O medo de quem convive com o risco do alagamento em Dois Irmãos

Moradores voltam para casa depois de saírem preventivamente na última quinta-feira

Por Nicole Pandolfo

Dois Irmãos – “Nossa! Eu te vi e achei que fosse alguém da prefeitura avisando que o rio estava subindo!”, disse Laura Venâncio Pinheiro quando avistou a reportagem do Diário em frente a sua casa, na Rua Esporte Clube Vila Rosa. Ela e o marido Lucas Gonzaga da Silva saíram de casa com o auxílio da prefeitura e retornaram sábado (4) à noite, assim como outras famílias que vivem na região. A reação de Laura demonstra o trauma de quem quase teve sua casa alagada pela segunda vez em menos de um ano, já que em junho do ano passado, eles tiveram que sair de casa com água na altura da cintura. O casal pretende deixar a casa que é alugada: “Não dá pra ficar correndo toda hora a cada chuva que dá. É muito gasto com gasolina, paciência, cansaço”, conta Lucas.

Na casa de Letícia, o pluviômetro é instrumento essencial para quem vive em alerta com as chuvas

Trauma

Na casa ao lado, um pluviômetro preso ao portão também é sinal de que o volume de água a cada episódio de chuva forte é motivo de preocupação. Letícia Demiquelli conta que ela e a família resolveram permanecer em casa após o alerta da prefeitura na quinta à noite. “A ergueu tudo em casa e ficamos monitorando. Só a minha filha eu tirei de casa, porque na outra vez a gente saiu de dentro d’água com ela e ela ficou traumatizada”, disse Letícia, mãe de uma menina de 10 anos. Ela conta que, na enchente do ano passado, a casa da família havia sido construída a apenas 10 meses. Hoje, com as chances de episódios de chuva cada vez mais intensos, ela diz não querer permanecer na casa: “Eu disse pro meu marido, por mim eu saio e vou pra outro bairro, mas aqui desvalorizou muito, quem vai querer comprar?”