Por Cleiton Zimer

Dois Irmãos – Somente algumas horas após a morte do jovem Bruno Kauã Ribeiro Rocha, 22 anos – que morreu afogado na tarde de domingo (17) na Cascata São Miguel –, outros dois adolescentes, ambos 15, se afogaram na cachoeira do Parque Romeo Benício Wolf, o Parcão – pouco depois do meio-dia de segunda-feira (18).

Emili Augustin Duarte foi socorrida e levada à Emergência do Hospital São José, não resistiu e faleceu logo após dar entrada.

Miguel de Oliveira da Rosa foi internado em estado grave e, até a publicação desta reportagem, permanecia no Hospital São José aguardando transferência para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

Os dois foram socorridos por equipes do Corpo de Bombeiros e Samu com ajuda de populares.

DO CANUDOS

Os adolescentes são do bairro Canudos, Novo Hamburgo. Emili completaria seus 16 anos no próximo sábado, 23. Ainda não há informações sobre a despedida dela.

ESTAVAM ENTRE CINCO

Conforme o comandante do Corpo de Bombeiros, tenente Napp, os jovens estavam entre cinco no local – sendo um maior de idade: o motorista do carro em que vieram. “No hospital comentaram que parece que ela escorregou e caiu, e aí foi levada pela água até o buraco; ele se jogou para tentar tirar ela.”

Difícil acesso

O local é de difícil acesso. Para o resgate foi necessário o uso de corda para erguer as macas sobre o barranco. Depois, tiveram que ser carregados por cerca de 200 metros em uma trilha estreita com mato.

No meio percurso, a cada pouco, os socorristas paravam para fazer manobras de reanimação.

BURACO: Bruno foi encontrado a 12 metros de profundidade na Cascata São Miguel

O corpo de Bruno Kauã Ribeiro Rocha, 22 anos, foi localizado às 21h30 de domingo por uma equipe de mergulhadores da Companhia Especial de Busca e Salvamento (CEBS).

O afogamento aconteceu por volta das 16h40. Imediatamente os bombeiros locais realizaram buscas no perímetro onde o jovem desapareceu, mas ele não foi localizado.

Mais tarde os mergulhadores constaram o que dizem ser um buraco – para o que os moradores já alertam. O corpo de Bruno foi retirado de uma profundeza de 12 metros.

De acordo com Napp havia outro rapaz junto dele que também caiu enquanto estavam andando sobre as pedras. “Um deles sabia nadar e conseguiu sair. O que não sabia veio a óbito.”

Ambos os locais somam mortes

Tanto a Cascata São Miguel como a cachoeira do Parcão somam mortes por afogamento. Os locais são considerados perigosos e impróprios para o banho.

A Prefeitura, em nota, expressou profundo pesar pela trágica morte dos dois jovens por afogamento. “Alertamos que os locais em questão não são adequados para banho e, inclusive, recentemente foram instaladas placas nos locais alertando sobre o risco de banho, proibido fogo no local e descarte de resíduos. Pedimos a colaboração da comunidade no respeito às orientações e na conservação ambiental desses locais.”

Algumas placas foram arrancadas e, até mesmo, depredadas por frequentadores.

CUIDADOS NECESSÁRIOS

Conforme o comandante Napp, no Brasil os afogamentos são a segunda maior causa de morte e a sétima de hospitalização por motivos acidentais entre crianças com idade de zero a 14 anos, além das ocorrências com adultos.

Ele destacou alguns cuidados necessários:

– Ensine as crianças a nadar;

– Mesmo com boias e materiais flutuantes, crianças devem ficar na água sempre na supervisão de adultos;

– Não permita brincadeiras como corrida, saltos, e de empurrar perto de piscinas, rios ou lagos;

– Cerque a piscina para evitar que crianças entrem sem que os adultos estejam por perto e instale ralos com sistema de anti aspiração de cabelos;

– Não deixar brinquedos ou materiais dentro da piscina, pois atraem a atenção de crianças;

– Não deixe baldes ou bacias com água ao alcance de crianças e sempre deixar a tampa da privada fechada;

– Antes de entrar na água, não ingira bebida alcoólica e obedeça as sinalizações;

– Nade longe de pedras e estacas;

Se presenciar uma situação de afogamento, ligue imediatamente 193. Depois:

– Tente ajudar a vítima sem entrar na água, fornecendo um material flutuante para que a vítima se acalme, e posteriormente, com o auxílio de uma corda, um galho para tentar retirar essa vítima, sem entrar na água.

– Caso decida entrar na água, avise pessoas que estiverem por perto e evite contato direto com a vítima;

– Leve consigo um material flutuante para ofertar e rebocar a vítima até a margem em segurança.

Quando for a vítima:

– Tente manter a calma e manter o pulmão sempre cheio de ar, pois ele funcionará como uma boia;

– Caso esteja em um rio, tente jogar as pernas para frente, de forma a proteger a cabeça.

– A própria correnteza do rio em algum momento o levará para a margem do rio;

– Tente agarrar algum galho de árvore que esteja flutuando no rio, ele auxiliará sua flutuação.

 

“Não entre na água sozinho e não entre em lugares desconhecidos. Lembre-se, com essas medidas, você pode salvar vidas, inclusive a sua”, reforça Napp.