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SANTA MARIA DO HERVAL: tudo começou entre 1835 e 1838, em Morro dos Bugres Baixo

14/05/2024 - 05h15min

Primeira Capela de Morro dos Bugres Baixo, em meados de 1849, sendo o primeiro povoado de Santa Maria do Herval (FOTOS: Acervo Museu Prof. Laurindo Vier )

Santa Maria do Herval | A vinda dos primeiros imigrantes alemães ao município de Santa Maria do Herval ocorreu entre 1835 à 1838. Oriundos das velhas colônias e outros de levas recentes, eram naturais da região do Hunsrück na Alemanha. Anos após vieram também os imigrantes italianos, dirigindo-se a localidades como Nova Renânia.

A colonização iniciou pela localidade de Morro dos Bugres, que na época fazia parte da grande São Leopoldo, integrando o distrito de Dois Irmãos, e hoje é uma localidade de Santa Maria do Herval.

Dedicavam-se estes colonos ao cultivo da terra, desbravando as matas e abrindo roçadas, onde plantavam cevada, trigo, centeio, fumo, milho e feijão.

Estes primeiros colonos passaram por muitas dificuldades, pois o terreno era montanhoso, tiveram que lutar contra animais ferozes que habitavam a região e isolados do restante, a maioria das vezes sem nenhuma assistência disponível.

VIERAM DE BUCH – O QUE DEU NOME AO BUCHERBERG, ONDE SE INSTALARAM

Os primeiros imigrantes vieram da cidade de Buch, na Alemanha, e denominaram o morro onde se estabeleceram de então Bucherberg (Berg: morro, o morro dos imigrantes de Buch) sendo este o primeiro nome, em alemão, e mais tarde em português como Morro dos Bugres. Vieram também outros imigrantes alemães como Dapper, Naumann, Kaefer, Mallmann, Kasper, Weber, Schneider, Bender, Knorst, Wiest, Hartmann, Müsnich, entre outros.

Em 1849, em Morro dos Bugres foi construída a primeira capela, escola e cemitério de Santa Maria do Herval. Esta capela servia a três comunidades: Jammerthal (Picada Café), Walachai (Morro Reuter) e Bucherberg (Morro dos Bugres, Santa Maria do Herval). Foram 40 famílias que iniciaram esta construção. Nicolau Weber e sua esposa doaram 50 braças de suas terras para a construção da capela, escola e cemitério.

Nicolau Müssnich foi escolhido como professor do Morro dos Bugres, ele também foi o primeiro professor comunitário do município de Santa Maria do Herval. A escola comunitária mais próxima na época ficava em Dois Irmãos, numa distância hoje de 15km.

A LEVA DE COLONOS QUE POVOARAM O TERRITÓRIO

A primeira tentativa de colonizar a Linha Herval (região da atual sede municipal)  ocorreu por volta de 1844. Aproximadamente dez anos mais tarde, a partir de 1853 chega a leva pioneira ao Herval: em 19 de fevereiro de 1953 o Aviso do Ministério dos Negócios do Império que encaminha uma leva de 55 novos colonos alemães à Província do Rio Grande de São Pedro.

Certamente em decorrência dessas ordens remetidas da capital do Império, a leva de 1853 chegou a São Leopoldo sob a recomendação do elucidativo ofício do Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, o Barão de Sinimbu.

Após a chegada do grupo dos primeiros 55 povoadores, rapidamente o Herval foi sendo ocupado. Várias famílias de áreas coloniais mais antigas, em especial de Dois Irmãos, vieram estabelecer-se no local. Cumpria-se desse modo, o propósito das autoridades provinciais de povoar aquele espaço longínquo, cujas terras, como bem frisou o Presidente da Província em seu relatório de 1854:“ São as mais remotas”.

O COMEÇO DAS FAMÍLIAS NA FERRARIA

Muito significativo para corroborar esse fato foi o afluxo de doze famílias imigrantes, todas católicas, enviadas ao Herval em 1854. Nove delas estão enumeradas no texto de Anna Wagner, que foi publicado no calendário Familienfreund, no ano de 1928, que a elas se refere como “Os primeiros católicos detrás do Herval”: 

  • Peter Vier, vindo de Biebern, faleceu no Herval em 1910;

  • Theodor Kröetz, de Merl, no Mosela, faleceu no Herval em 1882;

  • Johann Wagner, de Weisskirch, Renânia, faleceu no Herval em 1888;

  • Dionysius Eich, de Koblenz, faleceu no Herval em 1868;

  • Johann Zimmer, de Buch, faleceu no Herval em 1888;

  • Nicolaus Seger, de Merzig, Renânia, faleceu no Herval em 1889;

  • Jacob Schneck, de Koblenz, faleceu no Herval em 1874;

  • Michael Dessoy, de Kreuznach, faleceu no Herval em 1872;

  • Michael Kolling, de Weisskirch, imigrou em 1856 e faleceu em São Salvador em 1887;

  • Johann Peter Gabriel, de Leipzig;

  • Peter Horbach;

  • Nicolau Seger;

Estes colonos, todos católicos, começaram sua vida comunitária onde hoje se localiza a Vila Ferraria. Lá onstruíram a primeira capela, escola e cemitério. Esta obra foi iniciada em 1860 pelas 12 famílias com poucos recursos, compraram uma área de terras do colono Peter Vier. A capela, escola e cemitério foram inaugurados em 20 de julho de 1862 pelo reverendo padre Joseph Franz Hagg S.J., sob o título de Nossa Senhora Auxiliadora. (Maria Helferin der Crhristen von Pikade Teeewald- Maria  Auxiliadora dos Cristãos da Picada Herval).

