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Há meio século juntos: a história do casal José e Nilsa Schäfer de Dois Irmãos

12/01/2024 - 07h50min

Atualizada em 12/01/2024 - 09h19min

Lembrança do casamento na Igreja Evangélica “do relógio”, em Dois Irmãos

Casal irá comemorar Bodas de Ouro no mesmo local onde casaram em 1974

Por Nicole Pandolfo

Dois Irmãos – O ventilador trabalha na velocidade máxima para refrescar o ambiente onde a dona Nilsa Maria Schäfer e o seu José Dalso Schäfer descansam no sofá enquanto assistem ao noticiário na TV. Apesar do calor intenso dos últimos dias, os dois compartilham a cuia de chimarrão atestando o hábito contraditório de todo gaúcho que se preze.

Acredita que só agora eu tive tempo pra olhar o jornal?!”, diz Nilsa apontando para a edição do Diário no braço do sofá. Era por volta das 14h e antes disso, segundo ela, o casal havia recebido diversos amigos e vizinhos que passaram pela porta da garagem aberta e resolveram entrar para bater um papo.

O dia do casamento, em 1974, é lembrado com carinho pelo casal: uma festa bonita com muitos convidados (Foto: Nicole Pandolfo)

Meio século juntos

Em 2024 faz 50 anos que eles moram nesta casa, o mesmo tempo em que estão casados.

A festa em comemoração às bodas de ouro, marcada para o dia 20 de janeiro, vai acontecer no mesmo local onde eles celebraram o casamento, na Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Dois Irmãos. A quantidade de convidados – que passa dos 100reflete a magnitude de meio século de vida juntos, e a construção de uma história a dois, em tempos de relacionamentos voláteis e passageiros, merece uma comemoração à altura!

O início da história

Entre idas e vindas de Barão a Dois Irmãos, passando pelos Kerbs de Ivoti e caronas na camionete de um tio, o relacionamento de José e Nilsa remonta à infância como amigos e vizinhos. Mas foi graças a iniciativa do seu José, no baile de um domingo à noite, tirando a Nilsa de 14 anos para dançar, que a amizade evoluiu para um namoro. Casaram em 1974 e se mudaram para a casa própria. Seu José aprendeu o ofício da pintura com o sogro e dona Nilsa se dedicava às fábricas de calçado. Os dois tinham uma rotina de trabalho intensa, sem descanso, o que fez com que o casal quitasse as dívidas da construção da casa muito cedo, mas lhes cobrou em saúde algum tempo depois: “Hoje tem muita tecnologia, mas nos primeiros anos não tinha”, conta José. “Nós lavávamos telhados com escova! Nem rolo pra pintar tinha quando eu comecei em 76.”

José Dalso mostra o quarto onde ele morou na casa da família da esposa antes deles casarem

A construção da família

Com a primeira gravidez de Nilsa, o que viria a ser a felicidade de um início de família, tornou-se um dos momentos mais difíceis da vida do casal. Em uma sexta-feira, 13 de agosto, ela deu à luz duas meninas gêmeas prematuras: “Elas tinham problema de pulmão, foram pra encubadora, mas tinha muita falta de luz… nós pedíamos pra levá-las pra Porto Alegre, mas diziam que não precisava”, conta dona Nilsa. A primeira bebê faleceu com 6 dias e a segunda 18. Dentro de semanas, eles ainda teriam que lidar com a perda do avô de Nilsa e com o pai do seu José. Dona Nilsa não sabe explicar como eles conseguiram enfrentar aqueles dias, ela acredita que a medicação que recebeu no hospital tenha amortecido a tristeza. Uma hipótese remota.

A alegria e o sonho de uma família se realizaria dois anos mais tarde com o nascimento do filho mais velho José Patrício, e se completaria 8 anos mais tarde com a segunda filha, Sabrina.

Um ajuda o outro. Não adianta brigar. Se um não está disposto, tem que dar um alívio, ficar quieto e deixar que passe.” Segundo dona Nilsa, essa é a filosofia que manteve o casal unido por todos esses anos. Depois da aposentadoria dos dois, aproveitaram o tempo para viajar em excursões com os amigos. Hoje, alguns problemas de saúde os mantêm em casa, mas não por muito tempo. O casal quer viajar mais e a próxima viagem, realizando um sonho da dona Nilsa, será de avião.

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