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Libório Lota Molter, o homem que se doou à comunidade Evangélica de Boa Vista do Herva e, por quase quatro décadas, tocou o sino

05/06/2023 - 11h22min

Atualizada em 05/06/2023 - 11h30min

Libório tocou o sino por mais de 35 anos (FOTO: Rogério Savian / arquivo O Diário)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – Libório Lota Molter, 84 anos, faleceu no último domingo (4). Ele morava em frente à igreja Evangélica de Boa Vista do Herval e doou-se intensamente à comunidade ao longo de sua vida.

Além de doar terras, tanto para a igreja como para construir uma creche e praça,  por muitos anos, possuiu uma tarefa nobre para toda a comunidade: foi, até pouco tempo, o responsável por tocar o sino três vezes por dia, o ano todo. Ele cumpriu essa função por quase quatro décadas, até que foi colocado o toque automático.

Diariamente, Libório seguia seu ritual de levantar cedo e, às 5h45 da manhã, ia até a entrada da igreja para dar as primeiras badaladas na torre com a missão de despertar a todos para mais um dia de trabalho. Às 11h30, novamente, ele repetia o ritual para anunciar a pausa para o almoço e às 18h anunciando que mais uma jornada de trabalho estava encerrada e era hora da comunidade voltar para casa e se reunir com a família.

Nem mesmo o peso da idade, as fortes dores nas juntas e a dificuldade de caminhar faziam com que Libório pensasse em entregar a tarefa para outra pessoa executar. “Enquanto eu tiver forças, vou tocar o sino” – disse, em uma entrevista ao Diário em 2016, para o Especial de Aniversário do Município daquele ano.

Podia fazer chuva ou sol, o homem de cabelos brancos e voz mansa seguia seu ritual com o mesmo sentimento de um guerreiro que recebe uma missão e precisa executá-la.

Libório contou que foi incumbido de tocar o sino após o falecimento de Sebaldo Lechner, que era seu antecessor na atividade. Ele dizia que se sentia muito bem em fazer o trabalho. Além dos três horários pré-determinados, o sino também anuncia os cultos e falecimentos.

QUEM FOI LIBÓRIO

Nascido no dia 27 de maio de 1939, no município de Sapiranga, bem na divisa com Dois Irmãos, foi morar em Boa Vista do Herval com pouco mais de três anos de idade, juntamente com sua mãe e seu irmão. Como seu pai havia falecido, a família passou por dificuldades e sempre viveu da agricultura. “Lembro que no início haviam muito poucas famílias morando em Boa Vista e ainda estavam espalhadas mais perto das nascentes. Naquela época tinha que morar perto de onde havia água por que não existia energia elétrica para bombear”, disse.

Em 1961, Libório casou-se com Erna Molter, na mesma igreja que puxou o sino por vários anos. O casal teve três filhas: Nilce Molter, Nelce Molter Kuntzler e Neusa Molter Dapper. Hoje possui também seis netos e quatro bisnetos.

Libório foi por duas vezes presidente da Comunidade Evangélica de Boa Vista, onde também ajudou a construir o ginásio.

DESPEDIDA

Os atos fúnebres ocorrem na Capela Evangélica de Boa Vista do Herval. A cerimônia de despedida acontece nesta segunda-feira (5), às 16h, no Cemitério Evangélico de Boa Vista. (Fun. Schaumloeffel).

Além de sua esposa Erna, deixa enlutadas as filhas Nilce, Nelci e Neusa, os genros Inacio e Elisandro, os netos Cleiton, Deise, Tafarel, Rafael, David e Diego, os bisnetos Milena, Gabriele, Aurora e Dalila, a irmã Alice, demais familiares e amigos.

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