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Polícia

Dois Irmãos: Polícia aguarda laudo para apontar se morte de feto de cinco meses foi aborto ou homicídio

13/09/2023 - 17h25min

Atualizada em 13/09/2023 - 23h05min

Caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Dois Irmãos (FOTO: Cleiton Zimer / ilustração)

Feto caiu na privada

Por Cleiton Zimer

Dois Irmãos – A Polícia Civil ainda aguarda o laudo da necropsia para concluir o inquérito de um caso de aborto de um feto com 21 semanas – cinco meses.

A Delegacia apura se o bebê pode ter tido um instante de vida fora do útero da mãe e, se isso aconteceu, tanto a mulher como o homem [que tiveram um caso extraconjugal] poderão ser indiciados por homicídio.

A principal hipótese da polícia é que o homem (40 anos) tenha instigado a jovem (19 anos) a cometer o crime, já que ele é casado. 

JOVEM LEVOU O FETO AO HOSPITAL

De acordo com o delegado Felipe Borba, o crime aconteceu no dia 31 de agosto e chegou ao conhecimento da DP depois que a mulher deu entrada no Hospital São José com o feto, já sem vida. “Onde disse que acordou e quando viu, na cama, estava o bebê”.

No entanto a versão dela, pelas circunstâncias, não convenceu os profissionais de saúde e a polícia foi acionada. Os agentes conseguiram a confissão.

ATRAPALHARIA A VIDA DELE”

Borba explica que a mulher relatou que o aborto aconteceu na casa dela. “Disse que descobriu a gravidez e conversou com o cara com quem tinha um caso há mais de um ano. Ele teria dito que não daria para ter aquele filho”.

A jovem afirmou que, por ela, teria a criança, mas que ele se opôs – porque isso “atrapalharia a vida dele”. Sem saber o que fazer, ela passou a pesquisar maneiras de abortar, inclusive com chás. “Aí ele falou que sabia o que poderia solucionar, porque tinha acontecido com algum conhecido”. Entregou para ela o medicamento Cytotec – que ajuda na indução ao parto -, afirmando que teria que usá-lo.

CAIU NA PRIVADA

Ela teria ido para casa e usou o remédio. “Disse que começou a se sentir mal, ficando com a impressão que algo poderia sair. Foi no banheiro, sentou na privada e daí o feto caiu. Contou que não estava com aparência de vida, pegou, enrolou num pano e um tempo depois sentiu mais uma dor, e saiu a placenta. Ela pegou o feto e levou no Hospital.” A placenta teria sido encontrada pela mãe dela, que não sabia que a filha estava grávida até então.

O corpo da criança foi recolhido para necropsia, cujo laudo deve apontar se ela chegou a viver após o parto. O resultado ainda não saiu.

CONFORME MÉDICA, O REMÉDIO, EM TESE, NÃO MATARIA A CRIANÇA

Pelo peso e tamanho o feto teria aproximadamente 21 semanas. “A médica indicou que o remédio que ela tomou não gera a morte automática da criança, mas que só faz o corpo expelir”, relatou Borba, explicando que o bebê pode, inclusive, ter morrido afogado com a água da privada – e se isso for constatado, será homicídio. “Para ser considerado aborto, não pode ter tido um instante de vida fora o útero.

HOMEM ADMITIU QUE ENTREGOU O REMÉDIO

O acusado foi ouvido na Delegacia na segunda-feira (4). Enquanto a jovem disse ter um relacionamento há mais de um ano, ele defendeu que foram somente duas relações.

Ele não negou que entregou o medicamento. Mas disse que fez a título de ajuda, não para se beneficiar. Disse não acreditar que o filho poderia ser dele. Independentemente deste monte de argumento, ele vai acabar respondendo também, porque participou do crime”, disse Borba. 

Inclusive, o medicamento Cytotec é controlado. Conforme o delegado foi conseguido de maneira irregular.

O homem também tentou atrapalhar a investigação. No hospital a polícia teve acesso às mensagens em que a jovem dizia para ele que já estavam investigando o ocorrido. “O acusado orientava a mulher, a todo momento, a negar tudo para a polícia. Em tese, estava querendo atrapalhar a investigação.”

 

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