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Região

“Vamos tornar o Rio Grande mais forte e preparado para o futuro”, diz governador Eduardo Leite

09/05/2025 - 19h32min

Um ano após a maior tragédia climática da história recente do Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite afirma que o Estado está mais preparado para enfrentar eventos extremos no futuro. Em entrevista à Associação dos Grupos Regionais de Comunicação (ADI Multimídia), concedida em Porto Alegre, o chefe do Executivo gaúcho apresentou as principais ações do Plano Rio Grande, criado para guiar a reconstrução das áreas atingidas, fortalecer a infraestrutura e investir em prevenção.

“Vamos tornar o Rio Grande ainda mais forte e preparado para o futuro”, declarou Leite, destacando que as medidas vão desde auxílio emergencial até obras estruturais e programas de apoio ao campo.

Reconstrução e resposta rápida
O governador destacou que o Plano Rio Grande, disponível no site oficial planoriogrande.rs.gov.br, tem três eixos: resgate de vidas, ações emergenciais e reconstrução. Entre os destaques está o programa Volta por Cima, que distribuiu R$ 250 milhões a famílias atingidas, com R$ 2,5 mil por núcleo familiar.

Na infraestrutura, o Estado investe mais de R\$ 1 bilhão em ações como o Desassorear RS, com R$ 300 milhões em maquinário para desobstrução de rios e R$ 700 milhões destinados à dragagem das hidrovias. As estradas também receberam atenção especial: 94% da malha estadual foi liberada para o tráfego, e já estão contratados 15 lotes de recomposição de rodovias, número que deve ultrapassar 20 em breve, com previsão de R\$ 2 bilhões em obras.

A ponte entre Lajeado e Arroio do Meio foi reconstruída em apenas sete meses, um exemplo citado por Leite como resposta ágil. “Não se trata de tapa-buraco, mas de refazer rodovias inteiras, tornando-as mais resilientes”, afirmou.

Moradias e planejamento urbano
A reconstrução também inclui soluções habitacionais. Moradias definitivas já começaram a ser erguidas em cidades como Santa Tereza e Encantado. Moradias provisórias permitiram o fechamento da maioria dos abrigos. Segundo Leite, o governo trabalha com municípios para adquirir áreas e viabilizar projetos que envolvem desde desapropriações até urbanização de novos espaços seguros.

Além disso, foi contratada a Univates para revisar os planos diretores de cidades do Vale do Taquari, orientando o desenvolvimento urbano para áreas menos vulneráveis. “Nem sempre a resposta é erguer um dique. Às vezes, é mudar o uso do solo, transformar áreas de risco em parques que ajudem a desacelerar a enxurrada”, explicou.

Investimentos em prevenção
Na prevenção, o foco é ampliar a capacidade de alerta e resposta. O Estado contratou seu primeiro radar meteorológico próprio e prevê mais três. Estações hidrometeorológicas estão sendo reformadas e serviços de batimetria e modelagem hidrodinâmica contratados.

Com essas ferramentas, será possível emitir alertas mais precisos e antecipar impactos. “Vamos ter um sistema de alertas que combina leitura das chuvas, topografia e comportamento dos rios. É um salto de qualidade”, disse.

Além disso, estão sendo adquiridos helicópteros, viaturas, botes e outros equipamentos para Defesa Civil, Brigada Militar e Corpo de Bombeiros, com o objetivo de garantir capacidade de resposta própria.

Apoio ao campo e combate à estiagem

Para enfrentar os efeitos da estiagem, o governo estadual flexibilizou licenciamentos ambientais para irrigação e transferiu aos municípios a competência para liberar pequenos açudes e barragens. O programa Irriga Mais subsidia até R\$ 100 mil em projetos de irrigação por propriedade.

A Assembleia Legislativa aprovou recentemente o Programa de Recuperação Socioprodutiva, Ambiental e de Resiliência Climática da Agricultura Familiar Gaúcha, que fornecerá cerca de R\$ 30 mil em insumos a milhares de produtores. “Estamos fazendo o que é possível no âmbito estadual, mas também buscamos que a União repactue dívidas e ajude o setor a se recuperar”, reforçou o governador.

Concessões e o futuro da malha rodoviária

Leite também defendeu a concessão de rodovias à iniciativa privada como estratégia para atrair investimentos e garantir manutenção adequada. No Bloco 2 de concessões, que abrange o Vale do Taquari e a região Norte, estão previstos R\$ 7 bilhões em obras, incluindo mais de 240 quilômetros de duplicações.

Para reduzir o impacto nas tarifas, o governo estuda alternativas. “Já garantimos que a tarifa projetada de 23 centavos será menor. Estamos ajustando cronogramas e prevendo aportes fixos para reduzir esse valor”, afirmou.

O governador criticou a desinformação sobre o tema: “Concessão não é sobre pedágio, é sobre segurança, investimentos, serviços. Quem distorce isso quer fazer política com fake news.”

O que ainda está por vir
Com um ano e meio de mandato pela frente, Eduardo Leite destaca que ainda há muito a fazer. Após liderar a Reforma da Previdência em seu primeiro mandato e eleger a educação como prioridade no segundo, ele agora foca na reconstrução e na modernização do Estado frente aos desafios climáticos. “Sou feliz pelo que conseguimos fazer, mesmo com todas as adversidades. Mas ainda temos uma longa jornada pela frente.”

Com ações voltadas tanto à recuperação quanto à prevenção, Leite aposta na articulação entre governos, prefeituras e sociedade civil para construir um Rio Grande do Sul mais preparado para os desafios do futuro.

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