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EXCLUSIVO: BAUERMANN COMENTA SUA TRAJETÓRIA E RETORNO AO FUTEBOL
Por Erick Maia
Na última semana, foi comemorado o Dia do Futebol. Esporte que leva milhares de jovens a tentar a sorte nessa modalidade. Entre eles, o jovem, Eduardo Bauermann, de 28 anos, natural de Estância Velha e com passagens por clubes como Internacional, América-MG, Santos e atualmente Everton do Chile. O atleta viveu os desafios da trajetória desafiadora de um jogador de futebol até a sua consolidação no profissional, com seus acertos e tropeços.
Em entrevista exclusiva, ele comenta sobre o episódio em que se envolveu no ano passado.
Luta interna e arrependimento
Eduardo reflete sobre o período mais difícil de sua carreira, marcado por decisões que lamenta até hoje. “Foi um período em que eu não conseguia me perdoar pelo que aconteceu. Não entendia por que tinha chegado àquele ponto e por que me comprometi com aquilo,” desabafa.
Ele explica que o arrependimento foi um dos sentimentos mais difíceis de lidar. “Não sou ganancioso, não fiz nada por dinheiro. Eu tinha um contrato de três anos com o Santos, o melhor contrato da minha vida. Aquilo não faria diferença financeira para mim naquela época,” esclarece. “Faltou posicionamento e uma mentalidade forte”, conclui.
Bauermann destaca que essa experiência trouxe um grande aprendizado mental e emocional. “O que fica realmente é o crescimento mental. Aprendi a ter uma boa mentalidade para tomar decisões na minha vida, mesmo que algumas armadilhas venham disfarçadas de boas oportunidades. Hoje entendo melhor e sei que ninguém vai mudar o que penso”, afirma.
Nova oportunidade
Apesar do arrependimento, Eduardo encontrou forças para recomeçar. “Hoje me sinto pronto para recomeçar e tanto que já recomecei. Já estou jogando e estou bem. Vejo isso como uma nova oportunidade para fazer diferente e ajudar os mais jovens a não cometerem os mesmos erros,” comenta.
Ele finaliza sua reflexão com uma mensagem de esperança e determinação. “O que fica realmente é o aprendizado e o arrependimento de ter me deixado envolver nessa situação. Mas, graças a Deus, tenho essa nova oportunidade. Agora, é pensar em evoluir e voltar a ser um exemplo, mostrando o verdadeiro Eduardo Bauermann”, finaliza.
Retorno
Sua emoção ao falar sobre seu recente retorno ao futebol é evidente. “Olha, foi um sentimento muito bom. Quase chorei no final da partida, mas me segurei. Fazia muito tempo que eu não tinha esse gosto de terminar uma partida”, Eduardo reflete sobre o momento especial.
Ele descreve a partida como um momento de alegria e realização. “Nós ganhamos e nos classificamos para a semifinal da Copa do Chile. Foi um momento muito feliz, onde vi que estou recebendo essa nova oportunidade,” celebra.
Novo começo
Para Eduardo, essa nova fase representa uma chance de recomeçar e mostrar seu verdadeiro valor. “Vai ser o momento em que eu vou dar a volta por cima. Vou voltar a ser exemplo e mostrar quem eu realmente sou. Os desafios do passado não vão definir quem é o Eduardo Bauermann de verdade,” afirma com determinação.
Com um espírito renovado, ele está determinado a aproveitar ao máximo essa oportunidade. “Agora é a minha chance e vou agarrar com as duas mãos. Estou feliz e pensando em continuar a evoluir,” conclui.
Primeiros passos
A história de Eduardo no futebol começou aos 8 anos, quando ele assistia seu pai jogar no campo da ponte, em Estância Velha. Naquela época, ele sonhava em estar junto, embora isso parecesse distante. “Eu acompanhava meu pai e brincava com meus irmãos e amigos, sem imaginar que o futebol se tornaria uma parte tão grande da minha vida,” relembra Bauermann.
Sua primeira oportunidade surgiu na Escolinha Tiradentes. Seu vizinho, Gerson, também do bairro Bela Vista, notou suas habilidades e ofereceu a chance de ingressar na escolinha. Ele arcou com todas as despesas, que na época eram de R$ 30 por mês, além do uniforme.
Com a entrada na escolinha, o que era uma brincadeira se tornou uma responsabilidade. “Mesmo sendo criança, isso já se tornou uma responsabilidade minha porque eu estava assumindo um compromisso, com horários para treinar, comer e dormir,” afirma Bauermann.
Categorias de base
Após alguns anos na escolinha, Eduardo recebeu sua primeira chance nas categorias de base. “Um conhecido viu um jogo meu e falou com o diretor das categorias de base do Inter, Preto. Ele me convidou para um teste,” relembra. O diretor, após boas recomendações, chamou a mãe de Bauermann e ofereceu a oportunidade de um teste.
