quadril, e também está no lar.
Filho do comerciante Helmuth Baum e de Anita, Rui teve o irmão Nestor (em memória) e tem as irmãs Marlene e Ingrid. Ele foi casado no primeiro matrimônio com Neusa Klein e é pai de Edson, Andréa e Simone, e é avô de Laura, Brenda, Rafaela e Morgana. Aos 14 anos estudou até se formar na Escola Artur Torres, ligada à IECLB, que funcionava em sistema de internato. Depois de formado, ele veio para São Leopoldo, onde serviu na 6ª Cia e trabalhou na Comercial Giering (atual Carburgo), onde foi recepcionista e trabalhou no setor de venda de peças.
TRABALHO EM IVOTI
Em 1963 ele veio para trabalhar em Ivoti, onde conheceu a sua primeira namorada, depois fixou residência aqui. Em Ivoti começou a trabalhar no Curtume A. Bühler a convite dos sócios Armínio Bühler (pai da atual diretora, Nair) e pelo seu então sócio, Paulo Fuchs. “Eles me deram emprego e confiaram muito em mim e tenho muito a agradecer a eles e à dona Nair, pois conheci quase o mundo inteiro, principalmente Europa e Estados Unidos, e fui na Tchecoeslovaquia onde a empresa comprava prensas para couro.
Como a empresa também tinha negócios em Nova Iorque, quando Rui ia para lá necessitava de intérprete. O mesmo se dava quando ia para a Itália. As vendas eram do couro wet blue ou de peles inteiras, depiladas ou com pelo. O wet blue é a pele bovina que passou pelo primeiro estágio do processo de curtimento, utilizando sais de cromo, resultando em um material úmido e de cor azulada. Essa é uma matéria-prima intermediária, utilizada na produção de artigos de couro acabados, os quais são feitos: calçados, móveis, tapetes e vestuário, além de estofamentos para o setor automotivo.
Com o couro também eram feitos os famosos sapatos italianos. Um detalhe interessante é que o primeiro couro envernizado do país saiu do Curtume A. Bühler, explica Rui Baum. “O curtume fabrica o couro desde o curtimento até a fase final”, afirma ele, que trabalhou por 53 anos na empresa e está há cerca de seis anos fora de atividade.
Fã do Grêmio desde a infância, e por gostar bastante de futebol. Rui também fez parte da diretoria do Sport Club Ivoti, que foi Campeão Estadual Amador em 1985, 1995 e 2.000, sendo também Campeão Sulbrasileiro Amador em 1996.
“ALEGRIA POR ESTAR VIVO”
No dia 28 do mês de julho deste ano Rui e a companheira quase perderam a vida após ele sofrer um mal súbito e colidir na traseira de um caminhão com o veículo que dirigia, uma Rebault Master. Ele ficou algo em torno de 15 dias na UTI devido ao impacto. Já, a companheira foi internada no Hospital de Canoas. “A minha maior alegria é estarmos vivos, apesar do sofrimento, eu choro muito, mas graças a Deus estamos aqui, sendo muito bem cuidados no Lar Dona Carmelita, em Ivoti”, destaca ele.