Região
Preço dos alimentos subirá este ano
Aumento no valor das carnes pode se estender até 2026
Por Anie Julie Rodrigues – Região
O resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado no mês de novembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstra um aumento contínuo no preço da carne bovina no país. Nos últimos 12 meses, os preços cresceram 15,43%, percentual que seguirá subindo ao longo do ano de 2025. A alta é resultado de diferentes fatores, que envolvem o clima, exportação, oferta e o ciclo de produção dos animais.
Além dela, alimentos como o café, carne de frango e ovos também se projetam na subida dos valores. Por conta de secas e da alta demanda na exportação, a tendência apontada pelo IPCA caminha junto do aumento do valor do dólar.
No caso do café, que é uma commoditie, os eventos climáticos que atingiram as regiões produtoras do Brasil afetaram drasticamente as plantações e, por consequência, o preço, já que nosso país é o maior exportador do planeta, responsável por 38% de todo o consumo mundial. O segundo colocado mundialmente é o Vietnã, que também passou por secas constantes seguidas de chuvas fortes, e as consequências serão sentidas em todo o mercado.
Em relação ao frango, especialmente no Rio Grande do Sul, por conta das enchentes, a produção aviária foi afetada. O IPCA demonstrou o aumento no índice de mais de 7% somente na região sul do país, onde o prejuízo ultrapassou 245 milhões de reais entre criação, manutenção, produção, transporte e logística dos frangos. Parte desse custo afetará o valor durante todo o ano.
Pensando no transporte, mesmo com a Petrobras não seguindo a Política de Paridade Internacional, o aumento no preço dos combustíveis vai acontecer, criando um efeito cascata em todos os setores.
O que afeta o preço das carnes?
Com o aumento dos abates nos últimos anos, o número de animais no campo diminuiu, o que ocasiona um efeito cascata: mais bezerros precisam ser produzidos, e o tempo de crescimento é longo, logo, menos animais estão disponíveis para a produção da carne. Outro fator de peso está relacionado às secas que atingiram o país nas áreas de maior criação, gerando mais custos para manter os animais, o que se reflete diretamente no bolso do consumidor.
Além desses dois fatores, o consumo de carne aumentou por conta da melhora financeira da população, e a exportação de carne também compromete boa parte da produção, encarecendo os cortes. O valor só cederá conforme o aumento na criação dos animais e a melhora climática, prevista para acontecer somente em 2027.
Desde 2023, até agosto de 2024, a inflação entorno das carnes no país tinha apresentado uma queda sistemática, mesmo com o aumento nos preços. A partir de setembro, o número quintuplicou, saindo de 2,92% para 15,43%.
Mesmo com o reajuste de 7,5% no salário mínimo, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), revelou que o valor ideal para o ano passado deveria ser de R$ 6.657,55, cobrindo necessidades básicas como alimentação, saúde e transporte. Levando isso em consideração, o consumidor precisará encontrar métodos para garantir a alimentação de cada dia.
O que são commodities?
Commodities são produtos primários, que são produzidos e vendidos em grande escala. São insumos básicos para a produção de bens e serviços em diversos setores da economia global. Por não serem industrializadas, não se diferem independentemente de quem as produziu ou de sua origem, o que torna seu preço uniforme, determinado pela oferta e procura internacional.