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Saiba o que fazer ao encontrar um morcego em sua residência

31/01/2024 - 15h57min

Ivoti – A entrada acidental de morcegos em residências pode ser comum nas áreas urbanas. E essa visita inesperada ocorre principalmente na primavera e no verão, período de reprodução e de crescimento dos filhotes. Mas apesar de serem temidos por muitos e associados a doenças e mitos, esses mamíferos são animais da fauna brasileira e com grande relevância para o meio ambiente no controle de insetos, polinização e dispersão de sementes.

Por conta disso, a Secretária Municipal de Meio Ambiente tem orientado sobre alguns cuidados que devem ser tomados ao encontrar com esses animais. De acordo com a bióloga e licenciadora da secretaria, Sarah Peixe, é muito comum os encontros com morcegos serem no período do alvorecer ou entardecer. Isso ocorre porque é neste período em que há uma maior disponibilidade de alimento para a maior parte das espécies: os insetos.

Em geral, os morcegos são guiados pelo seu sonar usando pouco a sua visão. Porém, por vezes, sem intenção, acabam entrando em janelas, chaminés e outros ambientes habitacionais por engano, e são nesses momentos que ocorrem os encontros com humanos. “Os morcegos podem passar por frestas de até 1 centímetro”, garante ela.

Forros de edificações, dutos de ventilação e tubulação de chaminés são alguns dos locais que servem de abrigo para os morcegos nas cidades. Isso porque é nesses ambientes que eles encontram condições de temperatura, umidade e luminosidade semelhantes à de cavernas, frestas em rochas ou copas de árvores, seu habitat, como explica Sarah.

“Esta condição de habitação, pode proporcionar outra doença ligada ao morcego: a histoplasmose. Esta doença é causada pelo esporo de um fungo que surge nas fezes concentradas do morcego e de pássaros, como o pombo doméstico. Ao ser aspirado, este fungo causa essa doença respiratória que demanda um longo tratamento até a cura”, alerta a bióloga. Caso ocorra a ocupação de morcegos em forros ou frestas de residências, a orientação é que seja feito o procedimento de desalojamento dos animais, que deve ser realizado por uma empresa especializada e contratada pelo proprietário do imóvel.

Em caso de encontros acidentais com morcegos em residências, a bióloga recomenda que o morador siga os seguintes passos:

– Lance um pano sobre o animal;

– Com o auxílio de uma vassoura ou semelhante, coloque-o com cuidado dentro de uma caixa de papelão, lata ou outro recipiente;

– Não se esqueça de fazer pequenos furos para ventilação; 

– Não coloque álcool ou qualquer outro tipo de líquido conservante no recipiente;

– Nos casos de contato com o morcego, limpe o local com água e sabão e procure orientação junto ao serviço de saúde de sua cidade se foi ferido/mordido pelo animal.

– É necessário ainda evitar que os animais de estimação tenham contato com o morcego e manter em dia a vacinação antirrábica anual em cães e gatos.

– Não capture animais com as mãos, pois a mordida como defesa é inevitável. Use sempre luvas, máscaras, botas de borracha. Como qualquer mamífero selvagem, existem doenças silvestres que podem ser transmitidas aos humanos.

Nem todo morcego se alimenta de sangue

Do total de espécies de morcegos catalogadas no país, 40 são registradas no Rio Grande do Sul. Segundo a bióloga, diferente do que se pensa, nem todas as espécies são hematófagas, ou seja, que se alimentam de sangue.

Conforme ela, das 40 espécies catalogadas no Estado, 11 são nectarívoras-polinívoras (se alimentam do néctar e do pólen das plantas), outras são frugívoras (frutos), uma é piscívora-insetívora (pequenos peixes e insetos) e 27 são exclusivamente insetívoras (comem apenas insetos, como mosquitos, aranhas, lacraias, baratas, traças, escorpiões, entre outros). Existem apenas duas espécies hematófaga no Rio Grande do Sul.

Na região, Sarah detalha que há, apenas, quatro espécies mais comuns, sendo elas Tadarida brasiliensis, Molossus molossus, Molossus rufus (todas insetívoras) e Artibeus lituratus (come frutos e folhas). “Não há razão para preocupação da população com relação a mordeduras, visto que os morcegos hematófaga se alimentam de sangue de herbívoros como vacas, cavalos, aves silvestres e galinhas. Entretanto, a espécie Artibeus lituratus costuma assustar as pessoas por causa de seus voos rasantes e em bandos, que causam a sensação de uma perseguição antes do ataque”, explica ela.

Entre as curiosidades, Sarah cita que os morcegos fazem a polinização de flores brancas perfumadas e que abrem no período noturno, como por exemplo Jasmins. Sem os morcegos, a polinização destas flores fica prejudicada.

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