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Família de homem desaparecido em Ivoti enfrenta nova tragédia

13/08/2025 - 20h25min

Neusa da Rosa, Luis Carlos e Elisandro. Familiares de pai e filha mortos em Porto Alegre (FOTO: Geison Concencia)

Após desaparecimento de “Pedrinho” em outubro de 2024, dois integrantes da família são mortos em Porto Alegre no Dia dos Pais

Geison Concencia

Ivoti – O Dia dos Pais foi difícil para uma família de Ivoti. Há quase um ano, o patriarca da família, Pedro da Rosa, conhecido como Pedrinho, desapareceu na localidade do Grotão, na 48 Baixa. Desde então, ele nunca mais foi encontrado. No domingo, a mesma família viveu mais uma experiência traumatizante: duas pessoas da família – pai e filha – foram brutalmente assassinados.

O crime ocorreu na Ilha Grande dos Marinheiros, no bairro Arquipélago, em Porto Alegre, e vitimou Sheila Lopes da Silva, 41 anos, e Rogério Santos da Silva, 61 anos. O crime foi de feminicídio, no caso de Sheila, e homicídio de Rogério.

Os dois foram mortos pelo ex-companheiro de Sheila, que não aceitou o fim do relacionamento e atirou contra sua ex. Ela sofreu um tiro no rosto e tórax. O pai tentou salvar a filha, mas acabou baleado e morreu.

Sheila foi visitar o pai no domingo, no Dia dos Pais. Seu ex-companheiro morava na casa ao lado. Quando ele a viu na residência, atacou e matou a vítima. O pai pegou um facão para defender, mas foi morto.

Uma terceira pessoa também foi vítima do assassinato: Djonatan Patrick da Silva Oliveira, de 20 anos, teve morte cerebral confirmada na terça-feira, 12, após ser baleado no último domingo, enquanto tentava intervir no ataque. Ele era vizinho do ex-companheiro de Sheila. Ao ver o ataque, tentou socorrer, mas acabou baleado.

Rogério é sobrinho de Neusa da Rosa, companheira de Pedro da Rosa, desaparecido em Ivoti desde outubro de 2024. Sheila era prima do filho de Pedrinho, Alexandre da Rosa.

O crime chocou a família em Ivoti, que tem ramificações na Ilha dos Marinheiros. O irmão de Rogério mora em Ivoti, atualmente. Ele veio para o Município após as enchentes que atingiram a Capital gaúcha. O sobrinho da vítima também reside em Ivoti.

“Rogério era uma pessoa festeira, sempre alegre. Dizia que nunca ficaria velho. Ele sabia viver a vida dele. A Sheila era uma menina de coração muito bom, sempre se preocupou com todo mundo. Às vezes não falava para gente o que acontecia com ela, para preservar a família do sofrimento. Ela sempre tentou proteger bem a família, mesmo passando por situações difíceis”, lembra Elisandro Pereira dos Santos, de 32 anos, sobrinho de Rogério e primo de Sheila.

Sheila pôs fim a um relacionamento de 20 anos, no qual era vítima de violência

Elisandro comenta que o autor do crime sempre teve um comportamento agressivo. Ele mesmo ressalta que não gostava do comportamento do agressor, que mantinha a mulher em um círculo de violência. Elisandro lembra que Sheila estava mais feliz após a separação do casal.

O autor do crime, que trabalha como segurança, tentou cometer suicídio e está hospitalizado. Três armas foram apreendidas com o atirador, conforme a polícia. São uma pistola 380, um revólver 38 e espingarda tipo puma.

Se não tivesse um Deus cuidando de nós, aí seria mais complicado”

Alessandro vê a foto do pai no celular (FOTO: Geison Concencia)

Alexandre da Rosa, que está há 10 meses sem saber o paradeiro do pai, que desapareceu em outubro de 2024, comenta a difícil missão de seguir em frente, diante da ausência do pai e, agora, com a morte do primo Rogério e sua prima de segundo grau Sheila. Além disso, uma tia está internada com problemas sérios de saúde. “Precisamos de força. Deus nos dá essa força para continuar, porque é difícil”, lamenta Alexandre.

A família tenta superar as perdas recentes, e olha com fé a possibilidade de reencontrar o pai, para aliviar as dores causadas no último ano com desaparecimentos e homicídios de integrantes da família.


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