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Região

Jeferson Smaniotto é indiciado por lavagem de dinheiro e fraude no caso da Piá

12/10/2024 - 15h49min

Ex-presidente negava a crise e dizia que eram mentiras inventadas por alguns associados (CRED. DARIO GONÇALVES/ARQUIVO)

Ex-presidente, seu filho e integrantes do núcleo familiar são os principais envolvidos no crime que lesou a cooperativa

GIAN WAGNER BAUM

Nova Petrópolis/Região – O ex-presidente da Piá, Jeferson Smaniotto, seu filho, sua nora, um sobrinho do filho e o ex-presidente da cooperativa estão sendo indiciados pela Polícia Civil por crimes que lesaram a cooperativa Piá e resultaram, inicialmente, em um prejuízo de R$ 1,6 milhão. O inquérito foi concluído pela Delegacia de Polícia de Nova Petrópolis que indiciou o grupo por associação criminosa, furto qualificado mediante fraude e lavagem de dinheiro. Agora, o inquérito está nas mãos do Ministério Público que poderá dar sequência ao processo na Justiça.

A investigação comandada pelo delegado Fabio Idalgo Peres analisou mais de cinco mil páginas de documentos, atas, contratos, extratos bancários e notas fiscais e encontrou diversas provas técnicas que indicam a intenção de lesar a cooperativa em benefício próprio.

Uma das fraudes foi a venda de 16 veículos da frota da cooperativa para o sobrinho do filho de Smaniotto, sócio da empresa que adquiriu os veículos sabendo da origem ilícita. Destes 16 carros e utilitários, seis foram recuperados e restituídos à Piá. Os demais já foram repassados para terceiros.

Já o filho do ex-presidente e o próprio simularam a contratação da empresa ao qual o filho era sócio para prestar serviços de consultoria empresarial e contábil. Porém, além de não haver provas de que essa consultoria foi de fato prestada, o filho sequer era contador na época e se inscreveu no Conselho Regional de Contabilidade apenas em julho de 2022. Nestes contratos, o filho teria levado R$ 1,1 milhão dos cofres da cooperativa.

A nora de Smaniotto foi indiciada por ser sócia de uma das empresas envolvidas, além de receber valores em sua conta pessoal, caracterizando o envolvimento na lavagem de dinheiro. “É uma resposta que a gente dá para a comunidade e principalmente para o associado, para aquele produtor que entregou seu leite, entregou sua fruta, e não foi ressarcido”, diz o delegado. “Agradecer e parabenizar os policiais que se dedicaram a este caso para dar uma resposta rápida à comunidade”.

TENTARAM VENDER A PIÁ – Nas últimas semanas antes da debandada da cooperativa, Smaniotto e seus cumplices tentaram vender a Piá. A reunião está registrada em ata e a tentativa foi para uma empresa chamada Laticínios Pereira, de Toledo, no Paraná. “Foi uma intenção que mostra a total falta de conhecimento sobre o funcionamento de uma cooperativa”, explica o delegado. “Analisando tudo é nítido que houve um esforço para liquidar a cooperativa. As decisões sempre eram tomadas em detrimento dos próprios interesses da diretoria, e nunca pelos interesses da cooperativa”, explica o delegado.

Funcionários indiciados 

Enquanto enfrentava o pior momento da crise, em 2023, a diretoria estava assumindo dívidas milionárias e, poucos dias antes da debandada, funcionários fizeram saques em espécie no mercado e agropecuária com o intuito de pagar as rescisões dos funcionários mais próximos a Smaniotto. Estes funcionários responderão em termo circunstanciado.

 

 

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