Conecte-se conosco

Região

Dia do Professor: Daiana Spies inspira com trabalho voltado à inclusão e acolhimento

15/10/2025 - 09h27min

Atualizada em 15/10/2025 - 09h30min

Professora da Escola Concórdia transforma a sala de recursos em um espaço de empatia, desenvolvimento e respeito às diferenças

 

Por Nadine Dilkin

Ivoti – Em um momento em que se celebra o Dia do Professor, no dia 15 de outubro, histórias como a da professora Daiana Raquel Spies reforçam a importância e o impacto da educação na vida das pessoas. Com dedicação, sensibilidade e amor pelo que faz, Daiana mostra que ensinar vai muito além do conteúdo: é acolher, compreender e acreditar no potencial de cada estudante.

Com mais de 20 anos dedicados à educação, a professora Daiana encontrou um novo propósito em sua trajetória docente ao assumir, desde o ano passado, a função de Atendimento Educacional Especializado (AEE) na rede municipal de Ivoti. Após anos atuando na alfabetização e nos anos iniciais, ela agora atua na sala de recursos na Escola Concórdia, um espaço voltado ao atendimento de estudantes com deficiência, autismo e altas habilidades.

 “Aqui é um lugar onde eu me encontrei”, conta Daiana.

“Sempre gostei do meu trabalho como professora alfabetizadora, mas este espaço me mostrou um outro lado da educação — o da escuta, da empatia e da convivência com as diferenças”, relata a professora.

Atividade com alunos, falando sobre emoções. Foto: Nadine Dilkin

Aprendizado que vai além do conteúdo
A sala de recursos atende atualmente cerca de 18 estudantes, que passam semanalmente por sessões individuais de 50 minutos. O atendimento, explica a professora, não é uma aula de reforço, mas sim um acompanhamento voltado ao desenvolvimento integral do aluno. “Trabalhamos todas as possibilidades da criança — cognitivas, emocionais e sociais. Cada um é único, com suas potencialidades e desafios”, diz.

Entre os alunos atendidos está Felipe Roballo Morshak, de 9 anos, estudante do 4º ano, que frequenta o AEE desde o primeiro ano. Felipe tem baixa visão e altas habilidades, e hoje é também um dos protagonistas dos projetos de inclusão promovidos pela escola.

“Os encontros são bem bons pra mim”, conta Felipe. “Eu gosto de participar dos projetos sobre o capacitismo, porque quero ajudar a conscientizar as pessoas sobre o respeito às diferenças.”

O projeto mencionado por ele nasceu do próprio interesse do estudante, que desenvolveu com a professora Daiana uma pesquisa sobre capacitismo — o preconceito contra pessoas com deficiência — e criou apresentações e bate-papos com colegas e famílias sobre o tema. “Foi um desejo dele desde o ano passado”, lembra a professora. “Ele queria falar sobre acessibilidade e respeito. Hoje, esse projeto é um exemplo de protagonismo estudantil.”

As apresentações também contaram com a participação da aluna Júlia Führ Schabarum, que relatou aos alunos, professores e famílias como é viver com paralisia cerebral.

Espaço de acolhimento e empatia
Além do trabalho individual, a docente também promove momentos de conversa nas turmas regulares, abordando temas como bullying, diversidade e empatia. “A gente tenta mobilizar toda a comunidade escolar a fomentar práticas cada vez mais inclusivas”, explica. “Essas ações mostram que a convivência respeitosa precisa ser construída desde cedo.”

O espaço físico da sala de recursos reflete essa filosofia: é acolhedor, com materiais sensoriais, jogos e objetos para autorregulação emocional — a chamada “caixa da calma”, como define a professora. “Aqui é um espaço de acolhimento e esse trabalho somente é possível através da colaboração entre todos que compõem a Escola Concórdia e da confiança em mim depositada.”

Para Daiana, o maior desafio da docência ainda é a falta de valorização profissional, mas ela se mantém motivada pelo que acredita ser o verdadeiro sentido de ser professora: “Ser professora é acreditar na possibilidade de melhora das pessoas. É acreditar que a educação transforma, que o conhecimento amplia horizontes. E ver isso acontecer, mesmo que em pequenos gestos, é o que me faz continuar na profissão”, conclui.

Professora Daiana com Júlia e Felipe em bate-papo. Foto: Arquivo Pessoal/Escola Concórdia

 

Conteúdo EXCLUSIVO para assinantes

Faça sua assinatura digital e tenha acesso ilimitado ao site.