Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – Padre Eterno Alto foi povoado juntamente de Padre Eterno Baixo, quando os colonos, filhos e netos de imigrantes, aos poucos, vieram para a região.

Por volta de 1915, entre as localidades, os colonos construíram uma pequena escola totalmente de madeira.

O professor José Kreuz construiu um Salão de Bailes e alugou uma parte para servir de escola ao lado da Capela Nossa Senhora do Rosário.

Em 1962 um prédio novo foi construído pelo município de Dois Irmãos. O nome da escola é Padre José Scholl, em homenagem ao sacerdote que nasceu na paróquia e que também era músico.

O prédio de madeira e a falta de espaço fizeram com que, em 1982, o então prefeito de Dois Irmãos, Norberto E. Rübenich construísse um novo prédio em alvenaria e uma quadra esportiva. Naquela época, o número de alunos passava de 100, distribuídos em cinco séries. Atualmente, a escola está fechada e a comunidade usa o prédio como casa mortuária.

CONSTRUÇÃO DA CAPELA

Antes da formação da comunidade católica do Alto Padre Eterno, os moradores faziam parte do Baixo Padre Eterno, Santíssima Trindade, onde eram realizados 1° Eucaristia, Crisma, casamentos e enterros.

A distância, as péssimas estradas de acesso ao Padre Eterno Baixo e o aumento da população fizeram com que fundassem sua própria comunidade religiosa, os quais receberam total apoio do Pároco Cônego Afonso Scherer. Ele, esporadicamente, rezava missa na casa do colono Alfredo Dilkin e encorajava os moradores da região a colaborarem na construção.

Em 30 de dezembro 1944, a comunidade recebeu a licença. A planta e desenho foram montados por Dom Vicente Scherer, arcebispo de Porto Alegre.

A comissão da construção foi formada pelos seguintes pedreiros: Jacob Fröelich, o mestre de obras, Cenário Andréias, Leopoldo Andréias, Dovi Andréias, Albino Andréias, Aloísio Knorst e os carpinteiros Leopoldo Lindemann e João Fröelich.

Todos os associados e moradores ajudaram, em forma mutirão, na construção. As pedras de ferro para erguer as paredes foram quebradas na propriedade de Pedro Backes, localizada a uns 500 metros da atual capela. As terras onde se localizam a capela e o cemitério foram doadas por Jacob Schneider.

Em 14 de janeiro de 1945, aconteceu a bênção da pedra angular capela Nossa Senhora do Rosário e, em 9 de fevereiro de 1947, a da Capela pronta.

Por volta de 1952 a comunidade adquiriu o sino, quando construíram uma torre ao lado da capela de madeira. Em 1990, o pedreiro Harry Backes junto com sua equipe construiu a atual torre da capela.

COMÉRCIO E AGRICULTURA

Uma das principais casas comerciais da localidade pertenceu ao Edmundo Hörlle, que a vendeu, mais tarde, para Willy Schuh, que além do comércio de produtos agrícolas, de alimentação e vestuário, possuía um açougue e uma fábrica de queijo.

Para poder transportar os produtos, adquiriu um caminhão Chevrolet 1938 em 1939, uma novidade para a época. Essa propriedade foi vendida para Emílio Kreuz e Urbano Schaumloeffel que, mais tarde, passaram o negócio para o Alfredo Dilkin e, este, o vendeu para Heriberto Thomé.

Dificuldades que trouxeram novas oportunidades e colocaram o Herval no mapa estadual

Os colonos da época enfrentaram diversas dificuldades – tanto por questões econômicas, falta de técnicas, e até mesmo as terras que eram poucas e acidentadas. Isso levou a evasão de muitas famílias que passaram a buscar oportunidades em outras regiões. Autoridades começaram a perceber a migração e propuseram a introdução de novas culturas, a diversificação e novas técnicas de produção – que até então era centralizada em feijão, milho, arroz, tabaco, batata, dentre outros.

Por volta de 1953 o morador de Alto Padre Eterno, Albano Adolfo Sander, aceitou e recebeu 20 Kg de batata da variedade Gaúcha para que produzisse novas sementes. O plantio foi orientado pelo engenheiro agrônomo Clemente Goepfler, de São Leopoldo. O resultado obtido foi fantástico, pois dos 20 Kg plantados puderam ser colhidos 288 Kg, ou seja, 5 sacos e 38 Kg.

A partir dessa experiência, os colonos das redondezas fizeram a aquisição de pequenas quantidades de sementes novas, a fim de multiplicá-las, usando técnicas novas de plantio, usando adubo e fungicidas. Começaram a produção da batata em maior escala para abastecer o comércio e, assim, aumentar a sua renda.

Os primeiros colonos que adquiriram essas novas sementes foram Heriberto Thomé, Aloísio Schneider, Jacob Boeff, Walter e Alcídio Olbermann, João Blume, Ernesto Dapper e Nicolau Wendling.

Schupeda

A partir de 1957 veio para Santa Maria do Herval uma nova variedade de batata, de cor vermelha, de formato alongado e de aparência bonita. O nome era Baronesa (Schupeda). Com boa produtividade e uso de novas técnicas, espalhou-se rapidamente por toda a região.

A produção aumentou muito e teve boa aceitação no comércio. Os agricultores obtiveram lucro e a fisionomia da colônia ficou diferente. Os comerciantes locais começaram a comprar em grandes quantidades e comercializavam os produtos na grande Porto Alegre e, quando retornavam do varejo, traziam insumos aos agricultores, tais como, adubos químicos, calcários e agrotóxicos.

Entre 1960 e 1980 Santa Maria do Herval e arredores eram os maiores produtores de batata do Rio Grande do Sul. Com o bom desempenho da produção o nível econômico dos agricultores alavancou, surgiram melhorias nas propriedades, nas moradias e aquisição de automóveis.

Entre a década de 80 e 90 começou a superprodução nacional, porém na região de Santa Maria do Herval caiu. A qualidade e a produtividade diminuíram, as muitas doenças fizeram com que os agricultores não conseguissem mais renda. Enquanto que no campo a produção aumentava devido às lavouras mecanizadas e às novas técnicas de boas sementes, diminuíam os preços e os pequenos agricultores não podiam mais competir.

*Com informações dos arquivos do Museu Professor Laurindo Vier.