Região
Projeto Cemitérios Patrimoniais registra memória oral para guardar história em Dois Irmãos
Dois Irmãos
Os cemitérios de Dois Irmãos representam um importante patrimônio histórico que já foi alvo do interesse e visita até mesmo do arqueólogo, historiador e museólogo francês Hugues de Varine, considerado um precursor da nova museologia em todo o mundo. A memória da comunidade em relação a esses locais está sendo registrada no projeto Cemitérios Patrimoniais: Preservando Memórias e Materialidades – Etapa I, selecionado no EDITAL SEDAC/LPG nº 11/2023 – Edital de Concurso Pesquisa, Registro e Memória. Os pesquisadores identificaram pessoas da comunidade e estão gravando seus relatos, com o objetivo de guardar a memória, especialmente em relação aos cemitérios evangélico-luteranos do Centro e do bairro Travessão.
As entrevistas já foram registradas em vídeo com nove convidados. “Nossa pesquisa histórica identificou algumas pessoas ligadas ao mutirão realizado ainda nos anos 90, quando teve início um grande movimento de preservação desse patrimônio cemiterial em Dois Irmãos” diz o Doutor em História Cristiano Enrique de Brum, que atua no projeto. “Estas primeiras pessoas indicaram outras e, combinando com outras fontes e referências, chegamos ao total de 11 nomes, todos convidados para as entrevistas. Ainda teremos mais duas gravações, garantindo a preservação de parte importante da memória oral da comunidade”, ressalta Cristiano.
O trabalho tem resgatado informações sobre as primeiras mobilizações na cidade pela preservação da história patrimonial. “Estamos investigando como a comunidade se apropriou deste patrimônio histórico e cultural que os cemitérios de Dois Irmãos representam e como conseguiu se mobilizar pela preservação”, conta o historiador. Outro alvo é mapear os escultores da época, que produziam as lápides históricas. O trabalho já identificou descendentes de Jakob Schmitt, o mestre artífice mais conhecido da região, e pelo menos mais um artista: Helmuth Hoppen, com dois netos dele também localizados. Alguns desses familiares estão entre os entrevistados.
PRESERVAÇÃO – Idealizado pela Mestre em Arquitetura Ingrid Arandt, o projeto dos Cemitérios Patrimoniais busca, acima de tudo, promover a conservação dos locais. “São bens culturais que possuem elevado risco de desaparecimento. O tombamento municipal, em 2003, foi uma importante ação para a preservação, mas não garante a perpetuação desses bens às futuras gerações. Os espaços não sofreram a manutenção e conservação adequadas nos últimos 20 anos, e já se percebe a descaracterização do conjunto arquitetônico de lápides, especialmente no Cemitério Evangélico do Centro”, lamenta Ingrid.
Além da história oral, os pesquisadores já realizaram saídas de campo para registro de lápides esculpidas e simbologias da arte funerária. “Também estamos fazendo o levantamento cadastral e o registro do estado de conservação das lápides do cemitério tombado do Travessão, e ainda teremos oficinas e exposições para diferentes públicos”, salienta Ingrid.
O Projeto Cemitérios Patrimoniais: Preservando Memórias e Materialidades – Etapa I tem financiamento da Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul – SEDAC/RS (Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS), através dos recursos descentralizados da Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022, Lei Paulo Gustavo (LPG). A equipe principal conta, além de Ingrid e Cristiano, com o também Mestre em Arquitetura Jorge Luís Stocker Jr., a fotógrafa Cristânia Kramatschek, o cineasta Alexandre Derlam e a publicitária Gabriela Michels.