Região
Santa Maria do Herval vai decretar situação de emergência por estragos da enxurrada
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – Depois da forte chuva que atingiu o município – causando uma enxurrada sem precedentes entre sexta-feira (17) e sábado (18) –, agora é hora de muito trabalho para, aos poucos, tentar voltar à normalidade.
De acordo com a prefeita Mara Stoffel será decretada situação de emergência. “Estamos trabalhando, os acessos e as ruas principais são prioridades”, explicou.
RIO LOCH
Na tarde de ontem o vice-prefeito e secretário e Obras, Gilnei Capeletti, informou que estão trabalhando para liberar os últimos acessos, principalmente na região de Morro dos Bugres. Lá a estrada do Rio Loch foi destruída e, por ora, não há previsão de quanto a situação será resolvida. Trata-se de uma via importante para os moradores locais, sendo um acesso crucial para a localidade de Jammerthal, Picada Café. “Não sei se um dia ainda vai ter rua ali. Vai ser difícil”.
PONTE
O município vizinho, Morro Reuter, ficou encarregado da manutenção da ponte do Rio Loch. Conforme a prefeita Carla Chamorro a estrutura teve um deslocamento. “É mais grave do que nós imaginávamos e estamos aguardando a avaliação de um engenheiro. Então ela não vai ser liberada hoje”.
Morte de mãe e filha
“Eles correram, e Elisabeta voltou para salvar Ledwina”
Luceu e Anivo Linke moram na Linha Marcondes Baixa. Eram vizinhos de Ledwina Lehnen, 86 anos, e sua filha Elisabeta Maria Benisch Ponath, 51, que morreram soterradas.
Um barranco que fica atrás da residência das vítimas desmoronou, destruindo a casa em questão de segundos.
“Foi 11h30, 12h. Pela água que acumulou na madrugada e manhã”, disseram. “Eles correram, e Elisabeta voltou para salvar Ledwina. Tudo desabou em cima delas. Os corpos foram encontrados lá no fundo.”
O marido de Elisabeta, Olavo, e a filha Débora, conseguiram se salvar.
“Eram pessoas boas, sempre trabalharam muito”, lembram. A despedida aconteceu no domingo de tarde, na Marcondes.
Prejuízo enorme em fábrica de chocolates
Um desmoronamento também afetou o novo prédio da fábrica da Chocolates Cristiane, em Alto Morro dos Bugres. O barranco atingiu a parte de trás da estrutura, derrubando paredes e pilares.
Equipamentos não foram afetados, mas perderam parde da mercadoria armazenada. O pior foi a estrutura. “Se eu conseguir aproveitar de novo vai dar um prejuízo de uns R$ 300 mil; se não, vai ser mais de R$ 600 mil que já investi”, lamentou o empresário Diego Arnold.
“Entrei, peguei o filho nos braços e levei para um lugar seguro no vizinho”
Na Vila Ferraria também fez muitos estragos. Adelar Sidegum contou que já era tarde e estava na cama, acompanhando as atualizações do Diário pelo site sobre os alagamentos que estavam acontecendo na cidade, no bairro Amizade.
“Eu estava na cama e acompanhando. Mas chovia e chovia. Daqui a pouco levantei e disse, vou ter que ir lá em baixo no porão que as calhas e bocas de lobo provavelmente não estão conseguindo levar a água embora. Quando sai só deu tempo de erguer a motosserra e roçadeira, e quando voltei não tinha mais como. Entrei, peguei o filho nos braços e levei para um lugar seguro no vizinho. E comecei a vir e tentar amenizar aqui mas não ninha muito o que fazer. Estou com os pés tudo cortado, espinhos, estava sem calçado.”
Os prejuízos maiores foram na parte externa, derrubando um muro. “Vizinhos me ajudaram a erguer freezer, geladeira, máquina de lavar. Consegui conter a água com tábuas ao redor das portas e tapetes. Aí entrou mais um lodo, água não foi tanto. Perda dentro de casa, tem sofá que molhou, que vou lavar. Perdas dentro de casa não foi tanto. Para mim mais foi a perda do lado de fora. E o desespero, não foi fácil.”