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Saiba os motivos da nova paralisação dos funcionários dos Correios
Região – A paralisação dos funcionários dos Correios pode impactar a Encosta da Serra. A decisão, em caráter nacional, foi tomada em assembleia na noite de segunda-feira. Conforme os sindicatos representativos da categoria, houve retirada de direitos por parte do governo federal. A pandemia ainda potencializou a intenção de paralisar.
“A empresa precisa garantir o que foi decidido na Justiça, como o dissídio aprovado para a categoria”, afirma o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Correios do RS (Sintect-RS) e da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect), Evandro Leonir, que reúne cerca de 5.500 funcionários gaúchos. Conforme ele, também outras demandas não teriam sido cumpridas.
Segundo Leonir, 70% dos trabalhadores do Centro de Distribuição de Campo Bom testaram positivo para a Covid-19. “A empresa não se dispôs a realizar a testagem, e apenas por pressão da imprensa e da Vigilância Sanitária municipal, isto pôde ser feito”. As pessoas que tiveram contato com eles teriam sido mantidas nos postos de trabalho.
Com isso, os casos confirmados foram afastados, porém, para suprir a demanda, foram realocados trabalhadores de outros locais, como Ivoti, Dois Irmãos e Novo Hamburgo. “Queremos abrir negociação com a empresa e não tentar atacar trabalhadores neste momento tão difícil em que o sistema de saúde está enfraquecido”.
Outra demanda não cumprida é o pagamento do dissídio, que havia sido aprovado no Tribunal Superior do Trabalho (TST), porém, uma liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o pagamento. “Não temos acordo coletivo desde 1º de agosto, algo que há 30 anos não havia sido feito”, comenta Leonir.
Desde 2011 não é realizado concurso público nos Correios, o que tem sobrecarregado alguns trabalhadores. Estima-se que a carga de trabalho tenha aumentado em 20%, sobretudo em razão da pandemia e a quarentena, que aumentaram as vendas no comércio eletrônico. “A empresa não gastou um real para cuidar da saúde dos trabalhadores”.
O que dizem os Correios
O Diário contatou as agências dos seus quatro maiores municípios de cobertura, em diferentes horários no dia de ontem. Em Ivoti, Estância Velha e Nova Petrópolis, ninguém atendeu, porém, a agência de Ivoti estava aberta e havia veículos da empresa em frente. Até o fechamento desta reportagem, a assessoria dos Correios não havia respondido ao nosso pedido de manifestação.
Em nota no site, porém, os Correios afirmam que a paralisação não afeta os serviços de atendimentos da estatal. Levantamento parcial da empresa mostrava que 83% do efetivo total no País está trabalhando regularmente. A rede de atendimento está aberta e serviços como Sedex e PAC continuam sendo postados e entregues em todos os municípios.
Sobre as reivindicações dos sindicatos, os Correios dizem que as propostas são “impossíveis de ser atendidas”, já que custariam R$ 1 bilhão em um ano, 10 vezes o lucro obtido em 2019. “Nenhum direito foi retirado, apenas foram adequados os benefícios que extrapolavam a CLT e outras legislações”, diz a empresa na nota divulgada.