A DESTRUIÇÃO DA CAPELA

Por volta de 1908, abateu-se sobre o Herval uma terrível tempestade, com muitos ventos fortes, deixando um rastro de destruição. A tempestade acabou atingindo a pequena capelinha construída pelos imigrantes, os ventos arrancaram a torre com o sino e foram jogados no outro lado do arroio. Como a estrutura foi parcialmente destruída, sua reforma era quase impossível.

O QUE CONHECEMOS HOJE SE DESENVOLVEU AO REDOR DA NOVA IGREJA

 

Herval em 4 de setembro de 1928. Ao fundo, a Igreja Matriz

 

Naquela época, a parte perto do rio Cadeia (atual centro) era mais desenvolvida, as terras eram mais planas, já tinha um grande número de casas, havia o moinho Krupp e a casa comercial de Gothard Fleck, já existia ponte de madeira sobre o rio Cadeia e já existia uma estrada razoável, construída pelo município de São Leopoldo.

Foi a primeira estrada municipal e teve, em muitos lugares, seu trajeto modificado e que saía de Boa Vista do Herval e ia até Sapiranga. Seu principal objetivo era o escoamento da grande produção agrícola da região. Dessa forma os moradores resolveram, em votação, construir uma nova capela totalmente em alvenaria, em outro local mais perto do rio Cadeia, onde o espaço físico era melhor para a nova capela e o cemitério e porque ali já existia um pequeno núcleo residencial, e assim, a sede de Santa Maria do Herval foi se desenvolvendo, assim como todas as demais comunidades arredores.

EVOLUÇÃO ADMINISTRATIVA:

-Em 31/10/1912, a Câmara Municipal de São Leopoldo criou o 8º Distrito, com sede em Boa Vista do Herval e instalação da Sub-Prefeitura. No ano de 1935 a denominação do 8º Distrito passou a ser Padre Eterno. No entanto, a Sub-Prefeitura permaneceu ocupando as mesmas instalações em Boa Vista do Herval.

– Na data de 01/03/1950, a sede do 8º Distrito de São Leopoldo foi transferida para a atual sede do município, passando a denominar-se Santa Maria do Herval.

-No ano de 1958 Dois Irmãos emancipou-se de São Leopoldo e o Herval passou a fazer parte dessa unidade política, sendo o 3º Distrito de Dois Irmãos.

-Em 1988 aconteceu o movimento emancipacionista e Santa Maria do Herval também se torna município autônomo através do decreto de Lei N° 8634, de 12 de maio de 1988, assinado pelo então governador do Estado o Sr. Pedro Simon e desmembrando-se de Dois Irmãos.

Atuais Localidades de Santa Maria do Herval:

  • Centro

  • Boa Vista do Herval ( ou Speckhof)

  • Baixo Morro dos Bugres ( ou Bucherberg)

  • Alto Morro dos Bugres

  • Vila Seger

  • Vila Ferraria

  • Linha Marcondes

  • Canto Becker

  • Nova Renânia ( ou Rheinland)

  • Alto Padre Eterno

  • Padre Eterno Baixo

  • Padre Eterno Ilges

  • Vila Kunst

  • Vila Nova

  • Bairro Amizade

  • Morro Closs

  • Aparecida

DADOS GERAIS:

  •  Nome: Santa Maria do Herval

  • Gentílico: Hervalense

  • Área Territorial: 140,437 km² ( IBGE 2022)

  • População: 6.340 ( IBGE 2022)

  • Densidade Demográfica: 45,14 hab/km² (IBGE 2022)

  • Altitude: 430m à 800m

  • Municípios Limítrofes: Gramado, Nova Petrópolis, Picada Café, Morro Reuter, Nova Hartz, Igrejinha, Três Coroas. 

  • Distância da Capital: 75 km

  • Vias de acesso: BR 116 (via VRS 873) e RS 115 (via VRS 373)

  • Base da Economia: Agricultura, Indústrias de Calçados e Comércio.

  • Produção agrícola/ pecuária: Acácia negra, batata, feijão, milho, olericultura (verduras), fruticultura, aviários, leite, ovos, abate de bovinos e suínos.

 

* Fonte: Site do Município e Livro “No coração verde da mata virgem, Teewald- Santa Maria do Herval”

 

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