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Nióbio vira peça-chave em negociações do tarifaço entre Brasil e EUA
O nióbio, mineral estratégico do qual o Brasil detém cerca de 90% da produção mundial, tornou-se um dos principais pontos nas negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, em meio ao anúncio de tarifas americanas de até 50% sobre produtos brasileiros. O chamado “tarifaço” entrará em vigor em 1º de agosto de 2025 e tem gerado tensão diplomática.
Apesar das tarifas, o nióbio e outros minerais críticos, como terras raras e níquel, devem ser excluídos das sobretaxas, devido à dependência da indústria americana desses insumos. Atualmente, os EUA importam quase toda a sua demanda de nióbio, sendo o Brasil seu principal fornecedor.
Interesse estratégico
O governo americano vê no nióbio uma matéria-prima essencial para setores de alta tecnologia, defesa e infraestrutura. Autoridades dos EUA já sinalizaram interesse em um acordo bilateral que garanta o fornecimento contínuo do mineral, reduzindo a dependência de outros mercados, especialmente o chinês.
Por sua vez, o Brasil busca utilizar sua posição de liderança global para negociar melhores condições e evitar prejuízos a outros setores que podem ser impactados pelas tarifas. Segundo a Associação Brasileira de Mineração (Ibram), caso haja retaliações recíprocas, o custo para o setor mineral pode alcançar US$ 1 bilhão ao ano, devido à dependência de equipamentos importados dos EUA.
Acordos em discussão
Diplomatas dos dois países mantêm conversas para tentar minimizar os efeitos do tarifaço. Representantes americanos já se reuniram com mineradoras brasileiras, discutindo possibilidades de cooperação na exploração e fornecimento de nióbio e terras raras.
Enquanto isso, o governo brasileiro avalia diversificar destinos de exportação para reduzir a dependência do mercado americano. Especialistas apontam que a exclusão do nióbio das tarifas deve preservar a competitividade brasileira nesse segmento. No entanto, outros setores, como o de manufatura e agroindústria, podem sofrer perdas significativas caso não haja avanços diplomáticos.
