Cadernos
Um dos primeiros secadores de milho de Santa Maria do Herval
Dedicação desde 1998
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval | Um dos principais produtos do setor primário do município, hoje, é o milho. Apesar dos revezes do clima e do mercado nos últimos anos, continua sendo o grão a impulsionar o crescimento da economia gerando um retorno significativo de ICMS para o Teewald: quase 60%.
No contexto histórico os agricultores sempre investiram no cultivo, desde pequenas roças até propriedades maiores. Nos últimos anos elas se avolumaram diante da ampliação no número de aviários, tanto na cidade, como em toda a região – levando a um aumento significativo na demanda e, consequentemente, da produção.
Fazendo parte desta trajetória, na localidade de Nova Renânia está localizado um dos primeiros secadores de milho do município – na Rua da Cascata. Ele é de Armando José Schmitz, 68 anos, e sua esposa Clelia Caliari Schmitz, 63.
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Armando conta que começaram a trabalhar nisso através de uma sociedade em 1998. “Vinha gente de tudo que é lugar, tanto da Renânia, parte de Gramado, e também da região de Boa Vista e arredores”, explica. Sempre tiveram muita demanda.
Os anos foram se passando e Armando resolveu comprar a sociedade e trabalhar por conta. Assim, há cerca de 13 anos, instalou seu secador ao lado da casa onde mora.
Investiu em uma estrutura ampla, com um galpão de madeira grande e espaçoso para fazer todo o processo, desde a descarga até o momento em que o produtor volta para buscar seus milhos.
Prioridade
Eles também plantam suas próprias lavouras de milho. Mas a maior demanda do casal é justamente atuar na secagem. “Hoje tem mais secadores por aí, muitos têm seus próprios, mas, ainda assim, tem muito serviço, principalmente nesta época de colheita”, explica Armando.
Tudo começa com um chimarrão já na madrugada
O forte é agora, entre os meses de março e junho, quando é realizada a colheita do milho em grão. Neste período o trabalho dos dois é intenso. “Já começamos depois das cinco. Ligo o fogo, faço o chimarrão e ficamos por aqui trabalhando o dia inteiro”, conta Armando.
Até montaram uma cozinha ao lado do secador onde passam as diversas horas do dia. Clélia sempre ajudava muito, porém, por conta da sua condição de saúde (uma arritmia cardíaca), teve que fazer mais devagar. “Agora fico cuidando do fogo.” Mesmo assim ela está sempre presente.
Armando explica que quando os produtores chegam, os milhos são colocados em uma caixa e, de lá, ‘sugados’ para o depósito onde acontece o processo. Com o ar quente que vem do forno acontece a secagem de baixo para cima e, depois, quando pronto, a mesma máquina puxa o ar frio para o resfriamento. Em seguida tudo é ensacado.
“Muitos que tem secador usam um equipamento para verificar se o milho está seco, um termômetro. Eu não, verifico com a mão mesmo. Não fico revirando ele. Se está seco por cima é sinal que todo o milho está pronto. Pode pedir, nunca saiu milho úmido daqui”, exemplifica.
E ainda bem que a maioria dos milhos vem quando começa a ficar friozinho. “Porque ficar do lado do fogo durante o verão não é fácil”, brinca.
O tempo da secagem varia de acordo com a quantidade e também a demanda. “Sempre no seu tempo.”
Tudo é praticamente original da primeira secadora que tinham ainda em sociedade. Mas investiram na construção de um forno com tijolos pois, o de metal, estragava muito facilmente. Também sempre é preciso um grande estoque de lenha.
Compromisso
Questionado se gosta do que faz, não esconde que o serviço é pesado. “É um compromisso.”
Mas ao mesmo tempo afirma que se identifica com o trabalho que faz há tanto tempo. “Acaba se tornando um passatempo.”