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Região

Problemas crônicos no abastecimento de água geram uma inconformação geral entre moradores de Estância Velha

09/12/2024 - 16h14min

Luciane Lutz vive com a constante falta de abastecimento de água no bairro União (FOTO: Geison Concencia)

Por Geison Concencia

Estância Velha – Até quando? Essa pergunta ecoa entre os moradores de Estância Velha, que há anos, convivem com as constantes faltas de água no município. Não bastasse a recorrência, na última semana, os clientes da Corsan ainda foram submetidos a um descaso e negligência da empresa, que deixou quase a cidade inteira sem água de domingo a quinta-feira.

Apesar do retorno desse bem primordial e básico, a confiança em relação à concessionária despenca entre os consumidores, que vivem o receio diário de chegarem em suas casas e não terem com que tomar banho, fazer a limpeza e até trabalhar.

A frustração é constante. O episódio recente não foi um caso isolado da falta de eficiência da empresa. É unanime entre os moradores que o sistema atual de abastecimento deixa lacunas abertas.

A diarista Luciane Lutz, que mora no bairro União, relata o drama que vive há pelo menos seis anos. Inclusive, ela guarda uma reportagem feita em 2018, cujo conteúdo relata o mesmo problema, a água que não sai das torneiras.

“As faltas de água são constantes em nosso bairro. Todas as semanas e dias falta água. Nosso problema é bem antigo aqui no bairro União. Porém, até hoje, sem solução. Gostaria que as autoridades competentes do município dessem uma atenção e uma solução.

Luciane ainda tem dois filhos, que precisam estudar. “Nossos filhos são pequenos e não tem como dar uma assistência a eles. É bem complicado. Acredito que deveríamos ter um abatimento no valor da tarifa. Hoje, o valor é caro. Uma conta de água, por exemplo, vem R$ 310. Eles deveriam fazer a parte deles, porque os consumidores fazem a sua”, aponta.

Com as constantes faltas de abastecimento, a moradora do bairro União relata os prejuízos que tem no seu trabalho, já que é diarista e, às vezes, seus empregadores não têm como dar serviço porque não há água.

Luciane com uma matéria de jornal publicada em 2018 sobre falta de água no município

“Pior episódio é ficar Natal e Ano Novo sem água; tu estar em uma situação de saúde, voltando de um hospital e não ter como fazer uma higiene pessoal. Isso são coisas que abalam e mexem com nosso psicológico”, lamenta. 

Mesmo reservatórios, nem sempre conseguem suprir desabastecimento

Vinicios Iager

Não muito longe da residência de Luciane, os moradores do Lago Azul convivem com o mesmo problema. Até aqueles que têm reservatório de água chegam a ficar desabastecidos. É o caso de Vinicios Iager, de 41 anos.

“Ultimamente, é frequente as faltas de água. Nas últimas semanas, faltou terça-feira e retornou somente na quinta-feira. O serviço da Corsan está bem complicado”.

Vinicios ainda lembra que a revolta dos moradores é maior devido a exigências da Corsan com relação à implementação de um novo sistema de esgoto, no qual onera os clientes. Ele destaca que não é contra, mas que o serviço precisa ser prestado de forma correta.

“As casas são obrigadas a implantar o novo sistema de tratamento de esgoto, e é necessário. Mas eles estão muito preocupados nas inspeções e nas cobranças de taxas, mas o básico que é a água não está sendo fornecido. É bem ruim o serviço da Corsan, nos últimos tempos”, explica.

Feriados sem água

Vanderlei Machado

Assim como Luciane, o morador do Lago Azul, Vanderlei Machado, sabe como é passar um feriado inteiro sem água. Ele recorda da Proclamação da República, no dia 15 de novembro. Feriado nacional caiu na sexta-feira, um alívio para muitas pessoas recarregarem as energias. Mas lazer foi interrompido por três dias sem água.

“Este ano, principalmente, faltou muito. Por exemplo, no feriadão de 15 de novembro, foi sexta, sábado e domingo. Falta às 17h e retorna às 23h. O episódio mais grave aconteceu esta semana, em que foram quase 72h. Eu não tenho reservatório, é uma falha minha, pretendo instalar. Sou obrigado colocar porque não tem como viver sem”, desabafa.

Vanderlei trabalha no setor de saneamento em outra companhia. Para ele, é injustificável ficar tanto tempo sem água. Além disso, também questiona o aumento do custo da tarifa.

“Quando falta, fica de um a dois dias sem”

Fabiano Luis Rosa

Levantar às 3h da manhã para tomar um banho. Essa é a realidade imposta ao morador do Lago Azul Fabiano Luis da Rosa, de 39 anos.

“Geralmente, quando acontece, ficamos de um a dois dias sem água. Para quem não tem caixa ou poço fica ruim. Não dá para lavar louça, fazer comida e tomar banho. Tenho três filhos pequenos e fica difícil, pois elas não conseguem tomar banho para ir à escola. Teve uma vez que esperei a água até as 3h da manhã para tomar meu banho. Trabalho com curtume e a gente fica com o cheiro do couro, por isso, levantei-me de madrugada. Não tem como aguentar. Para isso, deixo a torneira ligada para saber quando retorna o abastecimento”, relembra as horas frustrantes”.

Todas essas vozes são uníssonas no que diz respeito ao abastecimento de água no município. O espaço segue aberto para manifestação da empresa.

Prefeito vai a AGESAN solicitar melhorias

Um dia após retornar das férias, o prefeito Diego Francisco procurou a Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento do Rio Grande do Sul – AGESAN -, para discutir os acontecimentos.

“A pauta principal foi a frequente falta de água em nossa cidade, especialmente nos últimos dias, o que tem gerado grande insatisfação entre os moradores. Também discutimos as cobranças nas contas de água relacionadas ao tratamento de esgoto. Reforcei junto à agência a necessidade de respostas rápidas e soluções concretas para essas questões, pois o fornecimento de água é essencial para a qualidade de vida de todos”, diz nota publicada nas redes sociais do prefeito.

 

 

 

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