Região
EUA aplicam tarifa de 50% ao Brasil e acendem alerta no Vale do Sinos
Por Geison Concencia
Entrou em vigor nesta quarta-feira (6) o novo pacote tarifário dos Estados Unidos, que eleva para 50% a alíquota aplicada a uma ampla cesta de produtos brasileiros. A decisão pressiona a competitividade de segmentos tradicionais de exportação no Rio Grande do Sul e impõe reacomodação imediata de preços e contratos.
No Vale do Sinos, entidades da cadeia coureiro-calçadista relatam preocupação com perdas de pedidos e margens. A sobretaxa atinge não só calçados, mas também couros, componentes e artefatos, o que amplia o efeito em cascata — de curtumes a fabricantes de bolsas e acessórios. Prefeituras e governo estadual abriram frente de acompanhamento para medir o impacto por produto e por destino.
Estância Velha: exposição ao mercado externo
A fotografia das exportações de 2024 ajuda a dimensionar o risco para Estância Velha. O município somou US$ 84,96 milhões exportados no ano. Os Estados Unidos aparecem como terceiro principal destino, com US$ 13,70 milhões, cerca de 16% do total. China (US$ 21,03 mi) e Vietnã (US$ 14,42 mi) lideram a lista.
Do lado dos produtos, há alta concentração em couro: a rubrica “Peles, exceto as com pelo” responde por US$ 47,90 milhões (aprox. 56% da pauta local). Também figuram entre os itens relevantes extratos tanantes (US$ 11,49 mi) e outros produtos de origem animal (US$ 11,29 mi). Como couro e derivados estão entre os segmentos mais pressionados pelo tarifaço, a exposição de Estância Velha é significativa.
O que diz a Prefeitura
Em entrevista, o prefeito Diego Francisco afirmou que a administração municipal acompanha “com atenção e apreensão” os desdobramentos. Segundo ele, a medida “pode afetar diretamente setores fundamentais da nossa economia, como o de couro e peles, calçados, bolsas e outros artefatos de moda”. O prefeito acrescenta que as indústrias locais “já buscam alternativas para manter as exportações, mirando novos mercados além dos EUA”, e que o Município está “alinhado com o Governo do Estado para monitorar impactos e abrir novas portas no mercado internacional”. Ele reforça a prioridade em proteger empregos: “o melhor programa social é o trabalho”.
Impacto imediato e caminhos possíveis
No curto prazo, empresas avaliam renegociar prazos e preços com clientes norte-americanos e diversificar destinos, especialmente na Ásia e em países sul-americanos. Para o poder público, a tarefa é acompanhar indicadores semanais de pedidos, preservar postos de trabalho e apoiar a prospecção de novos mercados.
A tarifa de 50% dos EUA adiciona um custo que tende a encarecer e reduzir as vendas ao principal mercado do mundo. Em Estância Velha, onde um em cada seis dólares exportados vai para os Estados Unidos e mais da metade da pauta está em couro, o sinal de alerta é direto.
