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Diário Rural: produtor rural de Ivoti foi craque da futebol e ficou conhecido por “Pelé”

09/05/2025 - 11h37min

As raízes na agricultura se mantém vivas até hoje  Crédito: Cândido Nascimento

Os antepassados do produtor tinham vacas de leite e cultivo de subsistência

Cândido Nascimento

Ivoti– Se alguém perguntar pelo nome do produtor rural Dacilo Schneider, 81 anos, é possível que quase ninguém conheça, mas se perguntarem pelo “Pelé”, todos vão saber quem ele é, pois, chegou a fazer seis gols em um jogo e um radialista da antiga Rádio Floriano (depois Progresso), de Novo Hamburgo, comentou sobre um jogo onde um dos atletas fez tantos gols e que parecia um “Pelé” do interior.
Os pais de Dacilo chamavam-se Pedro Schneider Neto e Leonilda. O casal morava na 48 Alta, próximo a uma cachaçaria, e teve 9 filhos. Ele auxiliava os pais na criação de algumas vacas leiteiras e prosseguiu nessa atividade por diversos anos. A família plantava um pouco de tudo, milho, feijão e arroz, além de verduras para o consumo da família.
Casado com Danila Weber Schneider, “Pelé” tem três filhos: Ângela, 57, Estelamaris, 55 e Marcelo, 50. Paralelo aos cuidados da roça, ele insistiu por jogar bola, mesmo pelo fato do pai não gostar disso, achando que ele podia se machucar em algum jogo e ficar impossibilitado para trabalhar. “O pai achava que a gente ia se quebrar, por isso não gostava que eu e meus irmãos participássemos dos jogos”, explica.

CHEGOU A USAR JUNTAS DE BOI

O produtor lembra que chegou a arar a terra utilizando juntas de bois e anos depois conseguiu comprar um trator. Ele foi morar na Feitoria Nova, próximo à antiga pedreira, e trabalhou com um sócio (Paulo Fuchs, falecido) e chegaram a ter juntos entre 40 e 50 vacas leiteiras. A produção chegou a 500 litros de leite por dia. A venda era direta, mas ele vendeu leite por 36 anos para a antiga Laticínios Ivoti e, mais tarde, para a Laticínios Nova Alemanha. Inclusive intermediou na década de 1980 a compra de terras de vizinhos à propriedade, mas foi um período de inflação alta, quando o investimento tinha que ser rápido para não ter perdas.
Pelé chegou a plantar acácia e negociou anos depois a lenha de acácia por parte da propriedade que possui atualmente. Ele também vendeu carvão para mercados e churrascarias em Campo Bom e Novo Hamburgo. Atualmente, o plantio se resume a alguns pés de aipim para consumo próprio da família.
“Desde criança eu gostei de trabalhar na agricultura”, explica o agricultor aposentado, que seguiu as tradições rurais dos seus antepassados. A esposa Danila e a cunhada Ivoni mantêm uma hortinha de couve, alface e tempero verde sem agrotóxicos. O filho Marcelo teve até pouco tempo um pesque e pague nos fundos da propriedade.

INSCRITO NA FEDERAÇÃO AOS 16

Aos 16 anos, na década de 1960, Pelé foi inscrito na federação Gaúcha de Futebol. Desde os 12/13 anos, Pelé e o irmão Rudy gostavam de jogar bola. Eles jogaram no Tupinambá, da 48 Alta, que passou a se chamar União. Aos 16 anos, foi jogar no Juvenil do Ivoti e foi no jogo contra o Aliança, de Picada Café, que marcou os seis gols e recebeu de um radialista o apelido de “Pelé”, que permanece até hoje.
Pelé lembra que jogou no campo do 15 de Novembro, em Campo Bom e no campo do Americano, no bairro Canudos, em Novo Hamburgo. No Tupinambá foi centro-esquerda e pelo Ivoti foi centroavante. Chegou a jogar contra o Grêmio e foi marcado pelo Valdir Espinosa (falecido em 2020), que mais tarde veio a ser o técnico do time gremista. Além de atleta (inclusive do veterano), ele foi dirigente do Ivoti e também jogou e foi dirigente do Capivarense, de Lindolfo Collor. Ele conta ainda que o seu irmão Pedrinho jogou pelo Ivoti, época em que o time levou o título de Campeão Amador do primeiro quadro. São registros que ficaram na memória do veterano atleta, que mantém num joelho os efeitos dos confrontos do futebol.

Registro na federação Gaúcha de Futebol foi aos 16 anos

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