Conecte-se conosco

Região

Diário Rural: casal de Presidente Lucena investe em flores comestíveis e hidroponia

19/05/2025 - 11h06min

Elemar e Tatiane descobriram a vocação no plantio de plantas hidropônicas (Crédito: Cândido Nascimento)

A hidroponia começou a ser praticada há 13 anos e as flores surgiram mais tarde

Por
Cândido Nascimento

Presidente Lucena – O sonho de muitas crianças do interior é quando crescer ter o seu próprio caminhão para dirigir e até realizar os serviços que seus bisavós, pais e avós realizavam na roça. Esse sonho foi alcançado por Elemar Backes, 39 anos, que, junto com a esposa Tatiane Fernandes, 36, trabalha desde 2012 com hidroponia. A hidroponia é uma técnica de cultivo de plantas sem o uso de solo, onde as raízes recebem nutrientes através de uma solução de água enriquecida com nutrientes.

O casal está junto há 16 anos. Depois de cultivar alfaces diversas, rúcula no sistema hidropônico e couve no sistema convencional, mais recentemente começou o cultivo de flores no sistema de semi-hidroponia. Esta é uma técnica de cultivo de plantas que utiliza substratos em vez de solo, para sustentar as raízes. As plantas são cultivadas em recipientes contendo esses substratos, que são mantidos úmidos por um sistema de irrigação que fornece água e nutrientes.

Foi por uma exigência do mercado que, há cerca de dois anos, começou a produção de flores comestíveis. Entre estas estão a boca-de-leão, tagetes, cravina, flor-de-mel e rosas. Tudo isso proporciona um colorido todo especial na parte final das estufas. Esses produtos são vendidos em pequenas bandejas plásticas aos restaurantes e demais clientes.

TRADIÇÃO RURAL E SONHO

Os avós maternos de Elemar chamavam-se Beno e Estefânia Weber (falecidos), e foram eles que adquiriram a propriedade rural na Nova Vila e já praticavam a agricultura. Os pais Romeu Backes, 78, e Maria Irena Weber,77, também seguiram a tradição dos antepassados. Eles plantam para subsistência alguma coisa de cana de açúcar e milho para tratar os animais, e também cultivam aipim e batata-doce. Romeu e Maria têm três filhos: Daniel, 42, Elemar,39, e Rosana,37.

“Desde bem pequeno eu ia junto na roça, naquela época não existiam as creches que têm hoje, e ajudava em várias tarefas. Até os 18 anos eu ajudei em casa e depois trabalhei em malharia (até os 26 anos) e também como empregado, fazendo entregas. Meu sonho era fazer o que meus pais e avós faziam, dirigir trator e ter caminhão. Hoje conquistei esse sonho. Há 13 anos estou trabalhando com esse sistema de hidroponia (verduras) e semi-hidroponia (flores)”, explicou o produtor.

O pai de Elemar comprou o seu primeiro trator em 2015 e, em 2017, Elemar e a esposa adquiriram o seu primeiro caminhão, um Mercedez 2006. No começo de tudo, as entregas eram realizadas com um carro de passeio (Corsa) e depois foi adquirida uma Kombi, sendo que as entregas são feitas em supermercados e restaurantes de Ivoti e Novo Hamburgo.

COMO FOI O COMEÇO

Em uma visita à casa da sogra, em Cerro Largo, Região das Missões, Elemar teve o primeiro contato com a alface hidropônica e conheceu a pessoa que produzia. Depois conseguiu alguns contatos de fornecedores. Os primeiros perfis, que integram o sistema de irrigação, foram adquiridos em São Paulo. Mais tarde se conseguiu um sistema de perfis mais em conta, comprado em Novo Hamburgo a um custo menor. A partir daí foram feitas pesquisas, mandar e-mails e participar de grupos de WhatsApp para troca de informações.

Primeiro foram construídas pelo casal seis canteiros em uma estufa de 150 m². Atualmente são 2.000 metros de estufas, com cerca de 24 canteiros com hidroponia. O sistema consome bem menos água que no modo tradicional, gerando maior economia. A produção inicial era 50 dúzias de alfaces (crespa, roxa e mimosa) e hoje são 700 dúzias produzidas. Entre os cuidados, está o cercamento das estufas, para evitar a entrada de insetos.

Um detalhe importante é que a produção se faz em ciclos. Durante o ano todo tem produção. É Elemar quem produz as mudas. Ele e a esposa plantam, cuidam e colhem, além de realizar as vendas e entregas. Para controle de pragas não é utilizado veneno, mas produtos biológicos naturais. E para controlar o excesso de sol é usado o sombrite sobre as estufas. Isso por que o calor excessivo prejudica as plantas.

Para realizar as tarefas é necessário levantar cedo, entre as 5h e as 7h da manhã. Para encerrar o dia é geralmente pelas 19 horas, mas, se for necessário, o horário é estendido até 21h ou mais tarde. Tatiane resume que gosta do que faz, apesar dos altos investimentos iniciais. “Sou muito feliz, já trabalhei em fábrica de calçados e em escritório, mas sou bem realizada com esse trabalho, pois me redescobri na agricultura”, conclui.

Conteúdo EXCLUSIVO para assinantes

Faça sua assinatura digital e tenha acesso ilimitado ao site.