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Rio Grande do Sul recupera 37,7% das vagas formais perdidas na pandemia

07/12/2020 - 07h49min

Atualizada em 07/12/2020 - 07h50min

(Foto: Pixabay/Reprodução)

Rio Grande do Sul – O estado recuperou quase 40% das vagas de trabalho formal perdidas durante a pandemia. Em intervalo de quatro meses, de julho a outubro, o Estado criou 51,1 mil empregos com carteira assinada. O resultado ocorreu após a destruição de 135,4 mil postos nos quatro meses anteriores, de março a junho. Ou seja, a parcela de 37,7% já foi retomada. O desempenho reforça os sinais de alívio, mas não elimina todas as incertezas do radar. Nas últimas semanas, os gaúchos amargaram novo aumento nos casos de coronavírus, o que provocou restrições no horário de funcionamento de empresas. O temor de economistas é de que a piora na pandemia possa frear a reação no mercado de trabalho.

Para chegar ao percentual de vagas já recuperadas, foram comparadas estatísticas do Caged, o cadastro de empregos formais do Ministério da Economia. Os dados ainda estão sujeitos a ajustes, porque empresas podem atrasar o repasse das informações ao governo. Os números contemplam o saldo de vagas. Esse indicador corresponde à diferença entre contratações e demissões.

Isso significa que, de março a junho, quando o mercado de trabalho ficou no vermelho, os cortes superaram as admissões em 135,4 mil contratos. O saldo é maior do que a população de um município como Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo (131,4 mil habitantes).

Passado o efeito inicial da crise, o Estado voltou a ter desempenho positivo em julho: acumulou, até outubro, 51,1 mil contratações a mais do que demissões. A marca supera a população de Estância Velha, no Vale do Sinos (50,7 mil).

– O estrago da crise foi grande. Ainda temos de percorrer muito chão. Com a reabertura da economia, o número de admitidos começou a crescer lentamente. Já o total de desligados ficou em nível mais baixo, o que pode ser atribuído a políticas do governo para preservação de empregos – explica o economista Guilherme Stein, professor da Unisinos.

Os dados do Caged indicam que o país também coleciona sinais de melhora na geração de vagas formais. De julho a outubro, o Brasil criou quase 1,09 milhão de postos com carteira assinada. O número indica recuperação de 68,1% dos empregos fechados entre março e junho. Nesse intervalo, houve perda de 1,6 milhão de contratos. O saldo é superior à população de Porto Alegre – cerca de 1,5 milhão de habitantes.

Professor da PUCRS, o economista Gustavo Inácio de Moraes ressalta que a velocidade de reação nos próximos meses dependerá, em parte, do comportamento da covid-19. Por isso, destaca a importância de a população respeitar medidas sanitárias, na tentativa de frear os casos de coronavírus e seus efeitos na economia. Moraes também chama atenção para o possível término, em 2021, de medidas de estímulo aos negócios, incluindo o auxílio emergencial:

– Seguimos condicionados ao vírus. Aí entra a responsabilidade da população para evitar um desastre ainda maior. O cenário para a economia tem sido abrandado pelo auxílio emergencial, mas não se sabe até o momento se será financiado no próximo ano.

Em outubro, mês mais recente com dados disponíveis, o Rio Grande do Sul criou 27 mil empregos formais. O saldo foi o maior para o período desde o início da série histórica do Caged. Há estatísticas disponíveis a partir de 1992.

Professor da Unisinos, o economista Marcos Lélis diz que, mesmo com os avanços recentes, o Estado não deve recuperar até o final de 2020 todas as vagas destruídas na pandemia. Na visão do professor, a retomada tende a seguir em nível lento ao longo de 2021, com a provável perda de fôlego de medidas de estímulo. Em períodos de crise, o mercado de trabalho costuma ser uma das últimas variáveis a reagir.

– Ainda temos de recuperar cerca de 60% dos empregos fechados durante a pandemia. Não vamos zerar a conta até o final do ano – afirma Lélis.

Construção na frente

A construção é o setor que saiu na frente para reparar os danos gerados pela covid-19 no Rio Grande do Sul. De julho a outubro, o segmento criou quase 5,5 mil empregos com carteira assinada, aponta o Caged. O saldo equivale a 93,3% das vagas fechadas pelo setor no início da pandemia. De março a junho, a construção havia perdido 5,8 mil postos.

As empresas do ramo têm sido beneficiadas pela procura por imóveis residenciais em meio ao período de distanciamento social e home office. O juro básico no menor nível histórico acaba estimulando a demanda, já que, em tese, as condições de financiamento ficam mais atrativas.

A indústria responde pelo segundo maior percentual de empregos recuperados. De julho a outubro, foram 22,9 mil vagas no Rio Grande do Sul. O saldo corresponde a 52,8% dos postos perdidos nos quatro meses iniciais da covid-19 (quase 43,4 mil). Em seguida, aparece o comércio. O setor retomou 45,4% das vagas destruídas no começo da pandemia.

Na outra ponta da lista, a agropecuária tem o menor percentual de empregos recuperados: 8,6%. Contudo, há questões sazonais que impactam o resultado no campo. O outro setor pesquisado, o de serviços, teve melhora em outubro, mas ainda está longe de superar os prejuízos da pandemia. Considerado o motor da economia, o segmento gerou 6,6 mil vagas formais de julho a outubro – o equivalente a 14,7% dos 44,9 mil contratos encerrados na fase inicial da covid-19.

– A construção quase zerou a conta das perdas. É que, durante a pandemia, não chegou a parar da mesma forma que comércio e serviços, que tiveram dificuldade maior. Se houver aumento nas restrições a atividades, a situação tende a bater mais em setores como o de serviços – pontua  Lélis.

* Com informações de Gaucha ZH

 

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