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Região

Famílias de Linha Nova recomeçam a vida após deslizamentos

23/05/2025 - 09h00min

Parte da casa de Janete foi destruída pela terra. Fotos: Arquivo Pessoal

Vítimas da tragédia de maio relatam os desafios de reconstruir as perdas materiais

Por Nadine Dilkin

Linha Nova – As fortes chuvas e deslizamentos que atingiram Linha Nova entre abril e maio de 2024 deixaram várias famílias em situação de vulnerabilidade. Sete delas foram cadastradas no programa federal Minha Casa Minha Vida Reconstrução após trabalho conjunto das áreas de engenharia, obras e assistência social do município.

Atualmente, todas estão habilitadas no programa. Duas já assinaram contrato para aquisição de imóveis de até R$ 200 mil, encerrando o período de aluguel social. Outras três estão em fase de negociação para compra de residências dentro do mesmo valor.

As duas famílias restantes foram aprovadas na Faixa 3 do programa e receberão financiamento para aquisição ou construção de moradias, com recursos vinculados aos programas habitacionais do FGTS.

“Paredes caindo”

Janete Willers e Luis Rogério Pimentel foram afetados. O casal morava na Estrada Morro Grande. Na madrugada do dia 2 de maio de 2024, a casa deles foi parcialmente levada pela terra que deslizou do alto do morro.

“Estávamos dormindo e às 4 horas acordamos com as paredes caindo”, relata Janete. A terra bateu na casa e levou parte do cômodo de uma cozinha e sala. “A água dava na canela, por causa do açude. A terra caiu dentro e essa água e barro entraram na casa”, explica.

Ela conta que, no dia anterior, comentou em ajudar o senhor que teve a casa levada no Canto Schons e não esperava que aconteceria com eles também. “O jeito que a terra desviou, só por Deus, porque se ela viesse reto, tinha levado tudo”, exclama.

 “Fomos muito abençoados por Deus de estarmos vivos” – Janete Willers

 

A filha da Janete, Stephanie, morava numa casa ao lado com o marido e dois filhos pequenos. Felizmente, a casa não foi atingida. “Ainda estamos tentando aceitar isso, pois ainda é área de risco e não podemos ficar lá”, exclama Janete.

Ela conta que a filha estava morando lá recentemente, e agora recebeu seis meses de aluguel social da prefeitura para morar em outro local. “A casa dela não caiu, mas ela teve que ficar lá esse tempo porque não tinha para onde ir e começar do zero com duas crianças pequenas”, explica. Segundo a Assistência Social, a família da Stephanie foi habilitada no Faixa 3 do programa.

Recomeço

Nos primeiros 16 dias após o ocorrido, Janete, seu marido e a família da Stephanie conseguiram morar na casa de uns amigos que cederam um espaço. Depois adquiriram ajuda do aluguel social por um período, ela conta que tiveram apoio de várias pessoas. Com a ajuda dos R$ 200 mil do governo, conseguiram assinar contrato de uma casa em fevereiro deste ano e, em abril, se mudaram para a casa nova na cidade de Feliz.

“Trabalhamos tanto para ajeitar tudo como a gente queria, tinha as plantações e as árvores frutíferas e a metade foi embora”, declara. Janete conta que, apesar de não poder voltar a morar no local, estão podendo plantar e colher alguns alimentos.

Interior da casa de Janete

 “Todos saíram correndo

O Adelson Müller morava em frente a outra residência levada pela terra. Felizmente, não tinha ninguém na casa, pois ficou destruída. “Deu um barulhão e saí para olhar e tinha um monte de terra na entrada da casa”, relata.

Ele conta que logo escutou uns gritos por socorro e pensou em sair dali o mais rápido possível, pois estava escuro e não sabia ao certo o que estava acontecendo. “Só peguei o pai e a mãe e descemos a capoeira correndo”, explica.

Adelson relata que foram mais de 500 metros que desceu a terra, que parou em frente à sua casa. Ele conta que a terra se espalhou enquanto descia, mas que chegou a ficar uma altura de três metros pouco a cima da rua.

Adelson apontando para a casa destruída pela terra que permanece no local. Foto: Nadine Dilkin

 

 

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