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Depois de quase 13 anos, justiça condena assassinos de bancário que viveu por 24 anos em Estância Velha
Por Geison Concencia
Estância Velha – Em 2012, um crime bárbaro foi cometido contra um ex-morador de Estância Velha: o bancário Marcelo Henrique Prade, 46 anos. Ele foi morto por dois homens em Porto Alegre, onde morava e trabalhava, mas sua base familiar ainda era o Município. Inclusive, ele era irmão do ex-gerente da Corsan, Marco Henrique Prade.
A mando de sua ex-esposa, a psicóloga Lisiane Rocha Menna Barreto, ele foi morto quando chegava em casa, na rua Otávio de Souza, bairro Nonoai, na Zona Sul da Capital. Marcelo foi encontrado com sinais de estrangulamento, enrolado no tapete da sala, com mãos e pés amarrados e rosto vendado.
Conforme as investigações da época, Lisiane planejou tudo com antecedência e simulou um assalto. No dia do crime, disse não saber de nada.
A psicóloga também levou os executores até a residência. Pediu que a empregada doméstica não fosse trabalhar e plastificou os vidros do carro. Ela entrou e saiu da residência diversas vezes com objetos, que posteriormente vendeu para usufruir do dinheiro.
Em 2022, Lisiane foi condenada por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima –, em regime inicialmente fechado. Porém, aguarda em liberdade o julgamento de apelo.
Já os dois executores, José Vilmar dos Santos Rocha e Elisandro Rocha Castro da Silva, foram condenados a 18 anos de prisão nesta quinta-feira (3). Segundo a promotora de Justiça Luciane Wingert, que atuou em plenário, a dupla foi condenada por homicídio qualificado por meio cruel, no caso asfixia por estrangulamento, recurso que dificultou a defesa da vítima, por vantagem econômica e mediante pagamento. A promotora já recorreu para aumentar a pena dos condenados. Um dos criminosos esteve foragido por 11 anos, mas foi preso e respondeu ao final do processo detido. O outro estava em liberdade.
Apesar da Justiça determinar o imediato cumprimento da pena, o réu que estava solto foi embora antes da leitura da sentença e, desta forma, foi expedido o mandado de prisão dele. O crime foi encomendado e planejado, há quase 13 anos, pela companheira da vítima, que, por ganância, tinha como objetivo ficar com direitos sucessórios de Marcelo, seguros, bens e pensão. Os executores, inclusive, receberam valores para matar o bancário.
“Hoje, a vítima faria 59 anos, se não tivesse sido covarde e cruelmente assassinada, tendo como mandante a própria companheira. Treze anos após, finalmente se fez justiça com a condenação dos responsáveis pelo gravíssimo crime que vitimou fatalmente Marcelo Henrique Prade. A justiça tardou, e muito, mas não falhou”, destaca a promotora Luciane Wingert.
RELEMBRE O CASO
Lisiane e Marcelo se conheceram através de um aplicativo de relacionamento e estavam juntos há, pelo menos, um ano. Desde o início do relacionamento, a família desconfiou dos reais interesses da psicóloga, que apresentava comportamentos estranhos. Lisiane engravidou de Marcelo, mas o bebê nasceu morto com oito meses de gestação.
A perda alterou o comportamento da esposa de Marcelo. Ele queria se separar, mas ela não aceitou o desfecho. Segundo familiares, a vítima pretendia encerrar a união no mesmo mês em que foi morto.
A perda do filho pode ter contribuído para a morte do pai, Elmo Henrique Prade. Ele enfrentava um câncer e a morte do filho debilitou sua saúde.