Região
Prefeitura leva um ano para iniciar reparos em erosão que ameaça destruir casa de família em Estância Velha
Por Geison Concencia
Estância Velha – A diarista Roselaine de Fátima Hobuss, 46 anos, vive com medo dentro da própria casa no bairro Sol Nascente. Há cerca de um ano, uma erosão começou a comprometer a estrutura do imóvel onde ela mora com o marido e a filha. O problema, que teve início em maio de 2024, ainda não foi resolvido, apesar das diversas tentativas da família em obter ajuda junto à Defesa Civil, à Secretaria de Obras e ao Ministério Público.
O caso começou quando Roselaine e o marido, que é pedreiro, notaram rachaduras no piso dos fundos da casa, em uma área de lazer usada pelos netos. Ao retirar o revestimento, descobriram uma grande erosão subterrânea. “Estava somente o piso se sustentando”, relata Roselaine. A situação é tão grave que o filho do casal decidiu sair de casa por medo de desabamento.
Desde então, o casal passou a buscar auxílio em diferentes órgãos. Inicialmente, a Defesa Civil enviou um representante ao local, que prometeu resolver a situação com brevidade. No entanto, a obra não foi iniciada. Após novo contato, o caso foi repassado para a Secretaria de Obras, que chegou a visitar o imóvel duas vezes. “Eles começaram a cavar, desistiram e foram embora, deixando até uma pá no local”, conta a moradora.
A luta de Roselaine se intensificou. Procurou novamente a Defesa Civil, a Prefeitura e até marcou uma audiência no Ministério Público, que acabou sendo desmarcada. O próprio vice-prefeito chegou a visitar a residência e se comprometeu com o conserto. Mesmo assim, até agora, nenhuma medida efetiva foi tomada, segundo a moradora.
Hoje, a família vive em constante tensão. Um dos banheiros e a cozinha foram interditados, e Roselaine precisou adaptar a rotina. “O piso está oco. A estrutura da casa está comprometida. As rachaduras aumentam cada vez mais”, afirma. Quando chove, ela relata que passa a noite acordada, ouvindo os estalos da estrutura e temendo pelo pior. “Estamos com medo de ficar em nossa própria casa.”
Além do risco estrutural, a erosão expôs uma rede de esgoto, agravando ainda mais o problema. “No Natal, estava quente e o cheiro era insuportável. Na hora de servir a janta, as pessoas perceberam. Eu sabia: era o cheiro do esgoto. Não é só da minha casa, mas da vila inteira”, relata Roselaine. Segundo ela, a tubulação passa justamente pela área afetada, o que agrava o risco de desmoronamento.
A casa, construída com muito esforço há 18 anos, ainda não estava completamente finalizada. “É triste ver o que construímos com tanto sacrifício ameaçado assim. A gente paga imposto de tudo. E se sente excluído. Fico me perguntando: será que alguém realmente está pelo povo? A conclusão que eu chego é que não. Somos abandonados.”
O abalo emocional causado pela situação levou Roselaine a procurar ajuda médica. “Tive que começar a tomar remédio porque não conseguia dormir. À noite, a gente escuta barulhos, e o medo é constante.”
O que diz a Prefeitura
Em nota, a Prefeitura informou que está ciente do caso e que o setor de engenharia já recomendou a correção preliminar da fundação do imóvel, a fim de conter o assoreamento da rede de esgoto. Segundo a Secretaria de Obras e Serviços Urbanos (SEOSU), tão logo foi informada da situação, foi solicitado parecer ao setor Jurídico do município, devido ao fato de o problema ocorrer em área particular e envolver riscos estruturais.
O setor Jurídico, por sua vez, segue o parecer da engenharia e também recomenda a realização do reparo e das intervenções necessárias para cessar os riscos à estrutura, aos moradores e às equipes envolvidas.
A Prefeitura também informou que “nunca foi dito que o trabalho não seria feito, porém, para que o serviço seja realizado com segurança aos funcionários da prefeitura, por recomendação técnica em laudo de engenharia, foi atestado que a estrutura da casa precisa estar (também) em segurança, abre aspas “e isso é uma providência que o morador devia ter tomado em seguida, quando de fato os operadores deixaram o local e eles tiveram ciência da situação”.