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Região

Trump impõe tarifa de 50 % sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto

09/07/2025 - 18h29min

FOTO: Reprodução Redes Sociais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) a aplicação de uma tarifa de 50% sobre qualquer produto brasileiro que entre no mercado norte-americano a partir de 1.º de agosto. A sobretaxa, comunicada em carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada nas redes sociais de Trump, incide sobre todas as mercadorias — inclusive aquelas já sujeitas a cotas ou tarifas setoriais — e prevê a mesma alíquota para carga transbordada em terceiros países.

Na mensagem, Trump justifica a decisão como resposta a uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente julgado por tentativa de golpe, e a supostas “ordens de censura secretas e ilegais” emitidas pelo Supremo Tribunal Federal contra plataformas americanas. Ele também classifica a relação comercial com o Brasil como “muito injusta” e ordena ao representante de comércio dos EUA que abra investigação sob a Seção 301 contra práticas brasileiras consideradas desleais.

A equipe econômica brasileira ainda não divulgou contramedidas, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vinha afirmando que monitora “o grau de incerteza” das declarações norte-americanas e que negocia para evitar maiores sanções. Já o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Brasília para pedir explicações sobre recentes pronunciamentos da Casa Branca em defesa de Bolsonaro, num gesto que acirrou a tensão diplomática justamente no dia do anúncio tarifário.

Impacto imediato nos mercados
A sinalização de encarecimento das exportações fez o dólar futuro para agosto saltar 1,7%, para R$ 5,58, enquanto o Ibovespa futuro recuava mais de 2%. Papéis de empresas com forte presença nos EUA — como siderurgia, aeroespacial e produtores de celulose — lideraram as perdas.

Setores mais expostos
Petróleo bruto, semimanufaturados de aço, aeronaves e componentes, celulose, café verde e suco de laranja estão entre os principais itens brasileiros vendidos aos EUA e agora enfrentarão um custo adicional de 50%. Analistas alertam para pressão sobre margens e possível redirecionamento de embarques para a China e a União Europeia.

Escalada tarifária
O tarifaço coroa uma sequência de aumentos iniciada em fevereiro, quando Trump restaurou alíquotas de 25% sobre aço e 10% sobre alumínio brasileiros. Em abril, o Brasil já havia sido incluído num “piso global” de 10% que serviu de ameaça a dezenas de países; agora, a alíquota quintuplica em meio à deterioração política provocada pelo processo contra Bolsonaro e pela adesão brasileira ao bloco BRICS.

Próximos passos
O governo brasileiro estuda acionar a Organização Mundial do Comércio e avaliar retaliações “espelho” sobre importações dos EUA, como etanol e milho. Diplomatas tentam manter canais abertos para uma solução negociada antes que a tarifa entre em vigor. Enquanto isso, empresas exportadoras correm para recalcular contratos e rever rotas logísticas diante da maior barreira comercial imposta pelos EUA ao Brasil desde 2018.

Caso não haja recuo, o novo imposto adicionará uma camada de incerteza à já volátil relação bilateral e poderá redefinir fluxos de comércio em setores estratégicos para a economia brasileira.

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