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Diário Rural – Entre parreiras e raízes familiares: O sabor da persistência

16/07/2025 - 09h00min

Atualizada em 16/07/2025 - 09h45min

Blásio Alberto Berwan com mãos firmes e olhar apaixonado, carrega a alma da agricultura familiar

Ivoti – O segredo de quem ama o que faz: 26 anos de legado e amor que brotam da terra

Por Anna Bezerra

Blásio Alberto Berwan com mãos firmes e olhar apaixonado, carrega a alma da agricultura familiar

Blásio, o produtor rural que escolheu ficar na roça

Na pequena Picada Feijão, Blásio Alberto Berwan decidiu seguir onde muitos pararam. Com mãos firmes e olhar apaixonado, ele transformou o que herdou em vocação — e o que planta carrega a alma da agricultura familiar.

Entre videiras e coragem

Foi em 1999 que Blásio deu voz ao que já pulsava dentro dele. Na propriedade dos pais, em Picada Feijão, escolheu permanecer. “A atividade nasceu comigo”, resume. Ele viu muitos deixarem o campo, venderem, desistirem. Mas nele, a vontade era outra: fazer a terra seguir viva, como herança e futuro.

“A uva não prosperava aqui como entre os italianos. Por muito tempo, ela esteve só para o consumo da família, sem importância comercial. Mas eu gostava, tinha um bom vinhedo, e fui atrás de entender mais.” Foi na Alemanha, com formação profissional, que aprendeu o valor da qualidade — e voltou disposto a aplicar cada detalhe no solo de casa.

Foi em 1999 que Blásio deu voz ao que já pulsava dentro dele

A estrutura já existia, mas o vinho, antes feito apenas para a mesa, ganhou identidade. “Meu primeiro vinho foi em 1999. Até 2010, fiquei só com ele. Depois ampliei, vieram os sucos. E hoje é isso que me sustenta.”

A alma que não abandona o campo

O que Blásio faz vai além do produto. É resistência. Em uma região onde a renovação nas propriedades familiares é escassa, ele segue. “Nem podia imaginar que seria um dos únicos que ainda continuaria na terra dos pais. Antes, era leite, comida para sustento da casa. Comigo veio a paixão pela vinicultura.”

Hoje, produz vinhos finos, vinhos comuns e, principalmente, sucos — de uva: tinto, rosé e agora experimenta novos sabores, como maçã, bergamota e laranja. Parte da uva ele cultiva, parte compra. “Em parte eu produzo algumas uvas e a maior parte compro uvas de fora para fazer os sucos e tenho a parceria da CooperNatural (Cooperativa Vida Natural) de Picada Café onde a maior parte desses sucos eu mesmo com a minha uva que adquiro e produzo eu levo lá para serem engarrafados”.

Blásio produz vinhos finos, comuns e, principalmente, sucos

Participa de feiras, onde ouve o que mais o emociona: “As pessoas valorizam o que é feito com amor. Com verdade.” E entrega um segredo: “Amar o que se faz. Estudar, entender o erro. Ir devagar, sem pular etapas. Foi assim que construí tudo.”

Foi na Alemanha, com formação profissional, que Blásio aprendeu o valor da qualidade

Blásio não virou as costas para a roça. Pelo contrário: deu a ela novo sentido. E a cada garrafa, mostra que permanecer na terra não é só teimosia — é escolha de quem acredita que ainda vale a pena plantar o próprio futuro.

Em 1999, Blásio deu voz ao que já pulsava dentro dele

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