Polícia
Polícia investiga aborto de bebê com aproximadamente 5 meses em Dois Irmãos
Crime pode ser enquadrado como homicídio
Por Cleiton Zimer
Dois Irmãos – Um caso extraconjugal entre uma jovem de 19 anos e um homem de 40 anos resultou num aborto de um feto de aproximadamente 21 semanas – em torno de cinco meses. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Polícia Civil do Município, que apura se trata-se de um aborto propriamente falando, ou, se pode ser um homicídio.
A principal hipótese da polícia é que o homem tenha instigado a mulher a cometer o crime, já que ele é casado. Agora, através de um laudo da necropsia, buscam apurar se o feto teve algum instante de vida fora do útero e, se isso ocorreu, pode ser enquadrado como homicídio.
JOVEM LEVOU O FETO AO HOSPITAL
De acordo com o delegado Felipe Borba, a situação aconteceu na quinta-feira da semana passada (31), e chegou ao conhecimento da DP depois que a mulher deu entrada no Hospital São José com o feto, já sem vida. “Onde disse que acordou e quando viu, na cama, estava o bebê”.
No entanto a versão dela, pelas circunstâncias, não convenceu os profissionais de saúde e a polícia foi acionada. Os agentes conseguiram a confissão.
“ATRAPALHARIA A VIDA DELE”
Borba explica que a mulher relatou que o aborto aconteceu na casa dela. “Disse que descobriu a gravidez e conversou com o cara com quem tinha um caso há mais de um ano. Ele teria dito que não daria para ter aquele filho”.
A jovem afirmou que, por ela, teria a criança, mas que ele se opôs – porque isso “atrapalharia a vida dele”. Sem saber o que fazer, ela passou a pesquisar maneiras de abortar, inclusive com chás. “Aí ele falou que sabia o que poderia solucionar, porque tinha acontecido com algum conhecido”. Entregou para ela o medicamento Cytotec – que ajuda na indução ao parto -, afirmando que teria que usá-lo.
CAIU NA PRIVADA
Ela teria ido para casa e usou o remédio. “Disse que começou a se sentir mal, ficando com a impressão que algo poderia sair. Foi no banheiro, sentou na privada e daí o feto caiu. Contou que não estava com aparência de vida, pegou, enrolou num pano e um tempo depois sentiu mais uma dor, e saiu a placenta. Ela pegou o feto e levou no Hospital.” A placenta teria sido encontrada pela mãe dela, que não sabia que a filha estava grávida até então.
O corpo da criança foi recolhido para necropsia, cujo laudo deve apontar se ela chegou a viver após o parto. O resultado ainda não saiu.
CONFORME MÉDICA, O REMÉDIO, EM TESE, NÃO MATARIA A CRIANÇA
Pelo peso e tamanho o feto teria aproximadamente 21 semanas. “A médica indicou que o remédio que ela tomou não gera a morte automática da criança, mas que só faz o corpo expelir”, relatou Borba, explicando que o bebê pode, inclusive, ter morrido afogado com a água da privada – e se isso for constatado, será homicídio. “Para ser considerado aborto, não pode ter tido um instante de vida fora o útero.”
HOMEM ADMITIU QUE ENTREGOU O REMÉDIO
O acusado foi ouvido na Delegacia na segunda-feira (4). Enquanto a jovem disse ter um relacionamento há mais de um ano, ele defendeu que foram somente duas relações.
“Ele não negou que entregou o medicamento. Mas disse que fez a título de ajuda, não para se beneficiar. Disse não acreditar que o filho poderia ser dele. Independentemente deste monte de argumento, ele vai acabar respondendo também, porque participou do crime”, disse Borba.
Inclusive, o medicamento Cytotec é controlado. Conforme o delegado foi conseguido de maneira irregular.
O homem também tentou atrapalhar a investigação. No hospital a polícia teve acesso às mensagens em que a jovem dizia para ele que já estavam investigando o ocorrido. “O acusado orientava a mulher, a todo momento, a negar tudo para a polícia. Em tese, estava querendo atrapalhar a investigação.”
SOBRE O ABORTO E O MEDICAMENTO CYTOTEC:
A reportagem conversou com um médico de referência na região, para entender um pouco mais sobre o medicamento Cytotec.
Sob a condição de não ser identificado, informou que no Brasil o uso do Cytotec (misoprostol) é legalmente permitido para fins médicos específicos, incluindo a indução do aborto em determinadas circunstâncias. “É importante ressaltar que as leis e regulamentações em relação ao aborto no Brasil são complexas e podem variar dependendo da idade gestacional e das condições de saúde da mulher”, cita.
Pontos importantes a considerar sobre o uso do Cytotec no Brasil:
1. Legislação: O aborto é considerado legal no Brasil em casos de estupro, risco de vida para a mãe e anencefalia fetal. Fora dessas circunstâncias, o aborto é ilegal, a menos que autorizado por decisão judicial.
2. Supervisão Médica: Quando realizado legalmente, o uso do Cytotec para induzir o aborto deve ser feito sob supervisão médica. Um médico qualificado avaliará a situação e determinará a melhor abordagem.
3. Aquisição: O Cytotec é uma medicação sujeita a receita médica no Brasil e só deve ser obtido por meio de uma consulta médica legítima.
4. Riscos e Efeitos Colaterais: O misoprostol pode causar efeitos colaterais, incluindo cólicas uterinas e sangramento vaginal intenso. A administração adequada e o acompanhamento médico são essenciais para garantir a segurança da mulher.
5. Informação e Aconselhamento: É crucial que as mulheres que considerem o uso do Cytotec estejam bem informadas sobre os riscos e as alternativas disponíveis. Aconselhamento médico e psicológico também são importantes durante todo o processo.
6. Contraindicações: O misoprostol não deve ser usado por mulheres com certas condições médicas, como alergia ao medicamento ou gravidez ectópica. A avaliação médica é fundamental para determinar a elegibilidade.