Dois incêndios em menos de uma semana expõem falta de ambulância e equipes de socorro em Estância Velha

Por Geison Concencia
Estância Velha – Nos últimos sete dias, duas casas foram completamente destruídas por incêndios em Estância Velha. O primeiro ocorreu na sexta-feira (1º), no Lago Azul, em um beco da Rua Walter Klein; o segundo foi registrado na quinta-feira (7), na Rua Raimundo Corrêa, no bairro Floresta. Neste último caso, a demora na chegada dos caminhões do Corpo de Bombeiros foi questionada por moradores que presenciaram as chamas consumirem a residência, localizada sobre um mercado.

O tempo gasto para alcançar o local — que fica a poucas quadras do batalhão dos Bombeiros de Estância Velha — levantou questionamentos sobre a eficiência na resposta das forças de resgate diante de emergências. A situação também evidenciou a falta de efetivo, de equipes do SAMU e de outras ambulâncias, já que, no momento do incêndio, a guarnição local atendia um Atendimento Pré-Hospitalar (APH) que poderia ter sido realizado por outros serviços, como o SAMU ou convênios.

Diante dessa realidade, a redação do O Diário fez um levantamento sobre a disponibilidade de ambulâncias e outros serviços de emergência no município.

Em Estância Velha, apenas os Bombeiros atendem a todos os casos de APH, que incluem mal súbito, quedas, transporte de vítimas acamadas, entre outros. Não há qualquer outro tipo de suporte, como o SAMU ou ambulâncias municipais para esse tipo de demanda. As ambulâncias da Prefeitura realizam apenas transferências intramunicipais – do posto para o Hospital. Sobre o SAMU, a Administração informou que a implementação é de responsabilidade do Governo Federal, motivo pelo qual o município não conta com o serviço.

A situação difere de outros municípios, que possuem parceria com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência para atendimento de ocorrências como mal súbito, quedas, transporte de acamados e acidentes.

No comparativo, Ivoti — município com pouco mais de 24 mil habitantes — conta, além do Corpo de Bombeiros, com um convênio com o SAMU de Dois Irmãos e quatro ambulâncias próprias: duas adquiridas em 2024 e duas reservas mais antigas. Elas também prestam atendimentos de urgência, não ficando essa responsabilidade restrita aos Bombeiros. Inclusive, as ambulâncias municipais de Ivoti atendem casos de acidentes de trânsito.

Esse tipo de ocorrência é frequente e faz parte da rotina diária das forças de emergência e resgate. Um levantamento do Diário identificou as ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros de Estância Velha na quinta-feira, dia do incêndio no bairro Floresta. Das oito chamadas, sete eram para APH, sendo uma delas o transporte de uma vítima acamada. Naquele momento, o efetivo contava com quatro militares, sendo que um precisava permanecer no batalhão.

Corte de horas extras
Informações obtidas com exclusividade indicam que houve corte de horas extras pelo comando do Corpo de Bombeiros, o que teria reduzido o efetivo local. A reportagem procurou a comunicação do CBMRS, responsável por Estância Velha para verificar a veracidade da informação. Em nota, a corporação negou atrasos no atendimento, mas não respondeu sobre a redução das horas extras.

“O CBMRS foi acionado às 18h43 para combater um incêndio no município de Estância Velha. O Pelotão local estava atendendo uma ocorrência de atendimento pré-hospitalar em um local de difícil acesso na zona rural do município, então foram acionados os Pelotões de Novo Hamburgo e de Ivoti.
Às 18h52, o Pelotão de Novo Hamburgo chegou ao local e, às 18h54, o Pelotão de Ivoti veio como reforço. Às 19h30, o incêndio já havia sido controlado e teve início o rescaldo.

O Pelotão de Estância Velha está funcionando normalmente, 24 horas por dia, sete dias por semana, sem falta de efetivo.

Para esta ocorrência em questão, frisa-se que não houve atraso no deslocamento das guarnições.”