Eduardo foi acompanhado pelo pai, mãe e o patrão do pai até o Beira-Rio. Inicialmente, ele faria um teste de três meses na categoria sub-12, mas foi aprovado no segundo dia. “Fui para casa, contei para meus pais, e todos ficaram muito felizes. A partir daí, comecei a jogar nas categorias de base do Inter,” relata.
Superação e Dedicação
Com dificuldades financeiras e de locomoção, Eduardo pegava uma van que passava por diversos municípios até chegar em Porto Alegre. “Foi um período de muito aprendizado, onde percebi a responsabilidade envolvida. Eu tinha certeza de que era algo que eu realmente queria”, diz.
Ele seguiu por um longo período na base do Inter, chegando às seleções de base e, após um retorno da seleção sub-17, estreou no futebol profissional pelo Inter. “Fui convocado para um jogo devido à lesão de um zagueiro e, no outro dia, fui titular em Passo Fundo, onde saímos com a vitória”, relembra.
Consolidação
Em 2015, ele se profissionalizou e conquistou sua vaga no time principal do Internacional. Bauermman atuou em algumas partidas do Campeonato Brasileiro e viu seu sonho se tornar realidade. “Foi um período muito bom, de grande aprendizagem, mesmo que depois eu tenha sido emprestado para outros clubes”, enfatiza.
Eduardo passou mais de 10 anos no Inter, mas teve que sair para jogar em outros clubes. Ele foi emprestado ao Náutico, Figueirense e Atlético Goianiense, onde desempenhou bons jogos. “Cheguei no Náutico e conhecia 2, 3 jogadores. Fui para outros clubes que não conhecia ninguém, então foram adaptações que passei”, ressalta.
Em 2019, após o fim do contrato com o Inter, Eduardo recebeu a primeira oportunidade no América-MG, mesmo sonhando com a Europa. “Lá eu cresci como pessoa e profissional, e o clube subiu de patamar naquela época.” Em 2020, o América subiu para a Série A e classificou-se para a Pré-Libertadores, uma campanha histórica.
Chegada ao Santos
Após a boa fase no clube mineiro, Eduardo recebeu uma proposta do Santos. “Quando recebi a proposta, nem acreditei de primeira,” relembra. Com a proposta oficializada, ele entendeu que todo o seu esforço valeu a pena, além da escolha de não ir para a Europa.
Conselhos
Eduardo enfatiza a importância de aproveitar as oportunidades e encarar o futebol com seriedade. “O conselho que dou é abraçar as oportunidades. O futebol é uma responsabilidade muito grande, mas vale a pena quando encaramos as dificuldades da maneira correta,” afirma.
Ele ressalta que a responsabilidade de seguir o sonho é individual. “Os jovens precisam agarrar essa oportunidade. Se tem o sonho de se tornar jogadores, ninguém mais poderá correr atrás disso por eles. Tem que acordar cedo, ir para a escola e treinar à tarde, sem tempo para brincar com amigos e familiares,” explica. “Somente eles podem realizar seu sonho. Às vezes, as crianças são iludidas pensando que ser jogador é mil maravilhas, mas não é assim,” conclui.
Bauermann compartilha suas dificuldades para inspirar. “Passei por muitas dificuldades. Muitas vezes pedi cesta básica na prefeitura de Estância para conseguir me alimentar. Mas, apesar dessas dificuldades, eu tinha ambição e sabia que, independente do que acontecesse, ninguém tiraria esse sonho de mim. Já acordei às 5h para ir a jogos no Tiradentes, mesmo que tivesse que caminhar sozinho no escuro,” lembra.
O Futebol como representação de vida
Para o jogador, o futebol é muito mais do que apenas um esporte. “O futebol representa tudo para mim,” afirma. “Vivi minha vida inteira praticamente em meio ao futebol. Comecei aos 8 anos e percebi que meu coração estava no futebol, e não em lutas ou vôlei.”
Ele descreve como o futebol moldou sua vida de diversas maneiras. “O futebol foi onde consegui crescer profissionalmente e, acima de tudo, pessoalmente. A cada desafio, eu crescia um pouco mais,” relembra.
Além do crescimento pessoal e profissional, Eduardo enfatiza o impacto espiritual do futebol. “Um grande crescimento que tive foi o espiritual. Isso me fez acreditar que eu podia chegar aonde cheguei e me estabilizar na carreira,” explica.
Sonhos
Aos 28 anos, Eduardo Bauermann acredita que ainda há muito a ser alcançado. “Tenho 28 anos, uma idade em que ainda vou passar por muita coisa, crescer muito e evoluir bastante. Espero que, nessa evolução, eu possa conquistar uma Champions League, um Mundial de Clubes,” comenta, vislumbrando grandes objetivos em sua carreira.
Além dos títulos de clubes, Eduardo também sonha em representar seu país em grandes torneios. “Se for da vontade de Deus, espero voltar para a seleção e disputar uma Copa do Mundo. Acho que esses são os principais campeonatos que todo jogador profissional almeja”, afirma.
Eduardo encerra sua reflexão com uma nota de determinação e fé. “Espero continuar evoluindo e conquistando meus objetivos, sempre com muita dedicação e confiança”, conclui.